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Labirinto: entrevista com Erick Cruxen e Muriel Curi

Por Diego Camara
Fonte: Labirinto
Postado em 14 de dezembro de 2016

Erick Cruxen e Muriel Curi, guitarrista e baterista da banda LABIRINTO, nos receberam na Dissenso Records para um bom papo. Em seus 11 anos de carreira e dois discos lançados, a banda vem galgando seu espaço com uma espécie de post-metal carregado, firme e carregado de arte. Nesta entrevista, o casal falou um pouco sobre seu novo contrato com a Pelagic Records - gravadora renomada no gênero que conta com bandas como THE OCEAN, MONO e CULT OF LUNA - sobre como são os trabalhos de gravação, composição musical e composição da arte que é o Labirinto e falar um pouco conosco sobre seu próximo show, nesta sexta-feira (16/12) no SESC Belenzinho em São Paulo. Além disso, ainda revelou que Asmodeus não ficou nada contente com o uso de seu nome em uma de suas composições para o 'Gehenna'.

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Sobre o início dos contatos com a Pelagic Records para um contrato com a gravadora:

Muriel: foi algo inesperado para nós. Mostramos nosso novo disco 'Gehenna' no Overload Music Fest e começamos a conversar com pessoas na Europa, buscar parceiros para vender nosso disco por lá. Então, de repente, ocorreu o lance da Pelagic. Eles estão começando a trabalhar o disco na Europa, soltando teasers. A ideia é fazer um lançamento por lá em fevereiro, com uma arte totalmente especial para o novo vinil.
Erick: Foi surpreendente mesmo, pois logo após [o Overload Music Fest] houve o Epic Metal Fest, que também foi trabalho da Overload. E neste festival veio tocar o The Ocean, que toca um som da mesma área que nós, como o povo gosta de chamar post-rock, metal. Então tivemos a oportunidade de conhecer o Robin [Staps, guitarrista do The Ocean], que é um dos sócios da Pelagic Records. No outro dia ele quis ver o ensaio da nossa banda, conhecer o som. O trouxemos até aqui, ele gostou bastante, ficou por muito tempo no ensaio, tirou umas fotos, nos fez perguntas sobre nosso trabalho, perguntou se não iríamos demorar mais 5 anos para lançar um novo disco (risos), e dissemos para ele: 'não, nós já começamos a juntar ideias para o próximo'. Então, diretamente do Equador, ele nos surpreendeu e enviou uma proposta de contrato para nós. Realmente não esperávamos, achamos que ele só iria ver nosso ensaio um pouco e então ir embora. Para nós foi bastante positivo, [a gravadora] tem a ver com várias bandas como o Mono, o Cult of Luna, que eu adoro, que significam muito para nós, e isso foi surpreendente por ser uma gravadora grande neste meio, e aqui no Brasil ninguém tem muito conhecimento das bandas deste nosso meio.

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Como foi a composição para o álbum 'Gehenna', de onde surgiram as ideias para compor o álbum?

Erick: O 'Gehenna' é o nosso segundo álbum completo. No primeiro álbum [Anatema] nós compomos as músicas de forma mais livre, sem um contexto nem uma ligação entre elas. Neste álbum tivemos a ideia de contar uma história, com um mote meio baseado no eterno retorno, em um som circular, que começa e termina da mesma maneira. Começamos a compor este disco e já vimos que ele ficaria mais pesado, mais denso que o Anatema, que tem um quê mais esperançoso. Isto refletiu nos nomes das músicas também, quando geramos as ideias delas. Normalmente associamos os nomes nesta temática que queríamos explorar as músicas – algumas até foram cortadas e os nomes ficaram – na ideia de um inferno pessoal, de auto conhecimento, experiência. Tanto que há músicas relacionadas à religião antiga, com proximidade do Oriente Médio, com mais características orientais. Só uma música foge um pouco deste ideia que é 'Aung Suu', que foi uma ativista da luta contra a ditadura na Birmânia [e vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991]. Mas até nisso tem um pouco a ver com o tema do disco, pois tem no filme [que retrata sua vida] o enfrentamento dos monges com o exército, e até nisso há uma conexão. As projeções de imagens que fazemos no show e tudo mais, passamos ideias de cores [para o designer] que queríamos para as músicas, e então adoramos o resultado pois representavam bem o disco. Como também fizemos no Anatema, que era mais leve [a construção da imagem]. Então isso tudo surge daquilo que nós sentimos e ouvimos.

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Por se tratar de um artista independente, que trabalha em todas as etapas da produção do disco, como é construir um álbum do zero até a sua distribuição?

