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Head Stoned: o melancólico Thrash Metal de Portugal

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 20 de julho de 2011

Natural de Portugal, o Head:Stoned está estreando com "I Am All", um disco que funde Thrash e Heavy Metal Tradicional e que vem recebendo boas críticas pela crítica especializada da Europa. O Whiplash! conduziu uma entrevista com o baterista Augusto Peixoto e o vocalista Vítor Franco para conhecer sua história e um pouco da cena underground lusitana.

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Whiplash!: Olá pessoal. O Head:Stoned é uma banda com pouco tempo de estrada e ainda desconhecida entre o público brasileiro. Que tal começarmos com um pouco de sua história?

Augusto Peixoto: Inicialmente o nome era Headstone, que foi formado em 2006 na cidade de Porto (Portugal), por mim, Augusto Peixoto (bateria – Cycles, ex-Dove), depois de Pedro Gouveia (voz – ex-Dove, ex-Pitch Black) me ter ‘convencido’ a formar uma nova banda. Entretanto, foram convidados a fazer parte do projeto Carlos Barbosa (guitarra – ex-Cycles, ex-Fears Tomb), Pedro Vieira (guitarra – ex-Withering) e Henrique Loureiro (baixo – ex-Cycles).

Peixoto: O Headstone deu o primeiro concerto no Porto Rio Bar em 04 de novembro de 2006. Depois deste grande evento, o vocalista Pedro e o baixista Henrique deixaram a banda, mas foram rapidamente substituídos pelo vocalista Vítor Franco (ex-Stillness In Chaos) e pela baixista Vera Sá (Cycles). Após variadíssimos concertos em vários pontos do país, e inclusive abrindo concertos para bandas importantes como o britânico Onslaught, conseguimos criar um feedback bastante sólido no underground português. Assim, resolvemos preparar a gravação do EP "Within The Dark", lançado em abril de 2009 e que conseguiu surpreender vários quadrantes da cena nacional e o público em particular, fazendo com que o EP se encontre praticamente esgotado.

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Peixoto: Após termos composto o primeiro álbum da banda, "I Am All", em maio 2010 e já com o Nuno Silva como novo guitarrista, entramos novamente nos Estúdios Soundvision e com o produtor Paulo Lopes gravamos o sucessor do aclamado EP. O álbum "I Am All" foi lançado pelo selo nacional Major Label Industries em março de 2011. E, por questões legais, tivemos que alterar o nome e passamos a nos chamar HEAD:STONED.

Whiplash!: Após o EP "Within The Dark" e a alteração do nome da banda, o ‘novo’ Head:Stoned tinham algo musicalmente diferente e que quisessem por em prática no debut "I Am All"?

Vítor Franco: Acho que a diferença existe mais ao nível da produção. O som em "I Am All" está mais orgânico, ou sujo, se preferirem. Musicalmente, há sempre uma progressão natural de um trabalho para o outro, mas sem haver, propriamente, uma ruptura.

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Peixoto: Aliás, o álbum contém temas mais antigos que os que foram editados no EP. Melhor continuidade que esta é praticamente impossível. Ainda para mais, não somos uma banda de grandes aventuras sonoras, tocamos o que sabemos e, principalmente, o que queremos.

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Whiplash!: Ainda que tenha sua raiz no Thrash, "I Am All" apresenta elementos do Heavy Metal Tradicional e uma melancolia que o posiciona em um patamar relativamente diferente das outras bandas. Como equilibrar essa química musical no processo de composição do Head:Stoned, afinal?

Vítor: A banda começou justamente com a intenção de tocar Thrash Metal. Essas influências não se perderam, apesar de o nosso som se fundir cada vez mais com esses elementos heavy. No entanto, a forma como construímos as músicas é mais intuitiva do que intencional. Não temos nenhuma direção específica por onde queiramos levar o nosso som.

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Peixoto: Certo, somos uma banda que sabe o que quer e por onde poderemos ir. Temos plena consciência das nossas capacidades, sejam musicais, sejam humanas, que, como é lógico, se vão complementar nos temas que compomos.

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Whiplash!: Além de a seção instrumental convencer, Vítor Franco oferece uma performance bem dramática e se revela parte importante no resultado final de "I Am All". Quais as influências deste vocalista?

Vítor: As influências mais imediatas, segundo as críticas que temos tido, serão Warrel Dane (Nevermore) e Matt Barlow (Iced Earth). Não o nego, mas vozes como as de Faith No More, Fates Warning, Morgana Lefay e Dio, por exemplo, também estão presentes, mais ou menos conscientemente, em tudo o que canto.

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Whiplash!: Vocês transmitem um forte pessimismo sobre o rumo que a humanidade vem tomando... Qual a inspiração para o conteúdo lírico de "I Am All"? Aliás, o baterista Augusto Peixoto fez um belo trabalho ao retratar este sentimento pelo projeto gráfico do disco, parabéns!

Vítor: A inspiração para as letras vem de experiências e reflexões pessoais e estas (as letras) não costumam ser as mais alegres, realmente, apesar de eu até ser um tipo brincalhão. Mas é a minha forma de escrever e de exteriorizar sentimentos menos fáceis e simples de manifestar.

