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S.H.O.T.: entrevista com a banda paulista de Sleaze/Glam

Por Jorge A. Silva Junior
Postado em 03 de dezembro de 2011

Nos últimos anos, a Suécia tem sido o berço de importantes bandas da cena Hard Rock/Sleaze Glam, entre elas CRASHDÏET, HARDCORE SUPERSTAR, GEMINI FIVE, VAINS OF JENNA e CRAZY LIXX. Mas não é só nas gélidas terras europeias que este gênero ganha força. Após lançar o álbum de estreia, 'Holocaust Riot', e com recente destaque no conceituado site canadense Sleaze Roxx, os paulistas da S.H.O.T. despontam como grata surpresa do estilo que marcou os anos 80 e reviveu na última década. Confira abaixo uma conversa com a banda.

Olá, pessoal! Por favor, se apresentem e contem como foi o início da banda, além das influências musicais de cada um.

Lenny: Sou o vocalista e guitarrista. Apesar de a nossa história ter começado em meados de 2008, posso dizer que entre o início até 2010 foi uma época ruim. Foi uma fase em que a banda não teve progresso nenhum, pois sempre tinha algo que nos atrasava em todos os sentidos. Só a partir do final do ano passado que conseguimos fazer o que queríamos, como gravar um CD totalmente independente, dois videoclipes e, com o apoio da prefeitura de Votorantim (SP) e uma equipe do bairro Green Valley, organizar um festival que acreditamos ser o maior já feito no Brasil do gênero Sleaze/Glam. Em relação às influências, pra mim, tudo que tenha raízes no Rock N' Roll é valido na hora de compor, mas é claro que sempre existem aquelas bandas que te inspiram e influenciam mais. No meu caso seriam DANGER DANGER, KISS, WARRANT e várias outras que ficaria falado o dia todo aqui (risos).

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Guiller: Sou o baterista. Conhecemos o Traci em um antigo bar aqui de Sorocaba e, apesar de termos influências bastante opostas, foi uma ligação perfeita para a banda se transformar no que é hoje. Como o Lenny, o Henry e eu crescemos juntos, nossas influências não são muito opostas. Mas, certamente, cada um tem uma banda que curte mais. Eu, atualmente, tenho escutado muito DEF LEPPARD.

Henry: Sou guitarrista. Minhas influências vão desde BLACK SABBATH até MÖTLEY CRÜE.

Traci: Sou baixista e curto Punk Rock.

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Desde o lançamento de 'Holocaust Riot', a S.H.O.T. vem ganhando destaque no exterior como representante brasileiro do Sleaze. Vocês concordam com este rótulo? Como tem sido assimilar tamanha responsabilidade?

S.H.O.T.: Dizer que a S.H.O.T. é a representante do Sleaze/Glam no Brasil é muita injustiça. No cenário nacional existem bandas fodidas, como PINK DOLLS, LIPZTICK, HOTT NYLE e muitas outras que estão surgindo. Sabemos desta boa repercussão no exterior. Isto é algo muito gratificante pra nós, principalmente pelo fato de o nosso 1º CD ser um trabalho totalmente independente.

Para vocês, como está atualmente a cena underground no país? Ferramentas como Facebook, Youtube e Twitter ajudam o suficiente para que as bandas continuem na ativa?

S.H.O.T.: Cara, na real, a cena no Brasil tem tudo para ser uma das melhores do mundo, mas, infelizmente, a galera que pensa em montar uma banda hoje em dia prefere fazer covers. Quem tem som próprio faz isto como um hobby, não vive a emoção e o sonho de ser um Rock Star. Ninguém tem a moral de largar trabalho ou faculdade para se cair no mundo. A banda nunca é primeiro plano. Para o cenário daqui mudar, a galera tem que viver, respirar e priorizar o sonho, caso contrário as coisas continuarão assim. Tudo bem, as coisas no Brasil são mais difíceis, temos menos oportunidades e apoio. Mas este é o barato da coisa. É muito mais legal quando você vive no underground e tem de correr atrás para fazer seu CD, videoclipe, etc. Acho que se tivéssemos grana não seria tão legal como é hoje. Tudo o que a S.H.O.T. faz se torna uma diversão, desde a hora de gravar e editar até organizar shows. Fazemos da maneira mais Rock N’ Roll possível. É muito fácil gravar um som, tirar fotos e colocar na internet. Mas, e a atitude e o espírito rock, onde fica? Isto é um jogo: se você ganhar, fica marcado na história, mas se perder, foda-se, pelo menos curtiu sua vida da forma mais intensa possível e não viveu sobre um paradigma da sociedade.

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Em relação às redes sociais, não vamos ser hipócritas em dizer que não nos ajudam quanto à divulgação. Mas, se não tivesse toda esta tecnologia, tudo seria muito mais ativo e emocionante. Acreditamos que ela (tecnologia) é a grande causadora do comodismo da nova geração.

A relação familiar que existe na banda, que conta com três irmãos (Lenny, Henry e Guiller Terron), é um diferencial na hora de compor e do convívio?

S.H.O.T.: Tirando as brigas que sempre rolam por acessórios e todo o visual, isto ajuda bastante, pois estamos bem próximos. Nada bom pra nossa mãe, que precisa aguentar isso 24h por dia e estar sempre escondendo suas maquiagens (risos). Além de nós três, há também outro irmão, o Mey Terron, que segue as nossas ideias e tem uma banda, a ENSANED SIDE.