Erick: Nós, como músicos, aprendemos muita coisa, especialmente como produtores, já que trabalhamos com isto no nosso estúdio. Gravamos o Anatema sozinhos, fizemos todo o trabalho e só levamos para mixar e masterizar fora, já que aqui no Brasil ainda é complicado realizar este trabalho com bandas como a nossa, você tem que explicar muita coisa aos produtores e tudo mais. Por isso, para o 'Gehenna', nós chamamos o Billy Anderson, que produziu muitas bandas que admiramos, e nos ajudou a entender melhor como funciona a construção de um disco, que se fizéssemos sozinhos não conseguiríamos materializar.

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E a produção musical do Labirinto, como é o processo das ideias até fechar as músicas que irão no disco?

Erick: a maioria vem de eu em casa, e do nada tenho uma ideia de guitarra, algum riff. Eu tomo nota, trago pra banda e nós começamos tocando e acertando as ideias.

Muriel: tem vezes que ele já tem também nomes para as músicas e elas vão se construindo com o tempo.

Erick: eu também sonho com músicas, com melodias, e assim algumas ideias de riffs. Eu acordo e aí tenho um papel e caneta do lado da cama para anotar as ideias e inspirações que eu tenho para não esquecer. Aí trazemos essas ideias e elas começam a virar música, cada um compõe sua parte, unimos, praticamos, aprimoramos.
Muriel: tem muita coisa da composição que eu faço a percussão conforme ele [Erick Cruxen] cria. Eu acabo acentuando as coisas, os riffs. Nós trabalhamos no centro da música que ele compõe, os riffs que ele cria nós juntamos nossas partes em cima deles.

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É bastante interessante isto de pensar e sonhar sobre as músicas, não? Os sonhos são mesmo incríveis muitas vezes, são coisas que podem fazer muita diferença...

Erick: Sobre este negócio dos sonhos também gostaria de contar uma história. Uma das músicas que compomos para este novo disco se chamava 'Asmodeus'. Aí um dia eu estava dormindo e tive um sonho meio bizarro, com uma criança, mas parecia muito real, assim como se eu estivesse acordado. A criança disse para mim que eu não deveria usar o nome, que ele não gostaria que eu usasse o nome. Aí eu meio que pensei que era o nome do disco, e perguntei para ela porque não poderia usar 'Gehenna'. Mas aí ela me disse: 'não, ele não quer que você use o nome Asmodeus'. Disse ainda que se eu colocasse este nome só aconteceria desgraça. Depois, eu até contei para um amigo meu ateu sobre isto, e até ele ficou impressionado com aquilo. Foi meio estranho. No final acabou que a música de qualquer maneira não entrou no disco, ela estava meio fora do contexto e não se encaixava no resto do tema.

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Sobre a diferença entre 'Anatema' e 'Gehenna' e o paralelo entre ambos:

Erick: fomos somatizando o que vemos no nosso meio, e talvez tenha sido isso. Acho que realmente levamos isso tudo o que ocorre para nossa música. Nós não fazemos música pela música, ela reflete muito mais coisas para nós. Fazemos música porque gostamos, porque sentimos, temos a ideia e vamos, e se não fluiu nós abortamos. Se flui, e a música que estamos trabalhando passa aquilo que nós sentimos, aí então ela vai para frente. Talvez seja algo inexplicável, uma sensação de quem escreve e publica um livro e vê que as pessoas estão lendo. É legal ver sua música sendo tocada e as pessoas ouvindo e gostando. No final, não sei se é pelo mundo ter piorado ou se é por mim mesmo, mas eu não acho que conseguiria fazer uma música alegre. As músicas que mais me tocam tem que ter algo que significa para mim, a música como continuidade do orgânico. Claro que temos um tema, temos uma diretriz, e isto é algo bacana, mas mesmo assim não adianta tentar fazer por fazer. No 'Gehenna' sintetizamos o disco inteiro numa frase, diferente de no 'Anatema' que nós sintetizamos cada música com uma frase diferente. Eu até gostaria de explicar mais [as músicas do disco], de criar outros meios para isto.

