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Mortarium: mostrando a força das Mulhers através do Doom Metal

Por Filipe Lima
Fonte: Over Metal Zine
Postado em 28 de maio de 2013

Mortarium é uma banda que eu fui aos poucos conhecendo, desde o início do ano passei a ter mais contato com a baterista Julie Sousa, esposa do amigo Joab Farias (Uncaved - banda entrevista pelo Over Metal Zine) e após algumas conversas acertamos a realização desta entrevista.

A Mortarium no momento é a única banda feminina de Doom Metal ativa no Brasil. Formada em 2008 no Rio de Janeiro por Tainá Domingues e Julie Sousa, mas as primeiras apresentações ao vivo ocorreram somente no ano de 2010, simultaneamente ao lançamento do primeiro single "Celebrate Eternity".

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Em 2012 a banda lançou o single "The Awakening of the Spirit", que deixou o registro de ex-integrantes num período de mudanças, que a aprtir de então não ocorreram mais.

Atualmente e consolidada formação é:

Tainá Domingues - Guitarra e vocal gutural
Vivi Alves - Baixo
Juliane Sousa - Bateria

A banda teve um ano de 2012 muito agitado e agora em 2013 lançou um novo single "My Distress" e se prepara para o lançamento do Primeiro Álbum Full-Length, que pode ocorrer no Segundo Semestre de 2013.

Nesta entrevista com participação de todas as integrantes da banda foi possível atualizar informações referente a banda, saber um pouco da opinião e desafios encarados pela Mortarium até aqui e expectativas para o futuro da banda.

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Confira aqui na íntegra toda a entrevista!

OVER METAL (OM) - FALE UM POUCO DO SURGIMENTO DA MORTARIUM?

Julie Sousa: A década de 90 aqui no Rio foi marcada por shows de boas bandas de Doom Metal, mas que infelizmente não mantiveram seus trabalhos até o presente. Eu vivi o final desse momento com a intensidade de uma adolescente na época, e profunda admiradora do gênero Doom Metal. A Mortarium surgiu enquanto ideia em 2008 quando Tainá Domingues, Ana Paula Rodrigues e eu resolvemos montar uma banda que pudesse resgatar o Doom Metal para o circuito carioca. Organizamos-nos para isso através de ensaios e aulas dos instrumentos que hoje tocamos quando finalmente em 2010 fizemos nossa primeira apresentação ao vivo. Da formação original, apenas eu e a Tainá continuamos na banda. Em 2010 lançamos nosso primeiro single, a "Celebrate Eternity", que teve uma aceitação excelente e apresentou a linha de som que adotaríamos. Em 2012 lançamos outro single, "The Awakening of the Spirit", com outra formação. Ainda em 2012 lançamos fisicamente a "The Awakening" e a "Celebrate Eternity". Foi um ano corrido para nós, tivemos shows todos os meses do ano, em alguns meses, 2 fins de semana seguidos. Pudemos assim forma divulgar nosso trabalho para um número considerável de pessoas. A banda, que surgiu sem grandes pretensões, se torna agora meu principal projeto.

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OM - PORQUE DA ESCOLHA DO NOME, COMO ACONTECEU E O SIGNIFICADO?

Tainá Domingues: O nome foi sugestão da Laiane Gaião, nossa amiga que anos depois chegou a ser nossa vocalista por um tempo. Vem do latim e era uma espécie de vaso antigo, no qual eram trituradas sementes e ervas fina.

OM - QUAIS SÃO AS INFLUÊNCIAS DA BANDA?

Julie Sousa: Minha principal influência e a banda a qual assumo que sou fã é o My Dying Bride. November's Doom e Mythic também têm relevância na minha lista de bandas admiráveis, porém ouço de tudo um pouco, o que influi de certa maneira no som que fazemos.

OM - O QUE A BANDA BUSCA TRANSMITIR ATRAVÉS DAS LETRAS?

Julie Sousa: O enfrentamento constante da luta que travamos contra induções externas ou mesmo internas, que travamos conosco mesmos, nossos pensamentos difusos, ou tudo o que está previamente estabelecido.

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OM - FALE DO PROCESSO DE COMPOSIÇÃO DAS MÚSICAS NA BANDA?

