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Mutantes: "se não existisse MP3 a gente não teria voltado"

Por Luiz Silveira
Fonte: Revista Noize
Postado em 24 de outubro de 2009

(Matéria cedida gentilmente por Luiz Silveira ([email protected]), e publicada originalmente na página 22 da edição nro.28 da Revista Noize, onde podem ser vistas algumas fotos).

"Oh, my god! You’re covering Os fucking Mutantes!", gritou Carl Carpenter, da imprensa de Minneapolis, quando soube que eu cobriria a banda por toda a costa oeste dos Estados Unidos. Sem exageros, esse é o tipo de reação que tenho ouvido toda vez que o assunto é Os Mutantes por aqui. Sempre fui muito fã da banda, mas presenciar americanos tietando os nossos conterrâneos traz ainda mais empatia com estes que são hoje os maiores exportadores da nossa musicalidade.

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Depois de anunciados os mais de 30 shows pelos Estados Unidos e Canadá, ligo para Bia Mendes, a nova vocalista da banda, e digo que vou cruzar os país para acompanhar o começo desta turno."Olha só, eu vou te garantir por minha conta", diz ela. Com o aval de Sérgio Dias, sigo meu rumo e presencio shows inesquecíveis – o primeiro, em Los Angeles, dois shows em San Francisco, num teatro cheio de loucos em Portland e outro no festival Bumbershoot, em Seattle.

Finalizo a maratona em Nova York, onde tenho a chance de acompanhar o dia a dia da banda. Chego ao Webster Hall às 14h30min. Eles estão saindo para comer uma pizza enquanto Sérgio Dias tira uma siesta no camarim. No caminho, converso com Lourdinha, mulher de Sérgio, sobre a turnê americana. Cada dia em uma cidade, sem tempo para turismo ou até mesmo para lavar as roupas! Aquele mito da vida boa e glamurosa de rockstar acaba ali mesmo, com Lourdinha me explicando sobre o trabalho intenso de todos os integrantes pro show continuar.

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Lá pelas 17h, resolvem ir para a Guitar Center fazer compras. Vinícius Junqueira, baixista, a procura do seu pedal overdrive, Vitor Trida, guitarrista, se perde na seção de violões, enquanto eu e a lenda Dinho Leme ficamos procurando novas baquetas. "Meu, preciso comprar uma bag para essas baquetas porque já perdi várias", diz ele enquanto testa uma por uma. Na volta ao Webster Hall, vou ao encontro de Sérgio Dias para tentar arrancar uma entrevista. Ele já está cercado o suficiente, falando para uma rádio nova-iorquina. Na passagem de som, muita descontração e humor, uma palhinha de "I Feel Fine" e "Yesterday" dos Beatles e uma veia mais pesada de Vitor Trida, que toca uns riffs de Black Sabbath nos intervalos. Após a passagem, Sérgio me diz que vai poupar a voz e adia a entrevista novamente.

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O show é um festival de alegria. Muito humor, muitas homenagens e muito rock ‘n’ rol, com direito a bis e palmas incessantes. Vou encontrar a banda e dou de cara com Os Mutantes comemorando no backstage com muita emoção. Ver a cara de felicidade e dever cumprido de cada um deles é uma cena que eu nunca vou esquecer. Após esse dia mitológico, consigo a confirmação de uma entrevista com o Sérgio por telefone. Segue o papo descontraído que tive com o mestre, pouco antes de um show em Lexington, Kentucky.

Eu pude acompanhar os primeiros shows da banda, a plateia estava alucinada.

Sérgio Dias: "Exato! Foi maravilhoso! Ontem a gente tocou em Columbus, Ohio. Hoje a gente está em… onde mesmo? Não sei nem mais onde estou (risos). Kentucky! E, po, o lugar é maravilhoso, só tem gente legal. Sabe aquele sonho que a gente queria que fosse aí no Brasil? Tá acontecendo".

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E o show no Webster Hall trouxe muitas memórias? Foi um dos primeiros palcos da volta dos Mutantes em 2006, e foi a cidade em que você viveu e trabalhou durante os anos 80.

Sérgio Dias: "Foi muito bom. Não sei de onde eu tirei aquele 'Start spreading the news' (parafraseando a famosa música de Frank Sinatra) quando entrei no palco! Melhor e mais sincera maneira de expressar o que eu sentia. 'I’m here to stay' (Substituindo o 'I’m leaving today'). I want to be a part of it. New York, New York!'. Aqui é meu quintal, né, bicho, numa boa. Muito bom estar de volta aqui".

