Carnificina Metal: Entrevista com Armando do Flageladör
Por Luis Augusto Bueno De Amorim
Fonte: Carnificina Metal
Postado em 12 de setembro de 2012
A zine Carnificina Metal conversou com mais uma excelente banda do underground brasileiro. Confira abaixo como foi o papo com Executor!
Carnificina Metal: Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que sou um grande fã do Flageladör. E é uma tremenda honra para mim, falar com você. Como você conheceu os outros membros da primeira formação?
Exekutor – Cara, valeu mesmo pelas palavras. Fico realmente muito feliz em saber que o nosso som significa algo pra você! Nós nos conhecíamos da cena já, nos encontrávamos sempre pelo underground carioca, bebíamos juntos. E, com a convivência nos fins de semana, trocando ideia sobre som, eu acabei percebendo uma afinidade musical com eles.
Quando formei a banda, ela era uma "one-man-band", eu gravei a demo sozinho e distribuí pelo underground. Eles, de cara, se identificaram com a sonoridade da banda e sempre demonstraram interesse em tocar comigo.
Após os primeiros shows, com outra formação, apenas pra começar a divulgar o som, convidei-os para integrarem a banda, e com ela (eu na guitarra/voz, Selvagem no baixo e Iron Fist na bateria) gravamos a segunda demo, o split com o Ruins e os dois albums.
Infelizmente, eles não puderam continuar na banda, devido à compromissos impostos por uma vida na sociedade capitalista: trabalho, estudo, família.
Carnificina Metal: Na época em que a banda se formou, como estava a cena metal em Niterói?
Exekutor – a cena estava se fortalecendo, algumas bandas bem interessantes surgindo nessa época, eu tocava com o Kabarah, havia o Imperador Belial também, mas era bem menor do que a cena de outros lugares.
Nós acabávamos nos juntando à cena da baixada fluminense, de Duque de Caxias, São Gonçalo, da própria cidade do Rio de Janeiro, para conseguirmos fazer shows. Ainda era muito pequena, não havia lugares para tocar, mas resistíamos como dava.
Carnificina Metal: O início de carreira de bandas como o Flageladör, sempre tende a ser difícil. Conte-me um pouco sobre a fase em que vocês começaram a tocar juntos.
Exekutor – como te disse, era complicado pela falta de lugares para tocar. Tínhamos que ir para outras cidades, tocamos muito em São Gonçalo nessa época. Além do Garage, no Rio de Janeiro, que era uma casa bem tradicional aqui no estado.
Num primeiro momento, eu convidava amigos das minhas outras bandas para me ajudarem com os shows, afinal, o Flagelador sempre foi a minha banda. Aqui no RJ é complicado para se manter um line-up fixo, pois os melhores músicos tocam em 4, 5 bandas diferentes, e a gente se vira como pode.
Mas era uma época extremamente excitante para nós, os shows eram difíceis mas todo mundo se unia pra tentar fazer o sonho dar certo. Não havia equipamento legal nas casas, mas todo mundo se unia pra fazer o melhor possível para as bandas e para o publico.
Quando a banda se estabilizou na formação original, a gente ensaiava bastante, sempre na casa do Vinícius Selvagem, e sempre acabava em bebedeira. Isso deixava a banda com ainda mais vontade de tocar, nos divertíamos pra cacete. Tocávamos o som que gostamos, bebíamos com os amigos após os ensaios, sem emprego, sem dinheiro, mas com gana e tesão em tocar heavy metal!
Carnificina Metal: Como foi o processo de gravação da Demo "Forjado em Aço e Fogo"?
Exekutor – foi bem simples: eu juntei uma grana e marquei duas horas de gravação em um estúdio de Niterói, onde eu ensaiava com o Kabarah. Fazia um tempo já que eu tocava bateria nessa banda, e queria montar uma outra onde eu tocasse guitarra e voz, e juntei algumas músicas antigas que não se encaixavam no clima do Kabarah. Em duas horas, gravei todos os instrumentos, voz e mixagem das 3 musicas que compõem a nossa demo, que eram FORJADO EM AÇO E FOGO, MASSACRE BESTIAL e EVIL HAS NO BOUNDARIES (Slayer).
