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Leverage : Tuomas Heikkinen fala sobre "Circus Colossus"

Por Julia Braga
Fonte: Leverage Brasil
Postado em 24 de dezembro de 2009

Entrevista feita em 16/12/2009

LEVERAGE surgiu do nada em 2006, causando uma reviravolta com o lançamento do álbum debut "Tides". O grupo mistura o som do metal moderno com um gênero mais antigo, a composição baseada em melodia ganhou ótimas reviews (revisões) da mídia e criou uma base de fãs tanto na Finlândia quanto na comunidade de rock em muitos países.

O terceiro álbum do LEVERAGE, "Circus Colossus", que entrou nas paradas musicais no país natal da banda em 27° posição, foi lançado dia 4 de Novembro via gravadora Spinefarm. Então fomos atrás do Tuomas Heikkinen para fazer algumas perguntas sobre o último empenho do LEVERAGE.

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Parabéns pelo lançamento de seu novo álbum ‘Circus Colossus’, que saiu recentemente na Europa, logicamente gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre ele. Primeiro de tudo, não estou familiarizado com a sua banda, poderia então começar esta entrevista com uma pequena introdução?

Tuomas: Somos um monte de veteranos sazonais no campo do heavy rock, o Leverage começou entre eu (Tuomas Heikkinen, guitarra), Torsti (Spoof, guitarra) e Pekka (Heino, vocais) no fim de 2003, quando começamos a trabalhar em umas músicas demo que escrevi. Eu toquei para Torsti com um amigo meu, Kimmo Blom (Urban Tale etc), que cantou. Torsti gostou muito delas e queria começar a trabalhar para colocá-las em uma boa demo. Daí então corri ao Pekka para tocarmos um show cover, um desses acordos alguém-faça-com-que-uma-banda-se-forme, fiquei impressionado pelo talento dele e logo o apresentei ao que tinha até então. Nós nos damos bem logo de começo, Torsti tem um ótimo estúdio (mais sobre isso mais tarde) e aos poucos tivemos boas gravações de demo completas enquanto recrutávamos o resto da banda (Pekka Lampinen, baixo; Valtteri Revonkorpi, bateria; Marko Niskala, teclado) pelo caminho, nos levando a ter um CD promocional com sete faixas em nossas mãos no começo de 2005. Para encurtar a história, nós fomos contratados um mês depois e começamos a escrever o resto que se tornou ‘Tides’ e entramos no estúdio no final de 2005 para gravar tudo de novo e com agora com a banda completa. Nós tocamos alguns shows cover durante 2005 e em 2006 para fazer com que a banda entrasse na vibração antes do lançamento de ‘Tides’ em Agosto de 2006.

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Como você começou a escrever o material para o ‘Circus Colossus’ e quanto tempo você levou nas músicas?

Tuomas: Foi bem um ano atrás, nós assinamos com a Spinefarm e sacamos que estava na hora de começar a escrever muito. A partir daí passamos muitas horas escrevendo, fazendo demos etc até Maio, quando entramos no estúdio. Acredito que tudo que você escuta no "Circus Colossus" foi escrito ou ao menos juntado pela primeira vez entre Novembro de 2008 e Maio de 2009.

Que espécie de aproximação vocês escolheram para criar esse álbum, vocês foram para uma exposição mais crua... ou algo mais remanescente de seus outros trabalhos ou algo totalmente diferente de tudo?

Tuomas: Houve uma grande mudança de atitude, de repente nos bateu que a lua de mel acabou e que nós estaríamos fazendo nosso terceiro álbum, que comumente é referido como sendo o de vida ou morte. Com isso, queríamos fazer o álbum de estúdio que soasse o mais grandioso possível dentro do que nós poderíamos fazer.

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Tuomas: Ainda amo os dois primeiros álbuns que fizemos, a diferença aqui é que nós agora entendemos o fato que não podemos tocar para as pessoas que tem todos os nossos álbuns, que haveria pessoas pegando o novo e muito provavelmente nunca nos teriam visto ao vivo e portanto a ideia de fazer um outro álbum que soasse mais possivelmente na configuração de ‘Leverage-ao-vivo-na-sua-sala-de-estar’ não fazia mais sentido nenhum.

