Firehouse: Entrevista exclusiva com o guitarrista Bill Leverty.
Postado em 21 de setembro de 2000
Formado em 1989, na Carolina do Norte, EUA, o FireHouse lançou em 1991 seu platinado disco de estréia - FireHouse - no estilo do hardrock americano dos anos 80, ao lado de bandas como Poison, Warrant e Winger. Com o revival da cena poser nos dois últimos anos, o FireHouse retomou as atividades e se prepara para lançar "Oxygen", que terá Bruce Waibel (ex-Gregg Allman Band) no lugar do baixista fundador da banda, Perry Richardson. Nesta entrevista, o guitarrista Bill Leverty revela que não tocaram antes no Brasil por falta de acordo com empresários, e que continua aguardando algum contato para poderem se apresentar aqui (portanto, empresários, manifestem-se...).
Foto extraída do site oficial:
http://firehousemusic.com
Por Thiago Corrêa e Paulo Haroldo
Whiplash! / Em um vídeo da HOT GUITARIST MAGAZINE, você disse que uma das coisas que mais apreciava em Al Di Meola era o toque meio "romântico", "sentimental", que ele dava às músicas. Você procura colocar isso nas composições do Firehouse (especialmente nas baladas)? Pergunto isso, pois, principalmente depois de ouvir seu comentário, passei a perceber algumas linhas suas a la Al di Meola.
Bill Leverty / Eu sempre adorei o jeito de tocar guitarra do Al Di Meola. Seu virtuosismo técnico sempre me arrebatou, mas é sua entrega emocional que o tornou um dos meus guitarristas favoritos até hoje. Eu tenho certeza que o estilo dele foi se infiltrando no meu jeito de tocar e compor através dos anos, mas essa incorporação não é uma coisa consciente da minha parte. Eu fico honrado por você ter ouvido algo do Al na minha música. Muito obrigado.
Whiplash! / Falando em Al Di Meola e "pensando em violão"... uma das músicas do Firehouse que mais me impressiona é a instrumental "Seasons Of Change". Quando ela foi composta? Quais suas grandes inspirações na composição da mesma?
Bill Leverty / Esta música foi escrita em 1988. Eu queria uma instrumental acústica com um toque latino para arrematar nosso primeiro álbum. Al Di Meola foi uma influência, assim como Carlos Montoya, Carlos Santana, Randy Rhoads e Steve Morse. Eu juntei a música às demais e passei um bom tempo discutindo com a gravadora até convencê-la de que poderia ser incluída no álbum, já que receavam que ela pudesse parecer "auto-indulgente". Agradeço ao C.J. pela ajuda nessa briga - a música acabou entrando no disco logo antes de "Overnight Sensation".
Whiplash! / Poison, Mr. Big, Mötley Crüe, e muitas outras bandas de nome no hard rock estão retomando as atividades. A que você atribui esse retorno? Você considera esse revival do hard rock genuíno, com o mesmo espírito que tinha nos anos 80, ou é somente uma volta oportunista para se ganhar dinheiro?
Bill Leverty / Eu considero genuíno. Essas bandas são capazes de excursionar pelos EUA com grande sucesso. Uma banda que você não mencionou é Ratt, que lotou todos os lugares por onde passou em 1999. Eu acho que as coisas estão melhorando nesse sentido, mas não tão rápido como deveria ser.
Whiplash! / Apesar de associado ao hard rock/poser dos anos 80, o Firehouse lançou seu primeiro disco na década seguinte. Qual a importância desse "movimento" para você? Você encara de modo pejorativo essa denominação de "poser"?
Bill Leverty / O FireHouse foi comercializado pela gravadora com o objetivo de se encaixar no estilo de música que era popular na época. Nós realmente nunca demos muita atenção à nossa aparência. Eu acho que a palavra "poser" pode descrever muitas das bandas de hoje, com gente que gasta mais tempo na oficina de tatuagem do que praticando seus instrumentos ou vocais. Acho que a importância do movimento do "rock melódico" foi evidente no som, não na imagem.
Whiplash! / Acho interessante o fato de raramente encontrar integrantes do Firehouse em coletâneas, tributos, projetos paralelos, vídeos como o HOT GUITARIST, etc. Por que vocês não atuam tanto neste tipo de trabalho? (convites não devem faltar).
Bill Leverty / O FireHouse toma todo o nosso tempo, e raramente estamos em condições de participar de projetos fora da nossa agenda. Parece que cada vez que somos convidados a participar de algum outro projeto, acontece bem na hora de uma gravação ou tour nossa.
Whiplash! / Depois de tantos álbuns, já deve ser difícil selecionar um repertório para o show, apesar do fato de músicas como "I Live My Life For You" e "Love Of A Lifetime" serem aclamadas até por pessoas que pouco conhecem o Firehouse. Como vocês têm selecionado o set list? Quais as músicas mais pedidas pelo público?
Bill Leverty / Nós montamos o set list pelas músicas que são mais populares no lugar onde vamos tocar. Nós tocamos só baladas se elas forem os hits da cidade onde vamos nos apresentar. Mas procuramos não abaixar demais o ritmo dos shows com muitas baladas. Nós tentamos sempre ter algumas músicas que podem ser trocadas durante o show, para dar mais espontaneidade, mas sempre tocamos nossas músicas mais populares, bem como algumas do álbum mais recente.
Whiplash! / No CD ao vivo - Bring 'Em Out LIVE! - ficou evidente a força que a banda tem ao vivo e o forte contato com o público. Como você vê o Firehouse ao vivo? Como você compararia a banda em estúdio, e em cima do palco?