Essa gravação acabou virando a nossa primeira demo, chamada FORJADO EM AÇO E FOGO, e lancei em K7. Ao começar a divulgação, vi que tinha algo realmente especial nas mãos, vi que as pessoas se identificavam com aquilo. Isso foi em 2001, em 2003 lançamos a demo VINGANÇA, já com a formação original, e incluí a primeira demo também.
Carnificina Metal: A música "Evil Has No Bondaries" do Slayer, aparece também na demo intitulada como Vingança. Pode-se dizer que é uma das bandas mais influentes para o Flageladör?
Exekutor – com toda certeza! O album Show No Mercy é, na minha opinião, um dos mais completos e fodidos lançamentos do heavy metal mundial!
Ele junta vários elementos que que são as minhas raízes: é rápido e urgente, mórbido, mas sempre com espaço para aquela pegada característica das bandas que os influenciaram, principalmente, das inglesas. Nota-se muita influencia da NWOBHM.
A minha ideia original era de unir o clima do Show No Mercy com Venom, Motorhead e heavy metal tradicional, sempre com muita velocidade, morbidez e melodia. O "Dionisíaco x Apolínio" proposto por Nietzsche. Melodia e fúria.
Carnificina Metal: Nessa época, no ano de 2003, vocês já faziam bastante shows pelo Rio?
Exekutor – sim, tocávamos bastante. Nós estávamos sempre tocando no Garage (Rio de Janeiro), Duque de Caxias, Itaboraí, São Gonçalo, fizemos muitos shows legais.
Até hoje, sempre que encontro com amigos, todos se lembram com muito orgulho daquela época!
Consegui divulgar bastante a banda, tocamos em Minas Gerais também, íamos muito à Juiz de Fora e Belo Horizonte.
Carnificina Metal: O primeiro álbum de vocês se chama "Noite Do Ceifador" e é considerado uma pérola do underground aqui em São Paulo. São Várias faixas matadoras, inclusive "Perseguir e Exterminar" que marca presença mais uma vez sendo uma das mais aclamadas. Conte-me um pouco sobre esta época da banda e sobre como foi a gravação desta maravilha, por favor.
Exekutor – Valeu, cara, obrigado pelos elogios em relação ao album!
Nós ficamos sabendo do interesse da Dark Sun Records em editar algum material da banda, então, antes mesmo de entrarmos em contato, começamos a gravar, por conta propria.
Marcamos 6h de gravação (de 00h às 6h da manhã, sabado pra domingo) e nos encontramos com o Leon Necromaniac (vocalista do Apokalyptic Raids e produtor do nosso primeiro álbum) na Rua Ceará, reduto da prostituição no RJ, para irmos todos juntos ao estúdio.
Nesse período, gravamos guitarra base, baixo e bateria como se fosse "ao vivo", a banda tocando junta. Depois eu gravei todos os solos em overdub. Cada uma dessas operações foram feitas em um take, dois no máximo. Por isso, nota-se todos os erros nas músicas. Resolvemos que não deveriam ser "limados", queríamos o disco o mais fiel possível à forma como tocamos.
Depois, em outra sessão, gravamos as vozes e backing vocals, além de iniciarmos as mixagens.
Toda a gravação e mixagem feita com fita de rolo, igual às gravações de 30 anos atrás.
A identificação do nosso público com as músicas desse álbum foram imediatas, e algumas músicas dele não faltam em nenhum show da banda, como é o caso de "Cruzada Ao Lado de Satã", "Perseguir e Exterminar", "Forjado Em Aço E Fogo" e a faixa título, "A Noite do Ceifador".
Curiosidade: o album foi gravado em um estúdio no Morro dos Macacos, aquela famosa favela onde um helicóptero do Bope foi abatido por traficantes, ocasionando a morte dos oficiais.
Era tenso pra cacete gravar lá... Nós chegávamos na porta do estudio, olhávamos pro final da rua e víamos aquela aglomeração de traficantes fortemente armados prestando atenção nos nossos passos...