Tuomas: Quero dizer, essa foi a orientação para ambos ‘Tides’ e ‘Blind Fire’ uma visão áudio-honesta de como as nossas seis peças soam ao vivo. Logo, as pessoas nos shows vinham nos dizer que nós éramos maiores ao vivo do que nos álbuns e nós ficávamos: ‘mas que diabos...?’ Acho que o fato de que ver uma banda ao vivo com o volume alto não se emprega à todas as faixas que são escutadas no álbum para serem curtidas [n.da tradução: do jeito certo, como se banda estivesse realmente ali], nós apenas não sacamos isso mais cedo.

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Tuomas: Então decidimos por grandes corais quando necessitávamos, algumas orquestrações, mais overdubs nas guitarras e em alguns pontos, em outras palavras, a ficha caiu e decidimos começar a fazer o que se faz em estúdio no geral.

As ideias vieram com facilidade para que você apenas precisasse escrevê-las ou foi mais cuidadoso nessa coisa de compor?

Tuomas: Posso apenas falar por mim mesmo, e varia muito. Mais frequentemente do que não, eu começo com uma pequena ideia, e essa pequena coisa parece pedir por outra coisa ao lado e assim vai, até que você tem uma estrutura básica com alguns buracos aqui e ali, que precisa de um material para ‘colar’, minhas demos são realmente uma bagunça no começo. É como se fosse: "essa parte precisa ser bem pesada" e eu rapidamente construo alguma coisa no computador e meio que tento moldar e esculpir tudo junto no dia seguinte. Frequentemente o resultado final é bem simples comparado à uma estágio demo. Tento seguir a lei do dedão: "Será que essa música precisa disso tudo?". Mas há músicas do "Circus Colossus", especialmente "Wolf and the Moon" e "Worldbeater" e talvez também "Prisioners" que eu tentei cuidadosamente montar.

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O que vem primeiro, letras ou melodias?

Tuomas: Muito frequentemente é o caso de cantarolar uma linha do refrão com ‘letras de trabalho’ que soam bem, fazendo ou não sentido. Se fizerem, elas irão provavelmente acabar como sendo a orientação para o resto da música, se não terei de começar por outro lado. Mas é a melodia primeiro que trás a ideia de que tipo de história essa melodia pode te contar.

Quais foram as metas que você tinha em mente quando começou a gravar o "Circus Colossus", alguns elementos que você definitivamente queria ter no álbum?

Tuomas: Corais e orquestra, isso havíamos decidido cedo. Grandes refrões e guitarras bem ‘enquadradas’.

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Foi uma decisão consciente fazer deste modo?

Tuomas: Sim, foi. A parte orquestral foi o resultado de um desenvolvimento recente no software, apenas a alguns anos atrás esses samples baseados em orquestras não eram convincentes, agora se tornaram muito bons. Não podíamos pagar por uma orquestra de verdade de qualquer modo, então ficamos realmente felizes que nos dias de hoje se pode ter ‘uma segunda melhor opção’ com um orçamento como o nosso.

Como podemos imaginar o seu trabalho em músicas novas, como é o processo típico pro Leverage? Por exemplo, é um processo grupal ou alguns escrevem mais que outros?

Tuomas: Acho que muito disso foi coberto já. Mas colocarei deste modo: estivemos juntos como banda por algum tempo já, sei como os caras tocam, sei como Pekka canta, o que eles gostaram no passado e por aí vai. Se estou muito convencido que a música seria boa para o Leverage , é muito provável que agradará os caras também.

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Tuomas: Dito isso, aqui estão as informações do "Circus Colossus", de 10 músicas escrevi cinco totalmente, uma com Torsti ("Movie Gods") e uma com Valtteri ("Don’t Keep Me Waiting"), Torsti escreveu a música para duas ("Rider of Storm", "Revelation") sozinho, há 10 se você contar com "Rise", que é totalmente tocada por Sami Boman, o cara da orquestra que me ajudou a moldar "Wolf and the Moon" para ser o que é. "Rise" é na realidade introdução para Wolf, tinha uma intro na demo com a a harmonia básica e ele partiu dali.

Tuomas: Escrevi também todas as letras dos álbuns do Leverage até agora, na versão japonesa do "Circus Colossus" há uma música chamada "Mean and Evil" que Pekka escreveu com um amigo dele.

