Randy: não entrei no Primal Fear por dinheiro
Por Rafael Carnovale
Postado em 10 de novembro de 2005
Quando Mat Sinner juntou forças com Ralf Scheepers (ex-Gamma Ray), tenho certeza que este não imaginava que a banda que fundariam, o Primal Fear, fosse crescer tanto, a ponto de relegar o Sinner (banda orignal de Mat) a segundo plano. Com a ajuda de Tom Naumann e Stefan Leibing (guitarras) e Randy Black (bateria, que entrou na banda no CD "Devil’s Ground"), o Primal Fear se estabeleceu como um dos nomes fortes do metal germânico. Agora a banda volta com tudo em "Seven Seals", seu CD mais variado e experimental. Conversamos com o baterista Randy Black sobre o novo CD e a banda em geral. Apesar de um tanto lacônico em suas respostas, o mesmo não poupou saliva ao falar de sua história com o Annihilator, e sobre a afirmação feita pelo ex-patrão Jeff Waters que o mesmo deixara a banda apenas por dinheiro.
Whiplash! – Randy, você se juntou à banda na gravação do CD "Devil’s Ground". Após ter excursionado com a banda e gravado mais um CD, como você descreve todo esse período com o Primal Fear?
Randy Back – Muito divertido. Fizemos grandes shows, um trabalho muito bom. Adorei ter gravado "Devil’s Ground", e este "Seven Seals" é ainda melhor. Tudo funcionou bem e me sinto como se estivesse na banda desde o seu começo.
Whiplash! – Vocês fizeram uma boa turnê pela América do Sul. Há algo especial que você queira nos contar sobre esses shows?
Randy Back – Claro! Foi minha primeira vez, e foi incrível, como toda primeira vez (risos). Os caras já haviam me contado que o público era maravilhoso, mas só quando chegamos aqui é que pude perceber o quão verdadeira era essa afirmativa. Foi muito divertido e quero voltar o mais rápido possível.
Whiplash! – "Seven Seals" para mim é uma combinação da agressividade de "Devil’s Ground" com o estilo mais tradicional dos primeiros álbuns da banda. O que você acha disso?
Randy Back – Concordo. É nosso CD mais variado musicalmente. Usamos mais arranjos, mais cordas, abrimos nosso espectro musical. Temos baladas, músicas lentas e rápidas, o que nos remete aos primeiros CDs certamente. Foi a melhor produção que já tivemos, e é um grande CD.
Whiplash! – "Demons And Angels" particularmente me parece saída do primeiro CD da banda. Você sente que o Primal Fear vem resgatando suas raízes musicais?
Randy Back – Sim, mas não acho que seja de propósito. Com a evolução musical da banda como um todo, acaba surgindo a vontade de mexer de novo com aquele "feeling" que tínhamos no começo. Mas sempre trabalhamos novos elementos, para que tudo fique bem interessante e desafiador.
Whiplash! – Outra faixa fantástica é "Rollercoaster". O que você pode falar do trabalho de guitarras, que ficou ótimo?
Randy Back – Fantástico é o adjetivo que descreve o trabalho de Tom e Stefan. Os caras dão o sangue para criar "riffs" e solos inimagináveis. Por isso esta faixa ficou tão boa. Concordo com você.
Whiplash! – "Seven Seals" é uma faixa lenta, com um clima bem épico. Fale sobre esta faixa, e principalmente, comente o uso dos elementos orquestrados e dos teclados.
Randy Back – Bom tudo funcionou muito bem. Só não sei lhe dizer quem tocou os teclados, logo não me pergunte (!). Mat trabalhou muito para desenvolver essa característica em nossas músicas, e o resultado final ficou excelente.
Whiplash! – Uma de minhas faixas favoritas é "All For One", que tem um trabalho de orquestra excelente. Você imaginava o Primal Fear, que estava em uma fase bem agressiva com "Black Sun" e "Devil’s Ground" tocando uma música como essa?
Randy Back – Não. Mas na verdade sabíamos que poderíamos fazer isso e que funcionaria. Tom veio com a idéia inicial e trabalhamos muito para colocar as guitarras e desenvolver o refrão. Ficou uma boa faixa do Primal Fear, eu a adoro.
Whiplash! – Você está numa banda que tem dois vocalistas, ambos com suas características. Como Ralph e Mat fazem para desenvolver as linhas vocais, com o vocal limpo e potente de Ralph e os "backings" agressivos de Mat?
Randy Back – Eles são um time. Trabalham juntos o tempo todo nessas partes. Às vezes o resultado sai rapidamente, mas muitas vezes eles conversam, tentam, fazem testes. No final a coisa sai tão boa que parece que foi gravada no primeiro "take", de improviso!
Whiplash! – Fica claro que o Primal Fear optou por usar mais faixas épicas e lentas, deixando um pouco de lado o elemento "speed" que caracterizou a banda em seus últimos CDs. Vocês já sabem quais faixas novas serão tocadas ao vivo? Uma sugestão: que tal tocarem "In Memory"?
Randy Back – Não deixamos de lado totalmente. Mas concordo com o que você disse. Estamos ainda trabalhando no "set", mas é certo que tocaremos "Rollercoaster", "Seven Seals", "Diabolous" e "Demons And Angels". Acho que é um bom número de faixas novas. Sobre "In Memory", quem sabe no Brasil... (risos).
Whiplash! – A banda gravou uma ótima versão para "Question Of Honour" do Sinner. Quem teve esta idéia, e como foi gravar uma música do Sinner no Primal Fear?
Randy Back – Mat teve a idéia, mas na verdade não re-gravamos a música toda. Apenas a bateria e os vocais de Ralph são novos... o resto é o mesmo da versão original, remasterizada.
Whiplash! – Agora vamos falar um pouco sobre seu período no Annihilator. Jeff Waters sempre o elogia como baterista, mas afirmou categoricamente que você foi para o Primal Fear por dinheiro. O que você pode nos dizer sobre essa afirmação?
Randy Back – Bom, a verdade é que o Annihilator é o projeto solo de Jeff, e quem trabalha com ele sabe disso desde que se junta a banda. Ele escreve tudo, dirige e coordena todos os trabalhos. Com o Primal Fear, pude ter a chance de ser um membro efetivo, com 100% de participação, e a turnê norte americana que fiz não foi por dinheiro. Não sou um músico contratado, sou um membro da banda. O que não aconteceria no Annihilator, que é a banda de Jeff Waters. Quanto a questão financeira, bem... não é a verdade completa. Claro que existe sim o fator grana, mas pesou mesmo foi o fato de ser um membro efetivo, e não apenas um coadjuvante.
Whiplash! – É tão difícil assim trabalhar com Jeff Waters?
Randy Back – Sim. Ele manda em tudo. É claro que sendo profissional e entendendo sua metodologia tudo fica tranqüilo, mas não gostava de ser apenas um contratado. Não estava na banda, só tocava nela. Estou muito mais feliz agora no Primal Fear.
Whiplash! – Como estão os planos para turnês e shows?
Randy Back – Ainda não sei dizer. Estamos fechando as agendas, e em breve já saberei aonde tocaremos. Acho que no final de janeiro (2006) faremos um giro europeu, mas não estou certo.
Whiplash! – Randy, obrigado pela entrevista e o espaço é seu.
Randy Back – Obrigado e quero dizer aos brasileiros que nos esperem, estaremos aí em breve, e não vai demorar. Vocês são os melhores!
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