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Mother Of Sin/Elegy: entrevista com Eduard Hovinga

Por Júlio Oliveira
Fonte: Progressive World
Postado em 14 de abril de 2008

A entrevista que segue abaixo é um tanto quanto antiga, realizada por Igor Italiani do site PROGRESSIVEWORLD.NET; entretanto a vindoura reunião do ELEGY nos faz lembrar desse excelente vocalista que fez história cantando nos três primeiros discos da banda, ainda com uma pequena participação especial no último álbum ("Principles Of Pain") cantando uma música e que agora divulga sua nova banda (MOTHER OF SIN) onde além de cantar, ele também toca guitarra sem deixar nada a dever a nenhum dos maiores nomes das seis cordas.

Inesquecível devido às suas interpretações como as encontradas no magnífico LOST, Eduard Hovinga finalmente retorna à cena musical com sua nova banda, MOTHER OF SIN, onde ele pode se expressar também como guitarrista. Ou ele era um brilhante guitarrista preso à função de vocalista? Descubram a seguir...

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Igor Italiani: Olá Eduard, tudo tranquilo? É um prazer ter você de volta à música com um novo trabalho... Então vamos dar início à entrevista. Primeiro eu gostaria de mencionar o Cacophony pois após escutar o Apathy é o que me vem à mente. EU achava que após 20 anos ninguém seria capaz de ousar escrever esse tipo de música.

Eduard Hovinga: "Em primeiro lugar, eu sou um grande fã desse tipo de música! Tudo começou com Yngwie Malmsteen e Vandenberg. Mas quando eu escutei o Cacophony pela primeira vez, eu fui completamente bombardeado pois nunca havia escutado ninguém tocar aquelas coisas que Marty Friedman e Jason Becker tocavam. Tem também o Leatherwolf, Racer-X e Apocrypha que me levaram à loucura. Eu queria uma banda que seguisse a mesma linha, tocando heavy metal de verdade, carregado de energia e fortes melodias e que ainda assim tivesse algo diferente".

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Igor Italiani: De fato não estamos falando de uma mera cópia do material já citado pois entre outras influências, há nuances do Elegy em algumas partes, assim como os refrões bem melódicos. Tenho que admitir que é uma salada de estilos diferentes.

Eduard Hovinga: "Hmm eu acho que sim, mas acho que isso seja algo bom. Você tem que lembra-se que para nós, esse é o tipo de música que faz sentido. Não pensamos em mudanças de estilo, é apenas o que surge quando escrevemos as músicas pois usamos toda uma gama de estilos diferentes que amamos e que nos influenciou".

Igor Italiani: O título do álbum de certa forma faz referência ao estado de apatia em que o mundo se encontra hoje em dia ou é apenas coincidência?

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Eduard Hovinga: "Você acertou em cheio! A capa também segue a mesma idéia. A letra da musica 'Apathy' conta toda a história. É um ultraje que todos nós lamentemos e choremos com pena dos problemas do ocidente enquanto em várias partes do mundo crianças são abusadas sexualmente por soldados, forçadas a se prostituir ou simplesmente morrem de fome, sede ou doenças. O mundo assiste ao vivo via satélite! Líderes mundiais olham e não fazem nada. Todos nós estamos em um estado de apatia e o pior de tudo é que não nos importamos enquanto há pessoas que lucram com a exploração dessa situação. Deve haver uma punição de alguma forma".

Igor Italiani: Eduard, eu fiquei surpreso ao perceber que a maioria dos solos são creditados a ti. Eu não sabia que você era um guitarrista tão talentoso. Conte-nos como você desenvolveu suas habilidades de guitarrista sem mencionar as de vocalista.

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Eduard Hovinga: "Como eu falei antes, eu sempre fui um entusiasta da guitarra e sempre me vi primeiro como um guitarrista. É evidente que eu despontei na música como vocalista do Elegy, mas isso aconteceu porque na época era o que eles precisavam pois já tinham 2 guitarristas e isso não me deixava espaço para as partes de guitarra. Sem mencionar que a música era tão complexa que tocar e cantar ao mesmo tempo seria muito difícil mas mesmo assim eu ainda toquei alguns solos em Supremacy e Lost e mesmo nessa situação, eu continuava praticando minha própria técnica pois eu sabia que formaria minha própria banda podendo finalmente tocar e cantar. Mas apesar de ter trabalhado bastante para desenvolver minha própria técnica, a atitude do solo conta mais que velocidade ou técnica".

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Igor Italiani: Falando das características das faixas, você pode nos contar o que está por trás de "Mother Of Sin," que possui uma excelente estrutura rítmica?

