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Os 30 anos de "Burn My Eyes", o explosivo disco de estreia do Machine Head

Resenha - Burn My Eyes - Machine Head

Por Mateus Ribeiro
Postado em 11 de agosto de 2024

Com mais de três décadas de história, a banda californiana Machine Head é um grande nome da história da música pesada. Liderado pelo talentoso vocalista/guitarrista Robb Flynn, o Machine Head faz um som pesado e cheio de identidade. A caminhada do grupo começou em 1991, e três anos depois, Robb e sua turma lançaram um dos discos mais agressivos dos anos 1990. O álbum em questão é o explosivo "Burn My Eyes".

Lançado no dia 9 de agosto de 1994, "Burn My Eyes" é o trabalho de estreia do Machine Head. Em seu debut, o Machine Head apresentou ao mundo um som monstruoso, que veio da mistura de elementos do Thrash, do Groove Metal e do Hip-Hop. Do primeiro ao último segundo, o álbum despeja doses cavalares de peso, revolta, ódio e agressividade.

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Conforme descrito no parágrafo anterior, o som executado pelo Machine Head é fruto de um interessante mix de estilos musicais, que se assemelha ao trampo que outro grupo estava fazendo na época. Esse grupo é o Pantera, fundado nos anos 1980 pelos irmãos Dimebag Darrell (guitarra) e Vinnie Paul (bateria).

"Isso é algo que ficou preso a nós porque o Pantera era popular na época. Se gostávamos do Pantera? Claro que sim. Não vou dizer que eles não foram uma influência. Quando estávamos fazendo o ‘Burn My Eyes’, eu gostava muito do timbre de guitarra do Dimebag, era a coisa mais doentia que já existiu! Mas, musicalmente, estávamos vindo de um lugar diferente.

Foto: Atom Splitter PR
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Vínhamos do Metallica e do Slayer, vínhamos do Neurosis, vínhamos do Hardcore e do Rap. Era apenas essa confluência de música, paixão e motivação, em um momento realmente intenso de nossas vidas, e isso se tornou essa mistura louca de música que realmente não deveria ter funcionado. Ninguém imaginava que isso fosse possível. Mas nós conseguimos e isso acabou mudando as coisas. É uma loucura", contou Robb Flynn, durante entrevista concedida à Metal Hammer.

O destaque principal de "Burn My Eyes" é a violenta "Davidian", faixa de abertura que foi uma das últimas canções escritas para o álbum. O título da música faz referência ao Cerco de Waco, que resultou na morte de dezenas de seguidores de David Koresh, líder da seita chamada Ramo Davidiano.

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Outro grande momento do primeiro trabalho do Machine Head é "Old", que fala sobre um tema extremamente pesado, como mostra entrevista que Flynn concedeu à revista Kerrang em 2019.

"Esse groove em ‘Old’ é provavelmente um dos grooves mais baseados no Hip-Hop, embora o riff seja pesado pra caramba e a letra seja maligna e blasfema, sobre Jesus descendo [à Terra] e sendo baleado, como se ele descesse hoje, nada do que ele dissesse teria o efeito que teve naquela época.

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Foto: Fernando Yokota
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Há muitas músicas sobre religião em ‘Burn My Eyes’. Eu nunca fui uma pessoa religiosa, mas minha mãe tinha se convertido recentemente e o irmão gêmeo do meu pai tinha entrado para uma seita. Quando eu era criança, fomos até lá e tentamos tirá-lo da seita, mas não conseguimos, falhamos. Fomos embora e meu pai não falou com ele por décadas, foi uma loucura. Portanto, a lente pela qual vejo a religião é essa: o irmão gêmeo do meu pai entrou em uma seita, nós não conseguimos tirá-lo de lá, e vi os danos que isso causou. ‘Old’ era realmente sobre isso", pontuou o frontman californiano.

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Para desespero de quem acha que a política não deve ser abordada por bandas de Metal, Robb Flynn falou sobre o tema em questão quando escreveu a letra da potente "A Thousand Lies".

"Tínhamos acabado de entrar na primeira guerra do Iraque [Guerra do Golfo], quando Bush pai era presidente, e essa música era uma declaração muito forte contra a guerra e o racismo. Na época, ouvíamos muito Punk Rock e estávamos ensaiando em um espaço compartilhado com cinco bandas de Punk, então era muito político e isso estava realmente se infiltrando no que estávamos fazendo, com certeza."

As outras faixas de "Burn My Eyes" são porradas repletas de originalidade (e raiva), que fazem desse álbum um clássico do Metal, que trinta anos após seu lançamento, continua atual. "None But My Own", "Blood For Blood", "Death Church" e "Real Eyes, Realize, Real Lies" são algumas das músicas que mostram por quais razões "Burn My Eyes" é um item essencial na coleção de toda pessoa que seja fã de Metal feito por quem tem sangue nos olhos.

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Se você não conhece "Burn My Eyes", aperte o play e confira as bordoadas presentes nessa coletânea de porradas.

Álbum: "Burn My Eyes"
Banda: Machine Head (EUA)
Data de lançamento: 9 de agosto de 1984
Formação: Robb Flynn (guitarra), Logan Mader (guitarra), Adam Duce (baixo) e Chris Kontos (bateria)

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Sobre Mateus Ribeiro

Fã de Ramones, In Flames e Soilwork. Ouve (quase) tudo, desde rock clássico até black metal.
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