Rebaelliun: a gente sentia que ainda tinha o que apresentar
Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 31 de julho de 2016
Estamos em pleno FORCAOS, que começou no final de semana passado (23 e 24 de julho) e continua neste final de semana (29 e 30 de julho). Tivemos oportunidade de conversar com as duas bandas 'visitantes' do festival cearense, a gaúcha REBAELLIUN (por ocasião do festival Abril Pro Rock, realizado no final de abril na capital pernambucana) e a INNER DEMONS RISE, representante de Pernambuco. Você confere ambas as entrevistas a partir de agora. Primeiro, confira nosso breve papo com Lohy Fabiano, da REBAELLUN.
Daniel Tavares: A REBAELLIUN é uma banda que passou muito tempo parada. Eu queria saber o que fez vocês considerarem que esta era a hora de voltar, o que os motivou a estar de volta no mercado?
Lohy Fabiano: Na verdade, desde que a banda acabou em 2002 que a gente tinha um sentimento de que o REBAELLIUN ainda tinha o que apresentar, a gente tinha o que mostrar com a música do REBAELLIUN, só que, nesse hiato de quase 15 anos, a gente sempre percebeu que não era o momento ainda. Cada um estava envolvido com outros projetos pessoais, uma outra realidade que não nos permitia investir 100% ou o necessário que é importante investir pra banda voltar com tudo... lançando disco... voltando pra tocar ao vivo. Agora que a gente conversou, na metade do ano passado, na metade de 2015, trocando uma ideia com a galera, a gente começou a perceber que existia essa possibilidade e que aquele sentimento que a gente tinha deixado em 2002, que a gente tinha trabalho relevante a mostrar, que a gente ainda tinha música a compartilhar com as pessoas, voltou à tona. Então a gente resolveu conversar, organizar a logística, porque cada um mora numa cidade, mas aí, acabou sendo o momento certo, cara. Nada acontece por acaso e esse era o momento da gente voltar com tudo.
Daniel Tavares: E a avaliação que você faz do cenário brasileiro atualmente?
Lohy Fabiano: Cara, é diferente porque existem dois cenários diferentes, né? Existe um menor investimento na parte física da música, que é a compra de CDs, a compra de material, porque tudo fica muito mais acessível virtualmente. A galera vai pro YouTube, vê o show de uma banda, vê um clipe, enfim, mas, em contrapartida, os shows estão cada vez mais profissionais, a galera tá apostando cada vez mais em profissionalizar a cena nesse sentido. Então acredito que só tende a melhorar. Já está muito melhor do que já foi na metade, final dos anos 90, que foi quando a gente começou, mas a tendência é melhorar cada vez mais. Eu não vejo como negativo, eu acho que está numa crescente. Vai melhorar cada vez mais.
Daniel Tavares: E esse é o primeiro show depois da volta [a entrevista foi realizada durante o Festival Abril Pro Rock, em Pernambuco, no final de abril de 2016]. O que você está sentindo?
Lohy Fabiano: Cara, é um misto de muita emoção. Eu particularmente tenho uma emoção diferente porque os outros estiveram no palco depois, né? O Fabiano com o THE ORDER, com o ANDRAUS, o Sandro com o EXTERMINATE... eu que pelo REBAELLIUN não havia subido em um palco desde 2002. É muita emoção. É muita energia contida para liberar no palco hoje.
Foto: Cristiano Machado
Daniel Tavares: E quais são os próximos planos de vocês?
Lohy Fabiano: A gente está lançando o CD novo agora em maio, metade de maio deve estar sendo lançado por um selo holandês...O plano do REBAELLIUN é tocar muito pra promover o álbum, fazer bastante datas aqui no Brasil, tocar lá fora, tocar em pico em que a gente não foi ainda, promover bastante o álbum e seguir tocando ficha. Na sequência gravar mais um disco novo. Enfim, continuar os trabalhos de onde a gente parou.
Daniel Tavares: Vocês já foram umas quatro vezes pra Europa. Já tem alguma coisa agendada?