Eduard Hovinga: "'Mother Of Sin' é a primeira música que eu escrevi para essa banda. É um compasso de 5/8 o que dá à música um feeling celta. Nós realmente amamos essa música que é ótima de ser tocada ao vivo. Ela funciona como uma balada mesmo não sendo exatamente uma. A parte acústica no meio tem um feeling clássico/folk que torna a estrutura da música completa. É a única canção com um anti-solo porque ela meio que não tem um... É como uma passagem e a letra fala do conflito na Irlanda. O fato de que a Religião pode cegar ao ponto que você exatamente o oposto do que ela ensina. Matar em nome de uma religião é ultrajante".

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Igor Italiani: Eduard, antes de dar inicio a esse projeto, você passou por duas outras bandas, Elegy e Prime Time. Conte-nos porque a segunda terminou de forma tão abrupta mesmo tendo gravado um disco tão bom como Free The Dream.

Eduard Hovinga: "Bem, a gente nunca tocou ao vivo e eu amo os palcos então não era uma situação boa. Também nos distanciamos musicalmente daquilo que eu tinha em mente. Eu adoro todos os três álbuns do Prime Time sendo que Free The Dream me deu a chance de me aventurar por novos caminhos como vocalista. Foi divertido gravá-lo com aqueles dinamarqueses que são bastante talentosos, mas era hora de seguir meu próprio caminho".

Igor Italiani: Se eu bem me lembro, você era o principal compositor do Elegy. Há alguma chance de vermos você cantar musicas antigas nos próximos shows?

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Eduard Hovinga: "As pessoas me perguntam isso o tempo todo e eu sempre respondo a mesma coisa: o Elegy é algo do passado. Eu tenho uma outra banda agora como novas musicas que eu quero compartilhar com a platéia. Neste momento, por exemplo, eu estou no meio do processo de criação do novo álbum que irá superar o primeiro disco imediatamente. Eu prefiro tocar essas musicas, sem contar que Henk van der Laars também escreveu várias das músicas do Elegy, por isso eu não desejo tocá-las mais".

Igor Italiani: Qual o melhor álbum do Elegy dos quais você canta?

Eduard Hovinga: "Eu gosto do Supremacy pois nele há algumas musicas verdadeiramente boas. Eu também gosto do Lost que soa bem mais dark, mas eu gosto disso. Talvez os vocais dobrados deveriam ter sido gravados em oitavas mais graves que as malditas agudas que eu usei".

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Igor Italiani: Você já está pensando nos lugares onde irá tocar ao vivo?

Eduard Hovinga: "Não há planos de turnê nesse momento embora tentamos tocar o máximo que podemos. Recentemente tocamos em um festival na Holanda com uma banda sueca chamada Andromeda".

Igor Italiani: Eduard, o que você acha do papel da Internet no universe musical? Piorou a situação dos músicos?

Eduard Hovinga: "Esta besta tem duas faces. É um grande meio independente para todas as bandas usarem livremente. Você pode dizer o que desejar através do mundo e ninguém lhe dirá como nem o que fazer. Isto é incrível, quase anarquista, o que me agrada. O lado negativo é que trata-se de um ambiente anarquista controlado por seres humanos! É aí que a coisa se perde, pois enquanto você faz download da música ou do álbum que quer, bandas criativas morrem pois as gravadores não brincam com dinheiro e o resultado é uma porção de bandas de qualidade duvidosa assinando contratos baratos. Músicos que tratam sua música com seriedade têm tido dificuldade de assinar contratos e isso é péssimo. É muito difícil tentar dizer algo enquanto todos estão muito ocupados tentando fazer download do máximo, sem pagar nada, lógico".

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Igor Italiani: Muito obrigado Eduard. Eu acho que isso é tudo, então agora você pode deixar um recado para os leitores.

Eduard Hovinga: "Muito obrigado pela entrevista. É sempre um prazer responder boas perguntas. Aos leitores eu gostaria de dizer: escutem Apathy e quem sabe não faremos um show aí?!?! Até lá, mantenham o espírito do Metal vivo!"

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Sobre Júlio Oliveira

Recifense, atualmente divide seu tempo entre trabalhar em Copenhague (Dinamarca) e morar/estudar em Malmö (Suécia). Começou a escutar Metal no início dos anos 90 com os companheiros do Colégio da Polícia Militar e desde então não parou mais, mas nunca se restringindo a um estilo, mas à qualidade da musica em questão. Resolveu começar a colaborar com o site depois de anos lendo as noticias trazidas por outros. "Tava na hora de eu dar minha colaboração também...".
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