"Maggot Brain" e a Psicologia da Sublimação: o poder da música nas emoções humanas
Resenha - Maggot Brain - Funkadelic
Por André Luiz Bastos Dehoul
Postado em 19 de fevereiro de 2022
Estamos em pleno ano de 2022, mas o que isso quer dizer?
Bom, nasci em 1974, década de 70, cresci nos anos 80 e vivi a adolescente efervescente dos anos 1990, século XX. Período de extrema criatividade cultural, sobretudo áudio visual. O cinema bombando, a música se recriando, seja no rock, no pop, no samba... Muito instigado pelo medo da então guerra fria intensificando-se pela aceitação cada vez maior da derrocada no Vietnã. Esse medo, insegurança se expõe pela arte. Sublimação.
Estaríamos em 2000, segundo minhas fontes afetivas e inconscientes, no futuro, no limiar entre a terra e a galáxia distante. Contatos com extraterrestres seria algo trivial, assim como o ir e vir à lua. Mal estamos sabendo ou conseguido lidar com a terra e os próximos a nós mesmo. Eis os fatos. O que fazer com isso. Este sentimento de impotência secular.
Ouvindo "Maggot Brain" da banda estadunidense Funkadelic, me percebo perplexo... Talvez pela décima segunda vez. E isso é poder, o poder da arte. A força em suscitar emoção, expor o não dito e por isso tornar possível a elação e o descarregar desta sensação do nada. Eis o conceito de sublimação, termo cunhado pelo fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, pai da psicoterapia moderna. Diz a lenda que o "ente criativo" do coletivo, George Clinton, colocou o guitarrista Eddie Hazel para tocar sozinho no estúdio escuro como se tivesse acabado de receber a notícia da morte de sua mãe. Não bastasse a situação em si, Hazel estaria muito louco... Seja lá o que isso signifique (mas sabemos o que significa estar fora do normal). A obra está aí para ouvirmos, e ouvirmos, e ouvirmos. Mais que isso, um convite para experimentar a música. E isso faz toda a diferença. Significa nadar pelas ondas sonoras, navegar pelo ritmo, se deixar levar pela complexidade. Difícil, como é difícil se deixar levar pelo devir. Existem composições que tem como propósito a experiência em si, do escutar e "deixar rolar". Como disse, nada fácil. Entregar-se é muito difícil, mas entregar-se a si mesmo? Sim. A percepção de si mesmo é angustiante (como bem concluiu Heidegger). Ora, gera angústia, está posto, mas o que fazer com isso? E aqui ponto para a psicanálise. Primeiro aceitar nossa existência, posta a prova quando ouvimos "Maggot Brain", não há como negar a existência de si mesmo, não há como negar a percepção de si mesmo como ouvinte, que sente, que explode em emoção, que respira e vive. Essa experiência, por mais paradoxal que possa parecer, e é, nos aproxima da morte, pois sentir nos faz perceber-nos mortais. E somos. E isso nos completa.
Darmos-nos conta do humano em nós mesmos nos torna forte. Pois passo a perceber meus limites e possibilidades. Eis a força e poder da arte. Se estivermos duvidosos sobre o humano e suas ações, se construtivas ou destrutivas, ouça Funkadelic, ouça "Maggot Brain" (Link ao final do texto). O humano é forte e grande, cria e criador, modificador, construtor. Deixe rolar, perceba-se ser-aí, ser-no-mundo. A dialética nunca permitirá que você saia desta experiência da mesma forma que entrou.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A banda brasileira que está seguindo passos de Angra e Sepultura, segundo produtor
Os melhores guitarristas da atualidade, segundo Regis Tadeu (inclui brasileiro)
"Guitarra Verde" - um olhar sobre a Fender Stratocaster de Edgard Scandurra
As músicas do Iron Maiden que Dave Murray não gosta: "Poderia ter soado melhor"
A banda que deixou o Rage Against The Machine no chinelo tocando depois deles em festival
O artista que Neil Peart se orgulhava de ter inspirado
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
O filme de terror preferido de 11 rockstars para você assistir no Halloween
Ramones e a complexidade técnica por trás da sua estética
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Como foi para David Gilmour trabalhar nos álbuns solos de Syd Barrett nos anos 1970
King Diamond recebe homenagem da Fundação Dinamarquesa de Artes
Guns N' Roses é anunciado como headliner do Monsters of Rock 2026
A música do Trivium que mistura Sepultura, emo e melodic death metal
As bandas de rock progressivo que influenciaram o Mastodon, segundo Brann Dailor

Scorpions - A humanidade em contagem regressiva
Soulfly: a chama ainda queima
Quando o Megadeth deixou o thrash metal de lado e assumiu um risco muito alto