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Depois do lançamento de seu álbum anterior, um dos membros antigos Pekka Lampinen saiu e Sami Norrbacka entrou. Essa mudança na formação influenciou as músicas novas?

Tuomas: Não, Pekka ainda estava tentando se manter na banda, e ele também toca no "Circus Colossus", Sami era meramente um substituto ao vivo no baixo até que se tornou claro que Pekka não poderia mais tocar conosco regularmente e então pedimos a Sami que se tornasse um membro permanente do Leverage. São ambos ótimos baixistas e pessoas, estamos tristes por perder Pekka, mas felizes em ter Sami.

Qual é o ingrediente para uma música mais importante na sua opinião?

Tuomas: Uma história com um refrão memorável. Um humor.

Você poderia, por favor, descrever as implicações do título do ‘Circus Colossus’, o que é, há um significado especial por trás dele?

Tuomas: Essa coisa era para ser sarcástica. Pensamos que havíamos um álbum que soou bem grandioso e passamos por todos os tipos de ideias de trás pra frente atrás de um título. Em algum ponto apenas mandei: "Você quer que seja grande, que tal Circus Colossus?" Eu achava isso engraçado pra caramba, mas os caras amaram a ideia. E depois de ter pensado muito, o título fez com que tudo que havíamos discutido parecesse bem pequeno. Então o mantivemos.

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Pode nos dar uma pequena explicação sobre o que as letras falam, há alguma história por trás delas?

Tuomas: Então eu sou a parte culpada. Eu prefiro deixar as pessoas interpretarem as letras do jeito que elas quiserem e algumas vezes fiquei muito surpreso falando com pessoas e escutando como elas transformaram a letra de uma música em algo que cabe à vida delas ou ao jeito de pensar no geral. No "Circus Colossus", há elementos que podem ser conectados à minha própria vida ou a uma história de alguém que eu conheça, mas não tão diretamente. Darei um exemplo "Worldbeater" descreve uma situação em que você não aguenta mais uma pessoa falando pelos cotovelos e decide então fazer algo, venha o vier. Todos passaram por isso, acredito."

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Como se procedeu o processo de gravação dessa vez, vocês trabalharam de modo diferente dos outros álbuns e quanto tempo vocês passaram no estúdio?

Tuomas: Foi bem suave, mesmo que tenha sido muito trabalhoso e com as faixas passando de 100 aqui e ali [n.da tradução: faixas aqui é um termo usado no processo de gravação, espécie de camadas de áudio]. Nós começamos no final de Maio e terminamos em Agosto.

Quem produziu o álbum e o que fez com que fosse a pessoas perfeitas para esse trabalho?

Tuomas: Diria que Jari Mikkola e nosso Torsti fizeram o trabalho ‘mão na massa’ para a produção, já que é o estúdio deles, fiquei sentado lá também e talvez mereça meu nome no encarte do álbum como o terceiro produtor.

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Em quais coisas/músicas do novo álbum as pessoas podem ouvir as ideias e visões deles?

Tuomas: Jari manteve Torsti e eu focados no trabalho e ajudou tremendorosamente a ter tudo pronto. Até onde as visões e ideias vão, nós criamos uma ótima relação de entendimento no estúdio com os três responsáveis pelas gravações, então eu não sei dizer onde casa um de nós tem uma estampa clara ou algo do tipo, é bem como uma coisa de cooperação.

Você tem [músicas] favoritas no álbum?

Tuomas: Sim, mas sempre mudam, estou muito feliz com isso. Não tenho escutado muito por agora, mas quando o faço não aperto o botão para trocar de faixa.

Vocês já receberam algum retorno sobre o álbum?

Tuomas: Sim, recebemos. Os fãs amam ele, os críticos tem opiniões distintas, parece que estamos recebendo lançamentos físicos de país em país o que é ótimo.

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As opiniões de terceiros (mídia, fãs etc) sobre sua música é importante para você? Ou é a música e a banda as únicas coisas que importam?