Vivi Alves: Geralmente a Tainá chega com um riff pronto, ou com uma ideia, sem letra. Trabalhamos em cima disso, criando as outras linhas (bateria e baixo). Letra e arranjos vocais são por último.

OM - QUAL A AVALIAÇÃO DA BANDA QUANTO AO RESULTADO FINAL DO EP "The Awakening Of The Spirit" LANÇADO NO ANO PASSADO?

Vivi Alves: Foi muito bom pra nós termos esse registro físico marcando a trajetória da Mortarium com as antigas formações, mas principalmente foi maravilhoso perceber o retorno das pessoas que adquiriram este material. Ficamos mais que satisfeitas, de fato ficamos felizes pelo feedback dos queridos das mais variadas partes do país, e até mesmo estrangeiros.

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OM - QUAIS ERAM AS EXPECTATIVAS E OBJETIVOS DA BANDA COM O LANÇAMENTO DO EP "The Awakening Of The Spirit"? ISSO FOI ALCANÇADO?

Julie Sousa: Sinceramente, superou nossas expectativas, e só temos a agradecer por isso.

OM - AGORA A BANDA PREPAROU UM NOVO SINGLE, MY DISTRESS - O QUE TEM DE NOVIDADE E EVOLUÇÃO APRESENTADO NESSE NOVO TRABALHO?

Mortarium: Esse single é o primeiro registro oficial da Mortarium com a formação em trio. Alguns mencionaram Candlemass como nova influência da Mortarium após ouvirem a My Distress. Acho ótimo! Estamos preparando para este ano o nosso primeiro álbum.

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OM - NO PRIMEIRO ÁLBUM FULL-LENGTH O QUE A BANDA VAI EXPLORAR ATRAVÉS DAS LETRAS É POSSÍVEL ADIANTAR SOBRE ALGUMA MÚSICA?

Julie Sousa: Manipulação psicológica e conflitos internos da psique humana.

OM - HAVERÁ REGRAVAÇÃO DE ALGUMA COMPOSIÇÃO OU SOMENTE FAIXAS INÉDITAS?

VIVI ALVES - BASS

Julie Sousa: Estamos pensando nesta questão, talvez regravaremos sim um som nosso, mas ainda é cedo para afirmar.

OM - FALE DO PROCESSO DE GRAVAÇÃO DESSE NOVO TRABALHO?

Mortarium: Estamos gravando no estúdio Mendhl, do nosso amigo Isaac Mendhl, que finaliza o processo para nós. Está sendo muito bom, o clima no momento da gravação é sempre de muito bom humor e amizade.

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OM - QUAL A PREVISÃO DE LANÇAMENTO, HAVERÁ ALGUMA PARCERIA PARA A DISTRIBUIÇÃO OU SERÁ INDEPENDENTE?

Julie Sousa: Acredito que até novembro deste ano já teremos lançado. Será totalmente independente.

OM - O FATO DE TER SOMENTE MULHERES É UMA CONDIÇÃO BÁSICA PARA A EXISTÊNCIA DA BANDA OU FUTURAMENTE HAVERIA UM "BENDITO FRUTO ENTRE AS MULHERES", SE HOUVER A NECESSIDADE?

Julie Sousa: Essa condição foi totalmente casual. O fato é que, quando decidimos montar a banda, só nós mesmas curtíamos esse tipo de som. Amigos nossos não curtiam Doom Metal nem pensavam na ideia de ter uma banda de Doom. Pensamos em alguns momentos em ter um tecladista, mas no final consolidamos a formação em um trio feminino mesmo.

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OM - COMO VOCÊS ANALISAM O UNDERGROUND BRAZUCA EM RELAÇÃO ÀS BANDAS DE DOOM METAL? COMO É NO RIO E NOS DEMAIS ESTADOS?

JULIE SOUSA - DRUMMS

Julie Sousa: No Rio, frequentemente ocorrem shows de bandas de Thrash, Death ou Black Metal e acredito que seja uma realidade nacional.