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Falem sobre o processo de gravação e produção do álbum. Todo material já estava pronto quando entraram em estúdio?

S.H.O.T.: O processo de gravação deste CD foi muito complicado. Ficamos quase nove meses dentro de um estúdio improvisado na casa dos caras da banda LIPZTICK. Enquanto gravávamos as primeiras músicas, aproveitávamos para terminar de compor as outras, apenas com a melodia de voz, sem nunca tê-las tocado ao vivo. Mas foi uma época muita legal. Apesar do stress das gravações, ficávamos o dia todo na casa dos caras, bebendo e gravando. Quando começou a gravação não tínhamos um puto no bolso, apenas uma mesa de som, que demos em troca das gravações. Com a ajuda dos caras da LIPZTICK, gravamos e depois conseguimos um contato com um produtor de Sorocaba, o Felipe Colenci, que nos ajudou na mixagem e masterização.

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Por conta do reconhecimento deste trabalho, a S.H.O.T. foi indicada para tocar no famoso Sweden Rock Festival. Como isto aconteceu?

S.H.O.T.: Na realidade, isto surgiu a partir de alguns fãs da Suécia, que já acompanhavam a banda há algum tempo e queriam ver a S.H.O.T. ao vivo. Depois ficamos sabendo que o Sweden Rock Festival estaria abrindo inscrições para uma competição, onde bandas de qualquer lugar do mundo poderiam participar. Após a inscrição de mais de 1000 bandas, os organizadores fizeram uma seleção de 115 para a semifinal. Há alguns dias, recebemos um e-mail dos produtores nos informando que fomos classificados para esta semifinal e que uma votação no próprio site do festival estava aberta, na qual as 20 primeiras iriam para a final, disputando três vagas. Inclusive, aproveitando o espaço, gostaríamos de pedir o apoio de todos nesta votação, pois, se conseguirmos vencer a competição, será um puta reconhecimento lá fora para o cenário Sleaze/Glam do Brasil.

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Link de votação para a S.H.O.T. tocar no Sweden Rock Festival:
http://www.swedenrock.com/index.cfm?pg=574

Mesmo com pouco tempo de estrada, a banda já possui dois videoclipes: "Wicked" e "Seventh Night". Vocês tiveram dificuldades durante as gravações ou tudo aconteceu como previsto?

S.H.O.T.: (risos) Não foi muito diferente da gravação do CD. Queríamos muito lançar um videoclipe, mas faltava grana pra isso. Pegamos emprestada a câmera de um vizinho. Depois, compramos latas de spray, luzes, alguns metros de correntes e muita cerveja. Foi assim que surgiu nosso primeiro clipe: "Wicked". A ideia da gravação de "Seventh Night" surgiu meio que do nada. Estávamos bebendo em um bar perto do Green Valley quando, de repente, olhamos para o outro lado da rua e avistamos um cenário próximo a um baú abandonado. Foi aí que começamos a planejar a gravação. No dia seguinte chamamos uma galera para gravar o clipe - inclusive, tem um Making Of deste dia -, só que nosso baterista, como sempre, bebeu demais e não consegui ficar em pé. Então marcamos a próxima semana. Apesar de conseguirmos gravar as cenas, tivemos vários problemas. Um deles foi com a aparição da polícia por conta do barulho, no meio da rua, às 2h da manhã. Só depois de muita conversa, eles foram embora e levaram dois CDs da S.H.O.T.

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A S.H.O.T. já tem planos para 2012? Quais são?

S.H.O.T.: Há muitos planos para 2012. Novas músicas já estão sendo compostas, estamos planejando nosso próximo videoclipe e também abrindo uma agenda de shows. Se tudo der certo, estaremos no Sweden Rock Festival dividindo o palco com uma das nossas maiores influências, o MÖTLEY CRÜE.

Para finalizar a entrevista, deixem um recado para os fãs e leitores.

S.H.O.T.: Galera, essa é a vez do Brasil representar a cena Sleaze/Hard/Glam lá fora. Como costumamos dizer, os Estados Unidos e a Europa já estão marcados na história. Portanto, vamos nos unir pra deixar a marca do Brasil para as próximas gerações que virão!

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Para conhecer melhor o trabalho da S.H.O.T., acessem os links a seguir:

http://shotofficial.com
http://youtube.com/shotfuckband
http://myspace.com/shotfuck
http://twitter.com/shotfuckband
http://facebook.com/shotfband

S.H.O.T.:

Vocal/Guitarra - Lenny Terron
Guitarra - Henry Terron
Baixo - Traci Klinger
Bateria - Guiller Terron

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Sobre Jorge A. Silva Junior

Jorge Junior é paulistano, jornalista diplomado e colaborador do Whiplash.Net desde 2009. Tem mais de 400 matérias e notas publicadas, que somam aproximadamente um milhão e meio de acessos. Também realizou a cobertura de shows de grande porte, entre eles Ringo Starr, Eric Clapton, Deep Purple, System Of A Down, Red Hot Chili Peppers e Ozzy Osbourne. O autor pode ser seguido no Twitter: @jorgejunior85.
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