Tuomas: Fãs são obviamente muito importantes, são a razão por estarmos tocando ao vivo. Mídia é importante para nós para podermos desenvolver a ‘carreira’ do Leverage e estamos contentes em dar entrevistas e coisas do tipo sempre que necessário

No geral, você está satisfeito com o resultado das músicas ou você gostaria de ter mudado alguma coisa, em retrospectiva? Qual elemento do CD te deixa mais orgulhoso?

Tuomas: Há sempre algumas pequenas coisas aqui e ali, mas no geral estou muito feliz com o resultado.

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Como o som da banda progrediu do primeiro álbum até o "Circus Colossus", em sua opinião?

Tuomas: Um amigo meu, que é um ótimo músico, disse que "vocês, de alguma forma, pareciam resguardar alguma coisa, mas não mais." Acho que foi bem dito, não estávamos realmente certos de como queríamos soar nos dois primeiros álbuns como estivemos dessa vez. Esses ambos saíram legais, mas dessa vez não foi questão de sorte, mas sim de terminar o que planejamos.

Qual música é a sua favorita para tocar ao vivo? Qual você acha mais desafiante para tocar ao vivo?

Tuomas: "Wolf [and the Moon]" é a que abre os shows e é a que flui toda essa adrenalina nesse sentido, "Prisoners" é um pouco desafiante, pois precisamos tocar acima do tom para fazer com que saia correta.

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Pode nos falar um pouco sobre você e todos os tipos de coisas que motivam você na sua escrita, sua poesia e nas suas letras?

Tuomas: Sempre fui um fã de heavy rock, desde uns 9 mais ou menos, e minhas influências musicais datam de lá trás, Rainbow antigo, Purple, Van Halen recente e outros do tipo. Estive envolvido com esporte em um nível internacional por um longo período de tempo e acredito que algumas coisas nas quais acredito venham daí. Leio muito, com muita variedade.

Com tantos álbuns pendurados no cinto, quanto o Leverage excedeu os sonhos originais e qual você diria que é a parte mais gratificante de estar na banda?

Tuomas: Em alguns pontos, nós já fomos mais longe do que imaginei que fôssemos. Em outros, algumas coisas parecem estar ao alcance mas que são difíceis de conseguir. A parte mais gratificante é receber mensagens de pessoas de todo o mundo dizendo que começaram a gostar do que fazemos.

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Quais foram os destaques e pontos fracos durante a sua carreira?

Tuomas: Espero que os estaques ainda estejam por vir. Os pontos fracos foram a cena musical dos anos 90, a era grunge e todo esse lixo, não havia absolutamente espaço para a música que eu amo.

Qual sua opinião sobre a cena do metal de hoje em dia? O que você acha sobre o sobrecarga de bandas no momento e há alguma coisa faltando na cena?

Tuomas: O quanto mais pesada a música, melhor... Acho que o metal se tornou a própria vítima de muitos modos, ficou muito maior e todos os efeitos colaterais, que estão, na maior parte, conectados com música popular estão visíveis, bandas fazendo mímica uma das outras e tudo mais.

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Tuomas: O que deve estar faltando, puramente em minha opinião, é o sentimento musical que parece estar sendo substituído por agressividade e vitrinagem de capacidades técnicas. Nada de errado com os dois, mas essas coisas sozinhas não dão conta da falta de sentimento na música.

O que podemos esperar do Leverage no future próximo, algum planejamento para turnês?

Tuomas: Há mais desejos do que planos nesse estágio.

Onde você vê a banda indo nos próximos cinco anos e onde você vê a direção musical da banda para o próximo álbum?

Tuomas: Nós gostaríamos de tocar para pessoas fora da Finlândia o quanto possível em 2010 e até o onde o próximo álbum for, espero que tenhamos sérios shows ao vivo para fazer antes mesmo de começar a planejá-lo. A direção da nossa música será algo interessante de ver, tudo que posso dizer por agora.

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Alguma última declaração?

Tuomas: Obrigado pelo apoio, continuem curtindo e espero vê-los um dia! Obrigado pelo seu tempo.

Membros:
Pekka Heino - Vocals
Tuomas Heikkinen - Guitar
Torsti Spoof - Guitar
Sami Norrbacka - bass
Marko Niskala -Keyboards
Valtteri Revonkorpi – Drums

Álbuns:
(2008) Blind Fire
(2006) Tides
(2009) Circus Colossus

EP’s
(2007) Follow Down That River

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