Eu costumo dizer que Doom Metal é o "underground do underground". Eventos voltados para este gênero são raríssimos, e ainda é muito estereotipado e alvo de certo preconceito. No último ano houve um levante por parte dos membros de várias bandas de Doom Metal, na tentativa de mudar este quadro e desmitificar o Doom Metal, seja produzindo ou realizando eventos. Ainda em 2012, foi lançada a "Doomed Serenades", primeira coletânea brasileira de Doom Metal, com 10 bandas nacionais. Muitas outras bandas excelentes ficaram de fora, mas acredito que brevemente lançarão a segunda edição.

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Os próprios membros das bandas de Doom têm feito a sua parte, e penso que gradativamente o Doom Metal vai alcançar o seu devido lugar, como acontece em outras partes do planeta.

OM - QUAL A OPINIÃO DA BANDA QUANTO À ESTRUTURA DOS SHOWS ATUAIS?

Julie Sousa: As coisas estão melhorando, mas ainda não estão no nível ideal. Tem produtores que não dão a menor assistência para as bandas, e outros que fazem a diferença. Sobre o público, hoje em dia com as facilidades da internet, muitos optam por ficar em casa e não prestigiar um evento na sua cidade, o que é uma pena.

TAINÁ DOMINGUES - GUITAR

Procuramos marcar presença nos eventos na medida do possível.

A nossa parte buscamos fazer, e sei que ficar apenas reclamando da cena, do público, etc. não adianta.

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OM - O QUE É MAIS DIFÍCIL PRA MANTER-SE ATIVO NA CENA UNDERGROUND?

Tainá Domingues: Conciliar vida pessoal com a banda, o que inclui a questão financeira e tempo.

OM - NESTES ANOS NO UNDERGROUND QUAIS SÃO AS LIÇÕES APRENDIDAS?

Julie Sousa: Tratar a todos com o mesmo respeito e atenção. Se quiser algo, correr atrás por si mesmo. Fazer a nossa parte com dignidade e sem esperar retorno.

OM - PARA QUE AS BANDAS BRASILEIRAS ALCANCEM MAIOR RECONHECIMENTO OU ÊXITO O QUE SERIA NECESSÁRIO MUDAR?

Mortarium: Algumas bandas precisam parar de agir com competitividade, outras precisam levar seus trabalhos mais a sério... Enfim, não há uma resposta única, nem fórmula mágica para essa questão. Eu não duvido que tenham excelentes bandas de todos os gêneros do Metal, e que em nada deixam a desejar às bandas gringas. Enfim, não há uma solução única cabível a todos os casos. No Rio, posso citar sem medo a Peristaltic Movement, banda de Death Metal que em minha opinião, é de longe a maior e mais competente banda carioca de Death Metal, super verdadeira no que se propõe a fazer, mas provavelmente poucos já ouviram falar. E esse é apenas um exemplo.

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

OM - O DOWNLOAD SE TORNOU O VILÃO DA VENDAS DE CD´S PARA AS GRANDES BANDAS! E PARA AS BANDAS QUE ESTÃO LANÇANDO OS PRIMEIROS TRABALHOS. MAS TAMBÉM SE TOURNOU UM MEIO DE APRESENTAR E DISPONIBILIZAR EM TODA A REDE O MATERIAL E TRABALHO DAS BANDAS - QUAL A OPINIÃO DA MORTARIUM QUANTO A ISSO - CONTRA OU A FAVOR DO DOWNLOAD?

Julie Sousa: Totalmente a favor, acho uma maneira democrática de mostrar seu trabalho e alcançar mais pessoas.

OM - HÁ VARIAS QUESTÕES DA ATUALIDADE QUE DIVIDEM A OPNIÃO PÚBLICA E SEMPRE PERGUNTO AOS INTEGRANTES DE BANDA SOBRE A OPNIÃO E VISÃO RELACIONADOS A TAIS TEMAS.

COM ISSO COMPARTILHE A VISÃO/OPINIÃO DA BANDA SOBRE:

COPA DO MUNDO E OLIMPÍADAS NO BRASIL: Desperdício de verba pública, que poderia ser utilizada em questões muito mais importantes e imprescindíveis como educação e saúde.