Carnificina Metal: Como foram os shows de promoção deste play?
Exekutor – não houve, especificamente, shows de promoção dele. Nós apenas marcávamos, íamos tocar e pronto. Não chegou a rolar uma tour ou algo do tipo. Inclusive, eu sempre considero todos os shows como show de promoção dele, mesmo após o lançamento do segundo álbum. Nós sempre mesclamos bem as músicas de todos os lançamentos da banda nos shows.
Carnificina Metal: Em 2009 tivemos aquela Split com os alemães do Ruins. As bandas brasileiras parecem ter ótima relação com as alemãs desde os anos 80. Neste caso, como ficou a relação entre vocês e o Ruins? São amigos?
Exekutor – na verdade eu apenas troquei algumas palavras com ele ao longo dos anos,elogiando a banda, propondo alguma troca e tal. Mas nunca tivemos um contato maior do que esse. Eu já conhecia a banda e achava sensacional, mas quem entrou em contato conosco propondo o split foi o Yuki, da Deathrash Armageddom. Topei na hora, achava que o som deles de alguma forma combinava com o nosso.
Esse split foi absurdamente bem recebido no underground, até hoje eu recebo contatos da Europa nos elogiando pelo som.
Aqui no Brasil, assim que eu recebi as minhas cópias, elas se esgotaram em um mês, aproximadamente.
Carnificina Metal: Ainda no ano de 2009 temos o segundo álbum, "Obcecado Por Sangue". Ficou tão matador quanto o primeiro. Como foi o processo de composição e de gravação dele?
Exekutor – a maioria das músicas já existia na época do primeiro álbum. Ainda hoje eu tenho composições guardadas da época das demos, irei lançar em breve.
A gravação dele foi mais demorada, pois não tínhamos tempo livre para nos dedicar à produção do album, por conta de trabalho, estudo, família.
Nós marcamos algumas datas para ensaio, e partimos pra gravação. Dessa vez, fizemos o instrumental completo em apenas 3h. Com o resto da produção, solos, voz, mixagem e masterização aos poucos, também em sessões de 3 em 3h.
Carnificina Metal: Parece que as músicas do segundo álbum trazem à tona um som mais Thrash Metal ainda. Para dizer a verdade em "Noite Do Ceifador", a parte instrumental de vocês traz um feeling semelhante ao do Bathory nos seus três primeiros discos. E em "Obcecado Por Sangue" temos algo que parece seguir uma escola diferente. Fale como surgiu essa mudança, ou evolução.
Exekutor – Não foi uma mudança consciente, apenas aconteceu. No primeiro álbum, nós resolvemos gravar as músicas um pouco mais lentas do que ao vivo, para ter mais feeling e pra bateria soar melhor.
No segundo album, a ideia foi outra, de gravarmos como tocamos nos shows, mais rápido. Essa mudança tem a ver com a produção dos álbuns também.
O Leon deixou o primeiro álbum bem mórbido, como queríamos, e ele soa realmente como Bathory, Venom, Bulldozer.
A nossa ideia é a de resgatar esse clima do primeiro album, mais mórbidez e menos velocidade.
Já temos composições para dois álbums, em breve entraremos em estúdio para produzirmos o proximo material.
Carnificina Metal: Atualmente a banda conta com
W. Hammer, e Cativeiro, além de você. Como é a relação entre este line-up ?
Exekutor – bom, na verdade, o W.Hammer saiu da banda há um ano e meio, aproximadamente.
O line-up atual conta com Necrolust no baixo, um amigo nosso de longa data, e que está se saindo muito bem no posto. Temos os mesmo ideais, a mesma visão pra banda, ele entrou realmente de cabeça no Flagelador.
Quanto ao Cativeiro, ele ainda é membro do Flagelador. Mas ele toca em uma porrada de bandas aqui no RJ (Pós-Sismo, Apokalyptic Raids, Grave Desecrator, para citar as principais) além de ter um estúdio muito concorrido aqui em Niterói. Então, estamos cumprindo todas as datas de shows com Bitch Hunter na bateria. Ele é um ex-guitarrista do Flagelador e amigo de muitos anos também, além de tocar comigo na minha outra banda, The UnhaliGast.