Bill Leverty / Eu acho que nossa performance ao vivo é para divertir. Nós temos tanta energia no estúdio quanto possível em relação aos shows, mas é óbvio que nos shows podemos captar muito mais energia do público. É difícil criar essa energia no estúdio se você está tocando para um gravador, mas nós tentamos tocar como se estivéssemos nos apresentando ao vivo, com o mínimo de overdubs necessários para criar aquela energia.
Whiplash! / Houve um boato alguns meses atrás de que teríamos um festival de hard rock no Brasil com a presença de Warrant, Mr. Big e outras bandas. Vocês souberam de algo? Foram convidados e/ou têm planos de vir para o Brasil?
Bill Leverty / Eu não ouvi nada sobre isso ainda, mas se formos convidados e estivermos disponíveis, adoraremos fazer parte dessa tour.
Whiplash! / O Firehouse tem muitos fãs no Brasil, o que vocês acharam de nosso país quando vieram fazer a tour promocional do disco Firehouse 3? Por quê o show não foi realizado?
Bill Leverty / Nós amamos o Brasil. Nós pudemos visitar o Rio e São Paulo. Eu espero que possamos voltar em breve para uma turnê de verdade.Tudo que precisamos é de um promoter que se ofereça. Nós teríamos voltado depois do fim da turnê promocional do "3" se algum promoter de verdade apresentasse uma oferta real para quando estivéssemos disponíveis.
Whiplash! / Há alguma banda que venha te impressionando ultimamente? O que você tem escutado? Qual o último cd que você comprou?
Bill Leverty / O último cd que comprei foi do Steve Morse - "Major Impacts". É um GRANDE cd. Eu adoro tudo o que o Steve Morse lança. A única banda nova cujo som eu realmente gostei se chama Three Doors Down. Eles têm uma música chamada "Kryptonite" que eu acho muito boa.
Whiplash! / Como você vê, como fã de Van Halen, a situação atual da banda? Quem você acha que deveria ser o novo vocalista? Qual a sua opinião sobre o trabalho do VH com Gary Cherone?
Bill Leverty / Eu adoro o Van Halen. Eu acho que o Gary fez um bom trabalho quando cantou para eles. Eu não sei qual será o próximo passo deles, mas sei que será um grande passo.
Whiplash! / Muitas pessoas criticam as baladas do hard rock e todas aquelas letras de amor, dizendo que é algo puramente comercial, produzido e não muito sincero. Qual a sua opinião sobre isso? Você considera algo, de fato, puramente comercial?
Bill Leverty / Nós escrevemos com o coração. Se a pessoa escreve com o coração, então eu não considero "comercial", especialmente se é algo que o compositor realmente sente. Nós não escrevemos sobre coisas que são popularmente comerciais na indústria do rock atual, como morte, destruição, ódio, violência e miséria. Somos uma banda para divertir, com muito amor no nosso coração. E é sobre isso que continuaremos a escrever.
Whiplash! / Reb Beach está gravando um álbum solo, George Lynch já gravou, Paul Gilbert também. E outros grandes nomes do hard rock também já se envolveram em carreira solo. Você não pensa em lançar um CD solo? Caso saísse algum material solo, qual o estilo que te interessaria tocar? Um instrumental mais técnico, hard rock, pop, metal?
Bill Leverty / No momento o FireHouse está trabalhando em tempo integral, mas se conseguisse um tempo livre eu gostaria de gravar alguma das muitas músicas que escrevi e que não se encaixam no som do FireHouse. Estas músicas tem estilos bem diversos e eu não poderia realmente dizer que são músicas que eu colocaria em um álbum solo meu, por que ainda não me dediquei o suficiente para fazê-lo.
Whiplash! / O que vocês tinham em mente na gravação do novo álbum Oxygen? O que os fãs podem esperar do álbum e da turnê? O2 também foi produzido por você?
Bill Leverty / A única coisa em que pensamos ao gravar o O2 foi em ter grandes músicas que também funcionassem ao vivo. Conforme fomos gravando, nossas músicas deste álbum foram nos transportando para nossas raízes de hard rock melódico, do primeiro disco do FireHouse. Eu fiz a produção e a engenharia de som do disco, e estamos todos muito orgulhosos dele.
Whiplash! / Por que Perry Richardson deixou a banda? Como foi recrutado o novo baixista e onde ele tocou antes?
Bill Leverty / Nós tentamos manter a formação original for muitos anos, mas recentemente tivemos que fazer uma alteração. O Perry simplesmente não quis continuar. Eu conheci o Bruce há alguns anos, ele é um incrível baixista, com uma grande voz. Ele tocou com Gregg Allman em dois álbuns (N.R.: "I'm No Angel"/1986 e "Just Before The Bullets Fly"/1988) e excursionou com ele por cerca de 10 anos. Nós o adoramos e os fãs também.
Whiplash! / Qual a sua opinião sobre o trabalho de artistas como Shania Twain, que têm forte ligação com a música dos anos 90 e ao mesmo tempo mostra várias características do que era feito nos anos 80 por músicos de pop/rock, hard rock?
Bill Leverty / Eu acho ela ótima. Seu produtor é o melhor do mercado também. Talvez seja disso que vêm os elementos da música dos anos 80. Espero que ela continue a fazer grandes discos.
Whiplash! / Em 1999 duas músicas compostas por você e C.J. Snare foram incluídas na coletânea de dance/trance music "Collage Chapter II"... não teme que isso possa trazer algum prejuízo à reputação de sua banda?
Bill Leverty / De jeito nenhum. Eu acho que quantos mais pessoas ouvirem essas músicas, maior será o público que o FireHouse tem hoje.
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