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HellLight: de volta os sentimentos mais profundos

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 09 de junho de 2011

O HellLight já pode ser considerado como um veterano na cena Heavy Metal. Paulistano na ativa desde 2001, o pessoal está divulgando seu terceiro álbum, "…And Then, The Light Of Consciousness Became Hell…", lançamento do selo russo Solitude Productions e uma belíssima obra do chamado Funeral Doom Metal. O Whiplash! conversou com o solícito vocalista e guitarrista Fabio De Paula, que deu uma geral na proposta da banda.

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Whiplash!: Saudações, pessoal! Apesar de quase uma década de história, me parece que o nome HellLight teve maior repercussão no exterior do que em seu próprio país... Que tal um breve histórico para o leitor conhecê-los melhor?

Fabio De Paula: Olá pessoal do Whiplash!, é um grande prazer responder a essa entrevista... O HellLight é uma banda de Funeral Doom Metal, um estilo que, infelizmente, é pouco difundido em nosso país. Por isso achamos melhor começarmos a divulgação em países que já tem alguma tradição nesse estilo. Felizmente deu certo, tivemos uma ótima receptividade nos países da Europa. Nosso segundo álbum foi lançado pela gravadora alemã Ancient Dreams e o terceiro, pela russa Solitude Productions. Ambos tiveram uma tiragem muito boa e, surpreendentemente, venderam muito bem.

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De Paula: Porém, acreditamos que chegou o momento de divulgarmos nosso trabalho no Brasil, não é fácil abrir caminho, mas estamos muito satisfeitos com os resultados até agora. O Brasil é um país que tem certa tradição em Metal underground, porém, quando falamos em Funeral Doom Metal, os caminhos ainda estão muito fechados.

Whiplash!: Algo que sempre chamou a atenção no HellLight é o uso de várias vozes limpas, o que acaba conferindo um caráter mais particular à sua proposta. De qualquer forma, em que pontos o novo disco "... And Then, The Light Of Consciousness Became Hell..." pode apresentar alguma evolução em relação a seus antecessores?

De Paula: O novo álbum é, de certa forma, uma continuação do álbum anterior, pois lidamos com o mesmo tema que é a repressão e a tirania que foram e ainda são exercidas pelas religiões cristãs... O título (‘... e então, a luz da consciência se tornou o inferno...’) significa que a cultura, o conhecimento científico e a religiosidade praticada pelos pagãos anteriores ao cristianismo, foi e ainda é considerado infernal e blasfemo pelos cristãos... Fato que foi responsável por milhares de mortes no passado, e de certa forma, ainda é muito ativo. Com relação à parte técnica, neste álbum nós pudemos adicionar corais, o que nos permitiu abrir uma nova atmosfera ao som.

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Whiplash!: Como você disse, os discos "Funeral Doom" e "...And Then, The Light Of Consciousness Became Hell..." foram lançados respectivamente por um selo alemão e russo. Considerando toda a diferença geográfica e cultural entre as nações, como está sendo a repercussão de um HellLight oriundo de um país tropical e que executa uma música absurdamente melancólica?

De Paula: É bem interessante esse tipo de paradoxo, essa questão sempre surge nas entrevistas internacionais, é difícil pra eles entenderem como existe Doom Metal no Brasil... Mas a realidade é que o Doom, a exemplo dos outros tipos de Metal, é um tipo de arte que vem de dentro de cada pessoa, não depende necessariamente de onde a pessoa é... Existe Metal vindo de lugares do mundo que nem imaginamos.

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De Paula: Eu recebo mensagens de fãs de países que nunca ouvi falar e essa é a beleza da coisa. É isso o que, em minha opinião, classifica o Metal como forma de arte. É totalmente independente do local, vem de dentro mesmo, traz emoções muito pessoais. E pela repercussão positiva, acredito que eles tenham entendido a mensagem.

Whiplash!: É do conhecimento de todos que o Heavy Metal possui muitas dificuldades em encontrar o devido espaço no Brasil. Agora, com o andamento extremamente arrastado e as longas composições, certamente existe uma barreira ainda maior para o chamado Funeral Doom que vocês praticam. Que recursos o HellLight utiliza para contornar este fato e atrair as atenções para sua Arte?

De Paula: Infelizmente isso é verdade... Nós encontramos muitas e muitas barreiras, mas aos poucos estamos conseguindo o nosso espaço e reconhecimento. Os nossos recursos são, a princípio, trabalhar bem, fazer shows com muita dedicação e oferecer algo verdadeiro e de qualidade. E quando encontramos pessoas com a cabeça aberta e dispostas a conhecer esse estilo, é muito gratificante, pois percebemos que conseguimos atingir as emoções certas... E isso é muito difícil.

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Whiplash!: O novo álbum conta somente com você e Alexandre Vida. Levando em conta que estão divulgando um novo trabalho, como está a atual formação do HellLight? Aliás, vocês estarão abrindo para o Danzig em São Paulo. Quais as expectativas sobre esse show? Será uma boa exposição, e espero que não haja problemas como em 2006, quando tocariam com o Anathema...

