Stone Temple Pilots: Com Perdida eles provam que ganharam o jogo
Resenha - Perdida - Stone Temple Pilots
Por Marcio Machado
Postado em 04 de março de 2020
Nota: 7
Resenha postada previamente em Gaveta de Bagunças
Ah os anos 90 e o seu frescor com a quebra daquela coisa espalhafatosa toda da década anterior para trazer uma cara mais cinzenta e melancólica fosse com o grunge ou mesmo o new metal. No primeiro caso tivemos a ode à tristeza e inquietações refletidas na música pesada. Alice in Chains, Soundgarden, Pearl Jam, Nirvana, traziam suas frustrações com o mundo em tons de Schopenhauer em forma de canções. A maioria dessas bandas teve a oportunidade de testar a experiência de se "desplugarem" e trabalhar suas canções de uma forma mais intimista na série "Unplugged" da MTV, da qual também fez parte o Stone Temple Pilots, que até hoje divide opiniões se é uma pertencente ao estilo ou não, fato este que não é o mérito aqui.
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A questão é que após a trágica perda de dois vocalistas, (Scott Weiland, o membro original e posteriormente, Chester Bennington, que não estava mais ligado ao grupo mas tendo feito parte da sua história), o Stone Temple Pilots se reergueu com Jeff Gutt nos vocais (antigo Dry Cell), lançaram em 2018 o seu segundo disco autointitulado, que segue a mesma qualidade e peso dos álbuns anteriores. Mas para 2020, a banda resolveu trazer uma nova proposta para sua discografia, um disco de estúdio acústico. Sabemos que o formato demanda uma atenção maior, por ser uma proposta como já falado, mais intimista, algo mais pessoal e temos ótimos exemplares no mercado de produtos nesses moldes, como "Year of the Tiger" de Myles Kennedy e o recém lançado, "One Alone", do vocalista do Alice in Chains, William DuVall.
"Perdida" é o nome da aposta dos caras e eles provam que ganharam o jogo. Nos primeiros acordes de "Fare the Well", temos a sensação de estarmos sendo jogados de volta ao anos 90 e toda aquele seu clima denso e ao mesmo tempo que nos acolhe. O tom sereno e a ótima voz de Jeff que parece ter nascido para estar nessa banda é um deleite para os ouvidos. "Three Wishes" segue tão harmoniosa quanto a anterior e consegue um ótimo resultado com uma batida bastante agradável.
A faixa título "Perdida" já é a próxima, e chega com uma levada quase trágica espanhola, mostrando a versatilidade da música proposta pelos caras e que essas propostas não se encaixariam bem se não nesse formato. "I Didn't Know the Time" continua trazendo ares trágicos que podem soar como um entorpecente num dia chuvoso, ou seja, perfeita e das melhores do disco. "Years", cantada pelo baixista Robert DeLeo é outra que parece levar mais ainda pro fundo do poço com um vocal bastante arrastado, porém aqui as coisas parecem sair de rumo um bocado, a faixa não consegue passar o mesmo que as anteriores e parece uma música de cena brega de novela brasileira. A mais chatinha do disco.
"She’s My Queen" é uma balada que conta com instrumentos diferenciados, o que faz causar boa impressão e a levada é bastante confortável. "Miles Away" parece saída direto de alguma trilha de animação do Tim Burton, o andamento rítmico é muito bom, as nuances de vozes em contrapartida com instrumentos como violino dão um charme muito interessante aqui e o refrão é muito bom, de uma delicadeza incrível. "You Found Yourself While Losing Your Heart" dá seguimento no mesmo molde de outras, com destaque também para seu refrão que é muito melódico e pega em cheio pela forma que cresce a canção.
"I Once Sat at Your Table" é um pequeno interlúdio instrumental que não acrescenta muito ao todo. "Sunbusrt" é quem encerra o trabalho e o faz muito bem. A faixa tem a adição de teclas que em conjunto à ótimas levadas da voz de Jeff criam o encerramento digno do disco.
"Perdida" é outro lado de uma banda veterana e que ainda consegue se reinventar, mesmo sem inventar a roda. Alguns apontaram se tratar de um trabalho genérico e sem vida, o que ao se ouvir o todo, se mostra uma tremenda inverdade. Há sim um cuidado da parte de todos os integrantes aqui em criar algo digno para seus fãs e claro que o formato acústico pode decepcionar alguns, mas em nenhum momento isso se mostra sinônimo de um resultado ruim. Desfrute do bom momento e se desligue do todo se jogando nos bons minutos de uma música que no mínimo irá te trazer boas sensações.
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