Resenha - Nine Mirrors - No One Spoke
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 25 de novembro de 2021
Nota: 8
Após uma bem sucedida campanha de financiamento coletivo (já vi medalhões do metal cancelarem iniciativas do tipo por falta de doações), o ainda pouco conhecido sexteto catarinense de metal sinfônico No One Spoke finalmente lançou sua estreia Nine Mirrors. O CD já está por aí desde o início do ano, mas só chegou às minhas mãos agora em novembro, daí a demora na resenha.
A obra nos traz nove faixas (quase todas assinadas pelos seis componentes) de um metal sinfônico de uma estirpe raramente vista em terras tupiniquins. O instrumental pesado, garantido em boa parte pelo guitarrista André Medeiros, é aliado a teclados densos (pelos dedos de Thiago Gonçalves), vocais líricos da soprano Carla Domingues e um violino "de verdade" (isto é, não sintetizado) executado por Iva Giracca, integrante fixa da formação.
A abertura "Bridge to Sanity" serve como ótimo cartão de visitas para o que a banda tem a oferecer. Em "Blue Way", começa-se a notar que Carla tem um timbre curiosamente parecido com o de Anette Olzon (The Dark Element, Allen/Olzon, ex-Nightwish). A partir de "Fear of Regret", começamos a ver que o grupo tem um pezinho no progressivo. Temos um mergulho neste gênero no destaque "Rise Again", com uma seção instrumental com direito a duelo de guitarra, violino e teclado sobre uma base matadora da dupla Artur Cipriani (baixo) e Gabriel Porto (bateria).
O disco reservou espaço para baladas, inclusive uma escrita pelo ex-guitarrista Marcelo Rosa: "Sigh". A outra, acústica em boa parte, é "Trust Yourself" (Gabriel Porto, Carla Domingues), a mais comprida de todas - embora não seja a faixa que mais parecesse merecer uma duração relativamente longa. Sobrou espaço até para a experimentação: "Final Breath", uma espécie de interlúdio quase todo instrumental e envolto em uma aura de mistério e tensão que destoa das demais canções.
O single que apresentou os catarinenses ao mundo, "Milonga para las Reinas", chega quase todo em espanhol para abordar uma temática pra lá de relevante (empoderamento feminino). E tudo se encerra com uma bela interpretação sinfônica de "Rainbow in the Dark" (Ronnie James Dio, Vinny Appice, Jimmy Bain, Vivian Campbell), do Dio, com participação de ninguém menos que o baixista Rudy Sarzo (The Guess Who, ex-Quiet Riot, ex-Ozzy Osbourne, ex-Whitesnake, ex-Manic Eden, ex-Dio, ex-Blue Öyster Cult, ex-Geoff Tate's Queensryche, ex-Devil City Angels).
Tirando alguns trabalhos mais sofisticados do Angra ou do Shaman, são poucos os momentos do metal sinfônico brasileiro que empolgam tanto quanto esta estreia do No One Spoke. Nine Mirrors é facilmente um dos destaques do ano e mais uma amostra de que há muito sangue pulsando nas veias do metal nacional.
Abaixo, o clipe de "Fear of Regret":
FONTE: Sinfonia de Ideias
https://sinfoniadeideias.wordpress.com/2021/11/24/resenha-nine-mirrors-no-one-spoke/
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