A banda sempre fui eu e quem puder me acompanhar nos shows, desde o primeiro momento dela. Os outros membros entendem isso, pois todos tocam em suas próprias bandas, projetos, e têm a mesma postura que eu em relação à elas.
Carnificina Metal: As trocas constantes de membros dificultam um pouco as coisas para uma banda. Digo isso pelo fato da minha banda sofrer com essa sina. As vezes tem aquele membro que sai pelas portas dos fundos por uma ou outra razão. Houve algum caso assim com o Flageladör?
Exekutor – sim, com certeza! Eu já tirei integrantes da banda, já briguei com alguns ex-membros, mas tudo isso é passado. Hoje em dia eu posso te dizer que consigo sentar numa mesa de bar e beber com todos os caras que já passaram pela banda, temos uma boa relação.
Realmente é complicado. Eu já passei por dificuldades nesse quesito nas outras bandas em que toquei, mas, desde cedo, eu coloquei na cabeça que essa banda seria "A" minha banda. Não existe problema de formação conosco, pois, como já disse anteriormente, a banda sou eu e quem puder ir comigo pra estrada.
Os problemas maiores que a banda sofria eram por minha agenda, por não conseguir conciliar trabalho e shows.
Por conta disso, estou largando tudo, trabalho, estudo pra poder criar uma rotina de shows, tournees, levar a banda à públicos que ainda não nos viram ao vivo.
Carnificina Metal: Com "Obcecado Por Sangue" vocês tiveram uma resposta ótima dos fãs certo? Vocês também passaram a se apresentar com mais freqüência?
Exekutor – na verdade, aí é que está o problema: a resposta foi acima do esperado, mas tivemos de diminuir drasticamente a rotina de shows, por motivos pessoais envolvendo carreira, estudo, viver num mundo onde o capital impera. Foi o período onde a banda esteve quase inativa, e muita gente chegou a pensar que a banda havia acabado.
Nós tocamos em Salvador/BA, um show incrível, diga-se de passagem!
Foi sensacional estar em contato com os bangers baianos, além de algumas pessoas de outros estados próximos que foram ao show também, nos divertimos imensamente!
Se você que está lendo isso, esteve presente nesse evento à que me refiro, muito obrigado! A energia foi insana demais naquela noite e nós nunca nos esqueceremos!
Fizemos alguns shows também em SP e MG, e é sempre ótimo rever meus grandes amigos nesses locais, os shows são muito intensos, todas as vezes!
Nessa etapa atual da banda, vamos aproveitar pra tocar algumas músicas desse album, sempre revezando com sons do primeiro album e dos outros materiais, logicamente!
Carnificina Metal: Recentemente vocês soltaram outra Split. Desta vez com o Thrashera. "Guerreiros do Álcool" tráz algumas das melhores músicas da banda. No seu ponto de vista, qual a maior vantagem que as splits oferecem para as bandas?
Exekutor – Sim, esse split conta com 3 regravações nossas (Forjado em Aço e Fogo, Expresso Para o Inferno e Anjo Exterminador) além de um som inédito, chamado "Total Danação".
Eu acho uma iniciativa extremamente louvável, é sempre legal esse lance de união entre as bandas. Principalmente, nesse caso, com grandes amigos de longa data, e que sempre se mostraram fãs do Flagelador! O Chakal, vocal do Thrashera, entrou em contato conosco acenando em relação à essa possibilidade, e topamos na hora.
O título cabe como uma luva: somos todos grandes guerreiros do álcool, estamos sempre nos encontrando nos shows para dar força às bandas do underground e aproveitando pra encher a cara juntos!
Carnificina Metal: Dos shows que o Flageladör fez até o momento, qual foi o mais especial no seu ponto de vista?
Exekutor – cara, posso te citar alguns que foram sensacionais, incluindo aí o nosso show em Salvador em 2009.
