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Queens of the Stone Age: "In Times New Roman..." mantém a consistência da banda

Resenha - In Times New Roman - Queens of the Stone Age

Por William Esteves
Postado em 19 de junho de 2023

Nota: 7 starstarstarstarstarstarstar

Divórcio, briga judicial pela guarda dos filhos, pandemia, perda do amigo e colaborador Mark Lanegan e, ainda, a descoberta de um tumor, revelada esta semana. Não são tempos fáceis para Josh Homme, que durante um bom tempo não conseguiu ter foco na música. Mas, enfim, o frontman se reuniu com os amigos da formação cada vez mais indiscutível para lançar o sucessor de Villains, de 2017. São eles Troy Van Leeuwen (guitarra), Michael Shuman (baixo), Dean Fertita (teclados) e Jon Theodore (bateria), os mesmos membros desde ...Like Clockwork, de 2013. Dessa vez, um álbum com produção própria para exorcizar todos os demônios que rondam Homme, retomando a temática dark, melancólica e, por vezes, irônica que consagraram a banda. Sem grandes riscos, o Queens of the Stone Age conclui, assim, uma trilogia de álbuns. Confira a análise faixa a faixa.

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Obscenery

O Queens of the Stone Age sempre entrega boas aberturas de álbum. Esta é uma faixa consistente que, apesar de não sintetizar o álbum, acaba revelando que a banda optou por um caminho seguro nesse novo lançamento, em contraponto ao álbum anterior (Villains, 2017) que havia arriscado um inédito ambiente de disco rock. Agora, a sonoridade é familiar mas traz certo frescor.

Paper Machete

A faixa 2 de In Times New Roman... traz semelhanças com a faixa 2 de Lullabies to Paralyse (2005), "Medication", por ser um rock direto e de riffs simples. Aqui, temos um solo de guitarra que remete à Little Sister, também do álbum de 2005. A música não traz nada de novo debaixo do sol, apenas não nos deixa esquecer as raízes da banda no stoner rock, gênero no qual se tornou o principal expoente mundial, tanto é que os versos lembram a forma como Josh Homme canta "How to Randle a Rope", do primeiro álbum de 1998 (Self-Titled).

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Negative Space

Me parece que Homme tenta demonstrar que ainda tem um riff original na manga, visto que até Era Vulgaris (2007) sua marca registrada era construir suas músicas em torno de linhas de guitarra autênticas. Mas chega uma hora pra todo mundo que não existem mais riffs a serem criados, apenas reciclados. Pouca gente vai notar, mas este se parece um tanto com o da própria "Obscenery" - volte duas músicas e tire a prova. O refrão carece de criatividade e tenta forçar uma empolgação, mas não cola. Apesar disso, há de se destacar que a música atinge um ápice prazeroso pertinho do fim.

Time & Place

Esta música é o primeiro ponto fora da curva no álbum, tudo por conta de um violino que faz um staccato espaçado em contraponto ao dinamismo do groove durante toda a faixa, criando uma estranha mas deliciosa sensação hipnótica, enquanto Homme canta com sua conhecida doçura quase mórbida. Totalmente necessária a essa altura do álbum para te manter interessado pelo que está por vir.

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Made to Parade

O experimentalismo toma conta aqui, lembrando o álbum mais recente do projeto Desert Sessions (Vols. 11 & 12, de 2020) ou até mesmo a colaboração com Iggy Pop em Post Pop Depression (2016). Soa como uma marcha fúnebre com uma porta aberta para a esperança. Homme não se preocupou em gerar conforto, pelo contrário... a música vai se arrastando de forma propositalmente incômoda e repetitiva, dando a sensação de estarmos atravessando um momento denso do álbum. Faz pensar sobre a turbulência que o frontman vêm passando em sua vida pessoal nos últimos anos.

Carnavoyeur

Apresentada acertadamente como o segundo single do álbum, talvez será considerada mais pra frente uma das obras-primas da discografia do QOTSA. Uma semi-balada que abre espaço para Josh Homme mostrar sua melhor versão, como um verdadeiro ícone da música moderna. Suas melodias vocais e letras são primorosamente colocadas onde devem estar, criando um reflexivo storytelling sobre vida e morte, que ganha ainda mais impacto com o belo videoclipe feito para essa música. Poderia estar tranquilamente no clássico ...Like Clockwork (2013).

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What the Peephole Say

Tem a vibe de "Head Like a Haunted House" (Villains, 2017) e um quê de "Sick Sick Sick" (Era Vulgaris, 2007) no riff de guitarra, sustentada pelo groove do baixo de Mike Shoes. Os versos "I don’t care what the people say", "I don´t care what the people know" e suas variações são cantados de forma atraente por Homme e a faixa é bem dançante, ainda que de uma forma obscura, característica do QOTSA. Com um refrão marcante, tem cara de que pode funcionar como single posterior. Poderia estar uma ou duas faixas antes no álbum e, assim, teria feito um balanceamento melhor entre a urgência e a introspecção.

Sicily

Aqui, o groove também dá as cartas, dessa vez com a cozinha Mike Shoes e Jon Theodore fazendo a base para que Homme possa passear à vontade com falsetes e vozes sussurradas, além da instigante orquestração à la "Kashmir", do Led Zeppelin. A faixa faz referência à teatralidade macabra presente no álbum Lullabies to Paralyse (2005).

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Emotion Sickness

O single principal do álbum é uma baita música, com uma levada contagiante, mudanças de andamento, riffs criativos e versos que lembram os melhores momentos do Them Crooked Vultures (Self-Titled, 2009), até desembocar no refrão que é um verdadeiro deleite, com aquele toque especial de leve melancolia que poucos compositores como Homme conseguem entregar. É a faixa em que a banda toda brilha.

Straight Jacket Fitting

Das músicas alternativas do álbum, esta possivelmente é a melhor. O riff principal é badass, bluezeiro e imponente, apoiado por efeitos sonoros de vidros sendo quebrados(?). A performance de Homme é um ponto alto aqui, ele até arrisca um timbre vocal mais agressivo em dado momento da música. Certos acordes tristonhos mesclados ao andamento arrastado da música evocam sentimentos similares a "The Fun Machine Took a Shit and Died" (Era Vulgaris, 2007), um clássico b-side da banda e "Warsaw or the First Breath You Take After You Give Up", do Them Crooked Vultures. Os 2 minutos finais da música (que tem um total de 9 minutos), são reservados para um instrumental acústico semelhante à "Lightning Song" (Rated R, 2000).

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Ranking pessoal atualizado - discografia do Queens of the Stone Age:

1º Songs for the Deaf (2002)
2º ...Like Clockwork (2013)
3º Rated R (2000)
4º Queens of the Stone Age (1998)
5º Lullabies to Paralyse (2005)
6º Era Vulgaris (2007)
7º In Times New Roman... (2023)
8º Villains (2017)

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