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Peavey: como marca revolucionou o mercado de amplificadores

Por Nacho Belgrande
Fonte: Site do LoKaos Rock Show
Postado em 03 de outubro de 2011

Crescendo no estado do Mississipi nos anos 50, HARTLEY PEAVEY sonhava em se tornar um astro do rock. Ainda que ele não tivesse talento para se tornar o próximo Chuck Berry, o nome dele entrou para o panteão da história do rock. Isso por que os amplificadores, equipamento de áudio e guitarras Peavey criaram um segmento devotado entre astros rock e aspirantes ao cargo. Mais recentemente, aeroportos, prédios do governo estadunidense e outras instalações estão adotando equipamentos da Peavey também. A Peavey começou 46 anos atrás como uma loja de um funcionário. Agora é uma marca global com cerca de mil empregados e 270 milhões de dólares de faturamento anual declarados à receita.

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"Quando o rock n’ roll apareceu no meio dos anos 60, como qualquer outro adolescente, eu estava deleitado. Em 1957, eu fui a um show de Bo Diddley em Laurel, no Mississipi, e foi ali que eu decidi que queria ser um guitarrista. Meu pai, que tinha uma pequena loja de instrumentos, me disse, ‘Você não quer tocar guitarra. Rock n’ Roll é música vagabunda, nunca vai durar.’

Eventualmente, ele me deu uma guitarra elétrica antiga, mas eu precisava de um amplificador. Meu pai disse, ‘Quando você aprender a tocar, daí eu penso nisso.’ Tal como qualquer outro garoto, eu queria pra agora. Então eu construí esse amplificador enorme com peças de outros equipamentos. Não era muito bom, mas funcionava. Foi assim que eu comecei. Eu sempre gostei de construir as coisas. Eu sempre ganhava as feiras de ciências e concursos de aeroplanos. Eu não era um gênio, mas eu era bom com as mãos.

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Eu era péssimo músico, mas consegui fazer parte de algumas bandas. O primeiro grupo do qual participei tocava em festas universitárias por 50 dólares e toda a cerveja que conseguíssemos tomar. Quando meus colegas de banda precisavam de um amplificador ou um sistema de PA, eu os construía. Depois que eu construí todo o equipamento deles, me chamaram e disseram que eu estava fora da banda.

Esse foi o ponto da virada. Eu tive que olhar no espelho e ser totalmente honesto comigo mesmo. Eu disse, ‘OK, você não vai ser um astro do rock. Então o que você vai fazer com o resto da sua vida?’ Eu percebi que amava música. Eu não mando tão bem na guitarra, mas sou muito bom em construir coisas. Então eu decidi que era isso que eu faria.

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Eu abri a empresa em 1965, quando me formei da faculdade estadual do Mississipi. Minha ideia era construir o melhor produto que eu conseguisse, mas a um preço justo e razoável. Não barato – razoável.

Eu comecei em um cômodo pequeno em cima da loja do meu pai. Meus primeiros produtos foram esses amplificadores pequenos, de uma pela para baixo e guitarra. Eu construía um por semana e vendia para uma loja musical, voltava, construía outro. Eu saí por todo canto tentando vender meus produtos. Eu aprendi que isso não me levaria muito longe.

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Um dia, depois deu ter feito uma demonstração de meu amplificador na loja de meu pai, bateu à porta um cara que disse, ‘Cara, esse é um baita dum amplificador. Eu conseguiria vender uns desses." Eu não tinha nenhum dinheiro para dar a ele. Ele disse, ‘Se você me der esse amplificador, eu vou e vendo.’ E ele vendeu. Ele vendeu tantos que eu não conseguia produzir a demanda. O nome dele era Don Belfield. Através dos esforços dele, eu consegui contratar um ajudante meio-expediente para me auxiliar, e nós montávamos e montávamos.