O "Old Metal Attack II", em 2003, foi insano pra caralho, o line-up foi demais, tocamos ao lado de Farscape, Diabolic Force, Apokalyptic Raids, Chakal e Vulcano.
Outro que foi muito marcante pra banda, foi um show em Belo Horizonte, onde tocamos ao lado de Chakal, Lobotomia, Kuolema e Força Macabra! Os grinngos são demais, nos divertimos muito!
Mas, acho que, sem sombra de dúvidas, posso te citar um que foi muito marcante para todos os envolvidos, tanto bandas quanto organizadores e público: "Slaughter Fest II", aqui no RJ, em 2005 (se não me engano...), onde reuniu as bandas: FLAGELADOR, FARSCAPE, APOKALYPTIC RAIDS, COMANDO NUCLEAR, EM RUÍNAS, OVERLORD (Paraguay, deu origem atualmente ao The Force), BLASTHRASH, SODOMIZER, MASTERY...(posso estar me esquecedo de alguma banda, me desculpem!)
Acho que esse foi o melhor, foi sensacional!
Carnificina Metal: Tem alguma previsão de quando tocarão em São Paulo novamente?
Exekutor – sim, com certeza: dia 20 de outubro! O show será na Rua Duque de Caxias, 89, Centro. Vamos tocar ao lado dos nossos irmãos do Em Ruínas e Submitt. Pretendemos fazer um set à altura do amor que o público paulista demonstra sempre para com a banda. Vamos tocar muitas músicas dos dois álbuns, incluiremos também as músicas dos dois splits e pretendemos mostrar um som inédito também. Compareçam, esse show vai ser muito especial, vamos preparar algumas surpresas pra vocês! Além do mais, já estaremos, provavelmente, com as nossas cópias do split em mãos.
Podem nos procurar, sempre somos solícitos com os apreciadores da nossa arte, vamos conversar com todos, beber bastante e fazer dessa noite uma verdadeira celebração de heavy metal!
Carnificina Metal: Eu vi em algum lugar que o próximo disco de vocês será lançado em breve, e o nome será "Total Danação", referente à mesma música que aparece de forma inédita em "Guerreiros do Álcool". Essas Informações estão corretas?
Exekutor – esse era o plano inicial. A nossa ideia era de fazer um EP com esse título e contendo esse som, mas acabamos usando-o no split com o Thrashera. Sendo assim, resolvemos que o EP contará com outra música, inédita também, no lugar dela. O material se chamará "Assalto da Motoserra", e será lançado em LP de 7". Ainda não sabemos se serão 3 ou 4 músicas, mas serão todas inéditas. A capa já está pronta, foi feita pelo grande artista Emerson Maia. Ficou demais, muito boa! A nossa previsão é de começar a gravar em setembro, para lançarmos o mais rapido possível.
Carnificina Metal: No Myspace da banda há uma espécie de petição que diz: "Bring Flagelador to Los Angeles". Tem alguma previsão real para que vocês toquem na terra do Tio Sam?
Exekutor – na verdade, não. Eu fiquei sabendo disso através da entrevista, ninguém nos procurou oficialmente em relação a isso. De qualquer forma, é muito dificil tocar nos EUA, e não é viável fazer poucos shows, economicamente falando. Mas, obviamente, gostariamos muito de tocar lá.
Carnificina Metal: Pouco a pouco o mundo vai colocando os olhos sobre bandas como vocês. Vocês fazem músicas apenas em português desde o início. Já pensaram em fazê-las em inglês afim de se adaptar melhor ao mercado iternacional? Ou vocês não acham necessário fazer tal mudança?
Exekutor – seria necessário se eu pusesse a questão financeira à frente da parte artística, realmente.
Uma banda como a nossa, cantando em inglês, faria mais sucesso do que com a estética atual, sem sombra de dúvidas.
Mas, não tem como. Isso é uma parte inconcebível.