De Paula: A formação atual do HellLight conta comigo na guitarra e vocal, Alexandre no baixo, Roberto na bateria e a Cassia nos teclados... Nós estamos com uma ótima expectativa para abertura do show do Danzig, isso porque nós nunca escondemos as nossas influências, e uma das mais importantes é, com certeza, o Danzig. Eu acredito que será uma noite memorável, o próprio Danzig escutou o nosso som e aprovou para a abertura; eu acho que os fãs do Danzig terão uma boa identificação com o nosso som, que apesar de diferentes, falam a mesma língua, no caso, o Metal obscuro.

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De Paula: Tenho muita esperança que não aconteça nada de errado como ocorreu no show do Anathema em 2006, aquela noite tinha tudo para ser ótima e acabou se transformando num pesadelo. E infelizmente, na noite em que fizemos a abertura para o Therion, também tivemos problemas técnicos terríveis. Não acredito que teremos problemas dessa vez... E, de fato, nós estaremos gravando o nosso primeiro DVD na ocasião, será com certeza uma noite ótima para todos nós, que vivemos e respiramos Metal.

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Whiplash!: Pois bem, considerando que seu terceiro disco ainda seja um produto importado no país de origem de seus criadores, como o público pode adquirir seu exemplar? Não é fácil... Analisando friamente, quais suas expectativas com relação ao cenário underground brasileiro?

De Paula: Para adquirir os nossos álbuns aqui no Brasil, o melhor é entrar em contato com a www.metalmedia.com e eles tem alguns exemplares dos últimos dois álbuns. Senão, aguardem um pouco, pois ambos serão lançados aqui no Brasil também.

De Paula: Nossas expectativas com o cenário underground no Brasil são muito boas, pois eu percebo que (aos poucos) as pessoas envolvidas com isso estão se profissionalizando. Ainda estamos muito longe do ideal, mas não podemos esquecer que já foi muito pior. Eu acredito que será muito melhor quando as pessoas começarem a ter uma posição pró-ativa ao invés de re-ativa; nós sabemos que não é fácil organizar um festival, ou mesmo um show, mas é só assim que as coisas acontecem... Temos que tentar nos unir um pouco mais, pedir ajuda às grandes importadoras de instrumentos musicais com patrocínio para festivais, talvez para a prefeitura, assim como acontece na Europa... A prefeitura organiza festivais de Metal anuais, e isso seria sensacional aqui no Brasil... Os políticos precisariam entender que Metal é arte e arte é cultura, merece investimento.

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Whiplash!: Fabio, seus solos de guitarra esbanjam sentimentos e chamam muito a atenção em seus discos. Quais são suas influências, afinal?

De Paula: Minhas influências são variadas dentro do Metal. Tony Iommi, Dave Murray, John Christ e muitos outros... Também tenho influências de música clássica e trilhas sonoras, mas nos meus solos eu gosto de transmitir emoções, acho que os solos com melodia conseguem fazer isso, tento sempre fazer com que a pessoa que está ouvindo traga de volta aos pensamentos os sentimentos mais profundos, as memórias mais intrínsecas e fortes. O Doom é um tipo de Metal que tem a característica de fazer as pessoas pensarem.

Whiplash!: O HellLight tem uma forte ligação com o paganismo. Até onde essa filosofia tem espaço em suas vidas, fora do mundo artístico?

De Paula: Eu costumo dizer que o HellLight é uma extensão de nossas vidas, pois somos exatamente como parecemos na banda, pensamos exatamente o que queremos transmitir. Somos pagãos na banda, temos essa filosofia, essa religião. Cresci assim, fui criado assim e o fato de ser músico só fez com que isso virasse música. Estudo astrofísica há muitos anos como hobby, e não sou o único na banda a fazer isso... Somos todos influenciados pelas idéias e conhecimentos pagãos sobre ciência e espiritualidade.

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Whiplash!: Para finalizar, uma curiosidade: há um tempo foi divulgado que você estaria preparando um álbum solo chamado "Seternum". Poderia dar mais detalhes acerca deste projeto? Qual será sua linha musical?

De Paula: Esse é um projeto que mantenho junto ao Phil Motta, baterista do Arranged By Nameless, que está em andamento e começaremos a gravar logo. Nós iremos reunir alguns amigos que fiz durante todos esses anos no Metal para montar um time nesse projeto, já tenho quase todas as músicas prontas; será uma mistura de Metal com Metal (rsrs), de Black Sabbath até Behemoth... Mas, antes disso, ainda temos muitos compromissos com o HellLight esse ano. Alguns shows, um disco de covers (versões) e em novembro nós sairemos numa turnê na Europa. Será um ano bastante corrido, ainda bem.

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Whiplash!: Ok, pessoal, o Whiplash! agradece pela entrevista desejando boa sorte ao HellLight. Há algo que vocês gostariam de dizer para finalizar?

De Paula: Eu agradeço muito pela oportunidade de expressar tudo isso que penso, e gostaria também de demonstrar a minha admiração pelo Whiplash! e a todo o time de profissionais que carregam junto conosco a bandeira do Metal nesse país.

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De Paula: Também preciso agradecer a todos os nossos fãs que nos dão suporte, nos ajudam e nos respeitam, lembrando que o Metal nacional é feito de fãs para fãs. Nunca deixem de acreditar e levantar essa bandeira. Aguardo vocês no próximo show!

Contato:
http://www.helllight-doom.com
http://www.myspace.com/helllight

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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