Quando meu pai percebeu que eu estava sério em relação àquilo, ele assinou o primeiro empréstimo que eu peguei – 17 mil dólares, para montar nossa primeira fábrica. Desde então, eu tentei fazer tudo sozinho. Uma coisa sobre a Peavey é que nós não devemos nada ao banco. Ao longo dos anos, eu peguei emprestado dezenas de milhares de dólares, mas paguei tudo de volta. Eu vou até a produção da fábrica e vejo um resistor no chão, eu cato. É um centavo pra mim. Se você vê um centavo no chão, você pega.

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No ramo musical, nos anos 60 e 70, os grandes conglomerados vieram e compraram tudo. A CBS comprou a Fender. A Beatrice Foods comprou a JBL. A qualidade foi pro espaço, e os preços dobraram. Os músicos não sabiam o que fazer. Enquanto os conglomerados estavam enlouquecendo subindo os preços, eu mantive os meus num patamar razoável. Isso me ajudou muito e me feriu muito. Muitas das pessoas acham que você pode julgar desempenho, qualidade e confiabilidade só pelo preço. Essa é uma conclusão sem garantia alguma.

No meio dos anos 70, estávamos fazendo muito sucesso. Tanto que nossos competidores começaram a usar suas guitarras em vendas casadas – basicamente dizendo aos revendedores que se eles não vendessem seus amplificadores e sistemas de som tanto quando os da Peavey, eles não poderiam vender seus instrumentos tampouco.

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Eu disse, ‘Dane-se. Eu vou começar a fazer guitarras,’ Eu tinha passado por fábricas de guitarra, e eu sabia que havia uma alternativa melhor. Como colecionador de armas, eu ficava maravilhado em ver com que precisão os fabricantes de armas conseguiam fabricar as coronhas de madeira de seus revólveres. Eu disse, se uma máquina consegue fazer coronhas assim, ela pode fazer guitarras. Nós fomos os pioneiros na mecanização da indústria de guitarras.

Também começamos a fazer caixas de som. Aquela foi uma época difícil para nós, porque eu mordi mais do que conseguiria mastigar. Chegamos muito perto da falência.

Nós introduzimos o primeiro sistema de som controlado digitalmente, chamado de Mediamatrix, em 1993. Nós tivemos que viajar pelo país inteiro convencendo pessoas que os computadores eram confiáveis o suficiente para controlar seus sistemas se som. Hoje em dia, ele é usado em quase todo lugar – no prédio do Capitólio, no congresso da China e em aeroportos e estádios ao redor do mundo.

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O negócio de som passou por uma revolução incrível. As pessoas têm som surround em seus carros, em suas casas. O nível de exigência está aumentando. Eu continuo a transgredir a forma da arte. Quatro anos atrás, nós compramos uma empresa de software. Os músicos estão sempre procurando por seu timbre característico. Com esse software, qualquer um pode ajustar um amplificador digital para encontrar o som pelo qual procura.

Eu tive a sorte de assistir a meus rivais cometerem erros, e eu tentei fazer todo o possível para evitar tais erros. Isso não quer dizer que não cometi muitos.

Aqui nessa cidade pequena, não há muitas oportunidades. Ao longo dos últimos 46 anos, nós tivemos por volta de 14 mil pessoas passando pela Peavey. Nós temos uma fábrica que se alonga por 400 metros e mais doze outras instalações no Mississipi e na Europa que controlam a distribuição para 136 países."

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Há algumas coisas que eu mudaria, mas não muitas. Eu teria desistido de tudo para me tornar um astro do rock? Claro que sim."

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Sobre Nacho Belgrande

Nacho Belgrande foi desde 2004 um dos colaboradores mais lidos do Whiplash.Net. Faleceu no dia 2 de novembro de 2016, vítima de um infarte fulminante. Era extremamente reservado e poucos o conheciam pessoalmente. Estes poucos invariavelmente comentam o quanto era uma pessoa encantadora, ao contrário da persona irascível que encarnou na Internet para irritar tantos mas divertir tantos mais. Por este motivo muitos nunca acreditarão em sua morte. Ele ficaria feliz em saber que até sua morte foi motivo de discórdia e teorias conspiratórias. Mandou bem até o final, Nacho! Valeu! :-)
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