Nunca, anotem isso, NUNCA iremos criar uma música em inglês para o Flagelador. É a nossa estética, faz parte da questão artística envolvendo a banda. Nunca iremos abrir essa concessão. Eu não tenho nada quanto a cantar em inglês, inclusive, todas as minhas outras bandas são com letras em inglês. De verdade, não me importo com a questão envolvendo mercado. É óbvio que eu atribuo valor à minha música, cobro cachê nos shows, vendo discos, mas é uma questão de incluir um valor ao trabalho, à arte.
A primeira imagem que vem à minha cabeça, quando eu estou criando uma música, é a do garoto ou da garota que trabalham a semana toda, estressados por uma rotina semanal e oprimidos por uma sociedade cruel onde o dinheiro está acima de tudo e de todos, e que vai à loucura no final-de-semana e se livra de tudo isso batendo cabeça como se não houvesse amanhã, ao nosso som. Colocando um disco nosso no último volume e sentindo a energia correr por cada fibra do corpo!
É nisso que eu penso, na reação que as pessoas irão ter ao ouvir essa música nova. Penso em como me sentiria se eu fosse um fã, ao ouví-la. Se ela me agradar, se eu me sentir realizado com esse som novo, então eu imagino que haja outra pessoa que também se sentirá assim.
Nesse momento de criação, não vejo a criançada me dando notas de dinheiro e pegando o disco em troca. Vou valorar (para valorizar) o meu material, é claro, sem sombra de dúvidas. Mas a minha arte está acima de tudo.
Carnificina Metal: Vocês ainda não tocaram fora do país, certo?
Exekutor – ainda não, mas temos planos para o ano que vem.
Queremos fazer alguma coisa pela América Latina e Europa depois.
Temos muitos fãs e amigos em Portugal também. Quando começarmos a pensar em uma tour, vou sinalizar à possibilidade de fazermos, pelo menos, uns 3 ou 4 shows por lá. Nesse momento, a prioridade é de fazermos uma tour completa pelo Brasil.
Organizadores de shows, principalmente do Nordeste, sintam-se à vontade para entrar em contato com a banda. Queremos muito ir aí!
Carnificina Metal: Cite 5 bandas, que na sua opinião, são as maiores influências para o Flageladör.
Exekutor – O Motorhead já vale por 5, então, não irei citar.
Slayer (fase Show No Mercy), Dorsal Atlantica, Judas Priest, Venom, Stress.Claro que existem inúmeras outras, e essas não são as principais. São as que vieram no momento, para compor esse set.
Carnificina Metal: Qual o conselho mais importante que você daria para as bandas que estão começando agora?
Exekutor – Ninguém pode viver a sua vida por você. Vão te falar que não dá pra viver de música, vão te dizer pra largar tudo e arrumar um emprego. Algumas pessoas irão te apoiar no seu sonho, mas irão querer te dizer como você deve fazer a sua música. Outras irão te intimar, irão falar mal de você e do seu som.
Lembre-se sempre disso: se você gosta da sua música, é bem provável que outras pessoas também curtam, que irão se identificar com ela. Atenha-se ao seu ideal, faça a tua vida valer a pena, faça a sua música valer a pena. Se você se comprometer e criar o seu som de acordo com a visão dos outros, o seu sucesso será o deles. Você se vendeu. Não se venda nunca! Faça do seu jeito, faça pra você. Outros se juntarão ao seus ideais.
Principal: batalhe muito. Ninguém tem o direito de te dizer que você não irá chegar lá. Lute. Dê o seu melhor. Leve a porrada da cena, caia, se arraste, mas nunca abandone a SUA luta. Trabalhe pra cacete o seu som.
Último conselho: se me encontrar nos shows, me pague uma cerveja e te darei mais conselhos.
Carnificina Metal: Agradeço de coração pela oportunidade! Espero que tudo corra bem com o Flageladör, principalmente para que eu e todos os outros fãs possam quebrar tudo vendo vocês ao vivo. Lhes desejo Sucesso na caminhada!
Exekutor – muito obrigado pela oportunidade, meu irmão!
Me diverti muito respondendo essa longa entrevista, valeu mesmo por nos ajudar com a nossa divulgação!
Abraço enorme a todos os nossos fãs e amigos, espero vê-los em breve!
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