HOMOSEXUALISMO E EMBATE DA BANCADA EVANGÉLICA COM A BANCADA QUE REPRESENTA ATIVISTAS GAYS EM BRASÍLIA: Jogo de manobra para desviar a atenção da população para outros assuntos fundamentais, como por exemplo, a volta de membros do esquema mensalão a altos cargos do governo.

REDUÇÃO DE 18 ANOS PARA 16 (OU ATÉ MENOS) PARA CONDENAÇÃO POR CRIMES PRATICADOS POR JOVENS MENORES INFRATORES: Partindo do fato que pessoas de 16 anos podem escolher seus representantes e ter visitas íntimas quando internos em casas de recuperação de menores, sou a favor da redução da maioridade para 16 anos.

RELIGIÃO: O antônimo de espiritualidade.

OM - NA PREFERÊNCIA DA BANDA DESTAQUEM CINCO GRANDES ÁLBUNS DO METAL MUNDIAL?

Mortarium: Seria injusto listar aqui apenas 5 melhores álbuns do Metal mundial. Preferimos listar os que de certa forma mais nos marcaram:

Black Sabbath vol 4
My Dying Bride - The Angel and the Dark River
Sepultura - Chaos AD

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OM - UMA BANDA SÓ DE MULHERES TAMBÉM PROPORCIONAM FATOS INUSITADOS, NOS CONTEM PELO MENOS UM! RSRS

Vivi Alves: Ano passado tocamos em um festival em São Gonçalo (inclusive, um dos melhores shows que fizemos), ao lado de Red Front e demais bandas. Assim que chegaram, os caras do Red Front perguntaram se eu e a Julie Sousa éramos casadas! hahaha

Entre outros fatos engraçados...

OM - SÉRIO ISSO HEHEHE! DEPOIS VOCÊS APRESENTARAM O JOAB ESPOSO DA JULIE TUDO DEVE TER SE ESCLARECIDO HAHAHA. CONSIDERANDO O TEMPO CAMINHANDO JUNTAS FALE TAMBÉM SOBRE AS EXPERIÊNCIAS MARCANTES?

Tainá Domingues: O começo foi bem marcante. Lembro de ouvir comentários do tipo: "Isso (a banda) é fogo de palha, não dura nem 4 meses." Conseguimos mostrar para nós mesmos que quando nos esforçamos, conseguimos.

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OM - PRÓXIMAS AGENDAS DA BANDA?

Julie Sousa: Estamos marcando algumas apresentações, mas como o nosso atual foco é a gravação, não temos datas definidas, apenas locais. Este ano recebemos convites para tocar em São Paulo, Piabetá, Duque de Caxias e Vitória.

OM - A GALERA QUE QUISER ADQUIRIR MATERIAL DA MORTARIUM QUAIS SÃO OS MEIOS?

Tainá Domingues: Basta entrar em contato diretamente conosco através das nossas redes:

http://www.mortarium.com
http://www.facebook.com/Mortarium
[email protected]

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OM - PLANOS E PROJETOS DA BANDA PARA O FUTURO?

Mortarium: Concluirmos a produção do cd, e a gravação do nosso primeiro videoclipe. O que vier, além disso, é conseqüência do nosso esforço.

OM - CONSIDERAÇÕES FINAIS!

Julie Sousa: Queria agradecer imensamente pela entrevista, venho acompanhando seu trabalho há um tempo e para nós é um prazer e uma honra estar no Over Metal.

Em breve teremos novidades e nos veremos novamente.

Para os que acompanham a Mortarium, esperamos que curtam o que preparamos para 2013! Forte abraço e mais uma vez, obrigada!

Obrigado Julie, Vivi e Tainá pela atenção dedicada apesar de toda a correria diária que estamos envolvidos.

Parabéns a Mortarium pelo trabalho e com certeza haverão mais oportunidades e momentos da banda a serem compartilhados aqui pelo Blog - nos mantenha informado.

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Até a próxima!

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Sobre Filipe Lima

Filipe Lima é um guitarrista, 30 anos, nascido em Barra Mansa-RJ, formado em Administração de Empresas. É apreciador de quase todas as vertentes do Rock e do Heavy Metal mundial, mas especificamente amante do Thrash e Death Metal. É também o criador e administrador do Over Metal Zine.
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