Lohy Fabiano: Já. Já está rolando uns festivais de verão agora pra metade deste ano. Em agosto a gente está confirmado já pro Brutal Assault, na República Tcheca, lá em Praga. E tá rolando a confirmação pra um outro festival lá na Alemanha chamado Party.San. Então a gente vai, lá pelo dia 10 de agosto, a gente vai subir lá pra Europa, a gente vai fazer esses dois festivais lá e se rolar mais alguma data a gente aproveita e faz lá também.
Daniel Tavares: O KRISIUN também está tocando lá fora, fazendo turnê com o CANNIBAL CORPSE. Vocês e o KRISIUN começaram mais ou menos na mesma época, as duas bandas são consideradas parte da 'trindade' do Death Metal gaúcho. Como é que você vê tudo isso?
Lohy Fabiano: É muito legal porque, na verdade, a gente sente muito orgulho de dizer que o KRISIUN é um grande influenciador do REBAELLIUN. Eles são mais antigos que nós, são de uma geração mais antiga, mas é isso aí. Um acabou puxando o outro, a gente se espelhou muito não só na parte sonora do KRISIUN, mas também na atitude de botar 100%, investir 100% na banda, fazer virar a banda como um meio de sustento. O metal lá no Rio Grande do Sul é muito forte. O KRISIUN é um dos pilares do metal extremo lá e é legal saber que a gente está ajudando a levar esse som da galera do sul pro Brasil e pro resto do mundo.
Daniel Tavares: E do nordeste, do metal nordestino, o que você conhece, daqui de Recife ou lá de Fortaleza?
Lohy Fabiano: Cara, eu vou te ser bem sincero. Eu andei muito tempo afastado da cena, comecei a retomar os trabalhos agora na metade do ano passado. O que me fica do Nordeste, não especificamente de Fortaleza ou de Recife, é o HEADHUNTER D.C., com quem a gente tocou em Salvador em 2001, banda conhecidíssima, antiguíssima também e outra grande referência do Death Metal aqui do Nordeste.
Daniel Tavares: Eu queria que você falasse um pouco também sobre esse disco novo que vocês estão lançando. Vocês já voltam ao palco e com um disco novo.
Lohy Fabiano: A gente já vai incluir nesse setlist do festival sons do disco novo. Cara, foi uma loucura porque a gente anunciou a volta da banda no início de junho e ali a gente já decidiu que seria uma volta pra gravar um disco novo. Dali a seis meses o disco estava pronto. A gente começou a gravar em dezembro de 2015, janeiro de 2016, foi um processo estressante pela meta, né? Era pouco tempo para compor o disco novo inteiro, não tem nenhum som que foi reaproveitado da antiga, a gente compôs o disco de cabo a rabo, letra, música, tudo novo... um dos motivos que nos fez voltar a tocar também é fazer música juntos, cara, saber que a gente curte entrar em ensaio, entrar em estúdio, compor, esse processo de compor um disco novo, produzir um disco novo é muito prazeroso pra nós porque a gente se criou ouvindo música, ouvindo metal e aprendeu a tocar juntos. Então é um resgate àquele sentimento da antiga que a gente sempre teve e que durante esse período de quase quinze anos ficou inerte, ficou adormecido.
Daniel Tavares: Tá certo. Quero só que você deixe uma mensagem final.
Lohy Fabiano: Quero agradecer bastante à galera que tem apoiado o metal extremo e à cena metal no Brasil inteiro. A galera do Nordeste está de parabéns. Sempre que a gente vem pra cá é muito bem recebido, sabe da força da cena que existe aqui no Nordeste. E é isso aí, continuem prestigiando as bandas autorais, as bandas nacionais, curtam, comprem o material, vejam as bandas ao vivo...Quero também agradecer à galera que tem nos ajudado e não deixou o nome da banda ser esquecido durante esses quinze anos de hiato em que a gente ficou fora e agradecer à galera que também está dando um apoio grande nas redes sociais. É um prazer estar de volta e a gente vai mandar ver.
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