Inúmeras publicações americanas e européias como SPIN, Rolling Stone e The Guardian, tem elogiado muito o lançamento de Haih Or Amortecedor. No Brasil a gente já percebe uma crítica muito mais pessimista.

Sérgio Dias: "Eu fico muito triste de ver o Brasil ser tão burro com essa questão. Eles não estão entendendo que quanto mais a gente se der bem aqui, mais o Brasil vai se dar bem. A gente está sendo elogiado pela crítica americana, que não é brinquedo, não é uma crítica de mentira. São profissionais extremamente competentes das revistas mais importantes dos EUA e do mundo. Puta merda, não dá pra ter tantos elogios quanto a gente tem recebido. Eu sei que o público gosta. Isso é o que interessa. Não é por causa de um crítico que não gostou do álbum que eu vou me preocupar. Eu não tô nem aí pro crítico, entende?

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A crítica é historicamente não muito amigável com Os Mutantes.

Sérgio Dias: ""Bicho, Os Mutantes enfrenta crítica desde que nasceu e eles estão tendo que engolir a gente desde então. Com Arnaldo, sem Arnaldo, com Rita, sem Rita, comigo, sem 'migo', onde for. Eles vão ter que aguentar porque a gente faz música boa! I’m sorry! Desculpe!"

O público que sempre esteve presente.

Sérgio Dias: "Sempre esteve com a gente e são maravilhosos, entende? Você vê a recepção que Os Mutantes teve na Virada Cultural em São Paulo depois de Arnaldo e Zélia terem saído. 80 mil pessoas, 3h da manhã e com 12 shows acontecendo simultaneamente. Então, bicho, olha, o público fala. Ontem, por exemplo, americanos que vieram do nada e ouviram o som pela primeira vez, disseram que gostaram das músicas novas até mais do que as antigas".

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E como será o "Haih Or Amortecedor" nacional?

Sérgio Dias: "Na realidade nós temos umas 18 músicas. Não deu pra botar todas nesse disco. Então, o disco brasileiro, se for sair, vai sair com músicas diferentes da versão americana".

Teve bastante espaço criativo pros novos integrantes? Como vi pelas composições do guitarrista Vitor Trida.

Sérgio Dias: "Total espaço, lógico. Todo mundo teve espaço. Este é um disco de banda, sem dúvida".

A participação de Tom Zé foi fundamental. Como foi esse retorno tropicalista?

Sérgio Dias: "Foi no aniversário de São Paulo, primeiro show que fizemos no Brasil. Encontrei com ele e disse: 'O meu, vamos fazer música' e ele disse 'Na hora'. Aí rolou uma empatia que já existia há tempos, mas nunca foi vivida realmente. Ele tem sido um dos melhores parceiros que eu já tive, se não o melhor".

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Muita gente conheceu os Mutantes graças ao MP3. O novo CD já vazou na Internet. Qual sua opinião em relação ao uso de MP3 para divulgação d’Os Mutantes?

Sérgio Dias: "Eu acho do caralho isso tudo. Acho que se não existisse isso, Os Mutantes não teriam voltado. Eu acho maravilhoso, extremamente positivo e é isso que a gente quer".

Você acha que há um descaso da industria fonográfica brasileira quando não é música voltada para o mercado?

Sérgio Dias: "Ah, bicho, ninguém sabe o que vende e o que não vende, entende? Isso aí é tudo papo furado. É basicamente quanto dinheiro você paga pra tocar a música na rádio ou não. O jabá é uma merda. É uma pena que o Gil não tenha feito nada a respeito. Ele poderia ter cassado as concessões de diversas rádios que aceitam jabá. Mas o Brasil é muito jovem, a gente já sofreu muito com a ditadura, e isso tudo é muito difícil de resolver em apenas uma geração".

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Recentemente foi lançado Beyond Ipanema, documentário sobre a musica brasileira que, obviamente, inclui Os Mutantes. Você acha que o Brasil sempre foi tendência no exterior?

Sérgio Dias: "Dentre as coisas mais importantes que o Brasil tem pra exportar, sua cultura e sua música é sem dúvida um dos grandes diferenciais".

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