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Sobre o videoclipe da banda para a música 'Enoch', com cenas de manifestações no Brasil entre 1964 e 2016 e a repercussão que ocorreu:

Erick: vimos muito as referências bíblicas na história de 'Enoch', e fizemos a analogia com a frase de Shakespeare que colocamos em nosso disco: 'O inferno esta vazio e todos os demônios estão aqui'. Para nós, o vídeo mostra a incoerência das pessoas que pedem a volta da ditadura militar quando muitas pessoas morreram, naquela época, para pedir pela democracia. Era algo de choque, estúpido. E como trabalhamos com esse lance do inferno literal [em Shakespeare], onde os diabos somos nós mesmos, a sociedade... desde o início do Labirinto, sempre tivemos interesse político, e como sentíamos e víamos toda esta questão tivemos que colocar no disco, e o clipe uniu as duas coisas. Nossas músicas não tem letras, então é um pouco difícil passar o que nós pensamos quando as compomos. Vivemos em um ciclo de relações onde não sabemos o que as pessoas pensam, e estas coisas reacionárias nos assustam. Quando fizemos o Overload [Music Fest] e colocamos as imagens do clipe no telão, eu achei que íamos tomar pedradas por causa disso, pois há hoje um meio muito conservador no heavy metal no Brasil. E lá no show ficamos chocados pois eu notei que não foi realmente assim, foi bem mais tranquilo. Apareceram alguns comentários depreciativos aqui e ali, no perfil da banda no Facebook e alguma figura na imprensa, mas no geral foi bastante positivo e muitas pessoas inclusive gritaram 'Fora Temer!' quando estávamos no palco.

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Sobre a experiência que a banda adquiriu na estrada nestes últimos anos, com turnês na Europa e EUA:

Muriel: tudo esta em processo, estamos confirmando alguns shows para maio e junho. Estamos também vendo com algumas bandas da Pelagic Records para uma possível turnê, juntar algumas datas para fazer algum show conjunto já que esta é a época que os artistas estão fazendo mais shows por lá. Vamos tentar unir e reencontrar bandas amigas por lá.

Erick: Fizemos já quatro turnês lá fora, entre Europa e Estados Unidos, e a evolução é crescente para nós em termos de estrutura e bandas que tocam conosco. Mais pessoas foram aos nossos shows, o que nos motiva bastante. Tivemos até participação em festival, coisa que nós nunca imaginaríamos!

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E os shows no Brasil?

Erick: Aqui no Brasil nós tocamos pouco, temos aqui uma falta de casas com boa infraestrutura, com um bom som para mostrar a qualidade da banda. Infelizmente não conseguimos tocar em qualquer lugar. Lá fora, na Europa por exemplo, você pega shows em lugares menores, mas é bastante difícil você pegar lugares que tenham um som ruim.
Muriel: a infraestrutura mínima das casas por lá já é muito boa.
Erick: então no Brasil não fazemos muitos shows, só quando dá. Tem várias bandas do nosso nicho, colegas, que vão e acabam tocando direto no mesmo lugar, e o público acaba enjoando, acabam não indo no show. Só tem alguns lugares, como em Belo Horizonte, que sempre ficam pedindo show nosso. Logo quando acabamos de tocar lá pela última vez, já tinha gente nos perguntando quando íamos retornar, e isso é bem legal!

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Quais as novidades do show desta próxima sexta?

Muriel: bem, nós tocaremos desta vez o disco quase na íntegra, mas não na mesma ordem. Ao vivo nós nunca tocamos o disco como ele é gravado, nós sempre vamos pensando em novas passagens entre as músicas que variam da gravação final. Neste show nós teremos também, diferente do Overload Music Fest, as cordas do violino e do cello. Teremos também uma bela estrutura para a projeção visual já que a estrutura do teatro do SESC [Belenzinho] permite um telão bem grande.

Erick: Antigamente nós fazíamos mais shows com cello e violino, especialmente na época do 'Anatema'. Mas aí neste novo disco meio que abdicamos destes instrumentos, no 'Gehenna' não temos tantas cordas. Mas a oportunidade do show no SESC nos dá a chance de fazer algo diferente, algo mais parecido com o que são as músicas no disco, com coisas que pessoas que viram o Labirinto há muito tempo gostam.

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Sobre Diego Camara

Nascido em São Paulo em 1987, Diego Camara é jornalista, radialista e blogueiro. Seu amor pelo metal e rock começou há 6 anos. Um amante da nova geração, é um grande fã de Arjen Lucassen, Andre Matos e bandas como Nightwish, Hammerfall, Sonata Arctica, Edguy e Kamelot. Também não deixa de ter amor pelos clássicos, como Helloween, Gamma Ray e Iron Maiden e do Rock de bandas como Oasis, Queen e Kings of Leon. Atualmente seus textos podem ser lidos no blog OCrepusculo.com sobre assuntos diversos, além de planos para criação de um projeto totalmente voltado aos blogs de Rock e Metal.
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