Peixoto: Conjugando tudo isto à minha interpretação do que é a Arte, conseguiu-se atingir também um patamar bastante sujo com o aspecto gráfico, e existe realmente uma forte relação da temática lírica do álbum com a visual e, principalmente, musical.

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Whiplash!: Com o advento da internet, a venda de CDs não possui tanto impacto para a carreira de uma banda. Quais as vantagens em se trabalhar com selos de pequeno e médio porte hoje em dia, e como rolou o contato com a Major Label Industries?

Vítor: Sentimos o ‘impacto’ que a venda dos nossos CDs tem apenas com aqueles que nós próprios distribuímos, porque essa receita fica logo com a banda. Os que são distribuídos pela Major Label têm a vantagem de poder chegar a locais fora do nosso alcance. Quanto à internet, não me causa confusão que o nosso disco já ‘circule’ por aí. Eu próprio tomo conhecimento de novas bandas através de mp3 e, ficando a gostar, é uma questão de tempo (e dinheiro!) até comprar o original. Gosto de ter o suporte físico, com o artwork, etc, e certamente que ainda há muitos consumidores de música por aí.

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Peixoto: A Major Label Industries já nos conhecia do tempo do EP e só não assinaram conosco na época por uma questão de timming... A partir do momento que ouviram o álbum, assinamos um contrato e podemos afirmar que até ao momento tem corrido tudo bem. Isto também se deve ao respeito de ambas as partes em acreditar no trabalho que fazemos.

Whiplash!: Ainda que o Brasil esteja repleto de excelentes bandas e algumas distribuidoras cuidando de seus lançamentos, persiste a dificuldade em conseguir espaço para tocar. Como é a cena musical de Portugal e quais as expectativas do Head:Stoned perante o público da nova geração?

Vítor: Por aqui a situação certamente não é melhor, até porque somos um país com uma área bem menor. Há três ou quatro grandes festivais do gênero, mas onde, no que diz respeito às bandas nacionais, só entram aquelas com certo reconhecimento ou carreira. Quanto a bares ou salas para tocar, há algumas dezenas por todo o país, mas, mesmo que se consiga ir a todas, cedo se volta ao ponto de partida. Por exemplo, na nossa cidade (Porto), é comum ter a mesma meia dúzia de bandas a tocar no mesmo local, de três em três meses.

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Vítor: A nova geração parece apreciar sonoridades mais extremas, pelo menos por aqui. Daí que uma banda com um som mais tradicional como o nosso possa soar... diferente! No bom e no mau sentido, conforme os gostos, claro. Mas preferimos isso a ser apenas ‘mais uma banda’.

Peixoto: Exatamente, e por não sermos mais uma banda é que a MLI assinou conosco! Preferimos ter uma atitude digna e mantermos a nossa identidade do que mudar a sonoridade para agradar a gregos e troianos!

Whiplash!: Até que ponto ser uma banda de Portugal dificulta seu trabalho em termos de divulgação, e como está sendo a recepção de "I Am All" perante as outras nações?

Vítor: No contexto europeu, Portugal sofre por ser um país periférico. Por exemplo, em países como a Alemanha, França ou Polônia, há concertos todos os anos e em várias cidades, de bandas que talvez visitem Portugal uma vez em cada cinco anos (com sorte!) e em uma cidade apenas. Para uma banda portuguesa, sair para a Europa é ainda mais difícil. O disco vai chegando a um ou outro ponto, aos poucos, até porque já tivemos algumas críticas do estrangeiro. Mas sair para tocar é outra história, começando mesmo pela nossa disponibilidade, que não é muita, devido à vida de cada um.

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Peixoto: E depois é tudo uma questão de sorte... Quantas bandas há no mundo com uma qualidade fora do normal e praticamente ninguém as conhece? E depois existem aquelas que nem são nada atrativas e ainda assim conseguem grandes contratos e até um enorme reconhecimento! Como referi anteriormente, queremos manter a nossa identidade e compor música com feeling e com total noção de liberdade. Tudo o que vier a mais a partir daí será excelente. E, juntando às críticas internacionais que recebemos (não são muitas), são importantes na sua grande maioria, apontando o "I Am All" com um ótimo trabalho, o que nos deixa bastante satisfeitos.

Whiplash!: Considerando que acabou de estrear em disco, qual o principal foco do Head:Stoned para 2011?

Vítor: Para já, tentar rodar o disco ao vivo pelo nosso país. Depois, logo se verá. Não costumamos apontar metas muito distantes. Vamos fazendo pequenos progressos e desfrutando de cada um.

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Peixoto: Além de que já começamos a preparar o novo disco, portanto, continuamos a proceder da mesma forma, tal como desde o primeiro dia.

Whiplash!: Ok, o Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte ao Head:Stoned. Fiquem à vontade para os comentários finais...

Vítor: Nós é que agradecemos pelo interesse e pela divulgação. Tudo de bom para vocês!

Peixoto: Esta entrevista é a prova que vamos conseguindo ultrapassar fronteiras e é um enorme prazer ter podido responder para uma publicação de um país-irmão. Falando praticamente a mesma língua, será mais fácil nos compreenderem. Obrigado pela oportunidade e até uma próxima vez. E um especial agradecimento ao Ben pela abordagem aos HEAD:STONED.

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Contato: www.myspace.com/headstonedmetal

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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