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Baroness: um disco com grandes ideias e uma produção controversa

Resenha - Gold & Grey - Baroness

Por Ricardo Seelig
Postado em 09 de julho de 2019

"Gold & Grey" é o quinto álbum da banda norte-americana Baroness e foi lançado na metade de junho. O disco é o sucessor de "Purple" (2015) e marca a estreia em estúdio da guitarrista Gina Gleason, no quarteto desde 2017. "Gold & Grey" vem com dezessete faixas e foi produzido por Dave Fridmann, que já havia trabalhado com o grupo no disco anterior.

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Antes de falar sobre o álbum, já quero iniciar este review abordando um ponto polêmico e que tem gerado várias discussões entre os fãs: a produção. "Gold & Grey" intensifica os timbres e a sonoridade suja, que em diversos momentos parece estar em baixa resolução, e que foi apresentada em "Purple". A abordagem de Fridmann é inegavelmente controversa, e a opção da banda por esse aspecto mais cru e longe do som cristalino e pesado dos três primeiros álbuns divide os fãs. Pessoalmente, faço parte da turma que não compartilha o pensamento dos músicos e de Dave Fridmann, pois me parece que uma banda com uma musicalidade tão intensa e cheia de detalhes como é o caso do Baroness necessita de uma produção que torne ainda mais evidentes e claras qualidades como essas. O som sujo incomoda em algumas canções e em outras não é uma questão tão importante assim, mas quem acompanha a trajetória do quarteto liderado pelo vocalista e guitarrista John Baizley há um certo tempo certamente sentirá uma diferença nada agradável.

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Contando com Baizley, Gleason, o baixista Nick Jost e o baterista Sebastian Thomson, o Baroness segue a sua evolução em "Gold & Grey". Classificar a banda apenas como heavy metal deixou de fazer sentido no fenomenal "Yellow & Green" (2012), e neste novo trabalho a banda segue partindo da música pesada na maioria das vezes e chegando nos mais diversos caminhos sonoros. Essa variedade de opções e a imprevisibilidade que ela proporciona é um dos pontos que sempre me fez admirar o grupo, e continua sendo um destaque em "Gold & Grey". É possível ouvir elementos de rock progressivo, jazz-rock, pop, metal mais extremo e uma gama variada de influências.

O outro ponto que diferencia o Baroness e que é, muito provavelmente, a sua principal característica, é o apelo emocional de suas músicas. Não no sentido de elas significarem algo para a vida dos ouvintes – o que realmente significam, sem dúvida, e cada fã possui uma relação individual com aquilo que ouve -, mas sim na forma como elas são construídas. O Baroness trabalha costumeiramente com estruturas harmônicas e com arranjos ascendentes, que fazem as faixas partirem de um ponto e irem crescendo até chegarem ao seu ápice. A chegada de Gina Gleason parece ter evidenciado ainda mais esse ponto. A opção por vocais dobrados na maioria das músicas também é um ingrediente recorrente, e que intensifica ainda mais esse "arrepiamento" que a música do Baroness proporciona ao ouvinte. Em uma comparação rápida, é a técnica executada com perfeição pelo Fleetwood Mac no clássico "Rumours" (1977) aplicada ao metal, com um resultado igualmente arrebatador.

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Um outro apontamento necessário de se fazer em relação a "Gold & Grey" é que John Baizley encontrou a sua parceira ideal em Gina Gleason. A interação entre as guitarras, que sempre foi um ponto forte da banda, aqui é ainda mais explorada. Bases, harmonias, melodias e solos executados de maneira simultânea pelos dois fazem com que o termo "guitarras gêmeas" adquira outra definição, em uma interação não menos que brilhante.

Uma banda com um aspecto emocional tão forte quanto o Baroness possui características que, ao mesmo tempo em que agradam os convertidos, afastam aqueles que não batem com a proposta dos norte-americanos. O afastamento gradual das fórmulas empregadas no heavy metal faz com que essa rejeição ganhe novos contornos, o que a produção "low resolution" não colabora em nada para aplacar. Então, esse parágrafo acaba com uma recomendação: se você curtiu o Baroness de "Yellow & Green" e "Purple", e também dos iniciais "Red Album" (2007) e "Blue Record" (2009), principalmente pela forma inovadora de tocar heavy metal e por tirar o estilo de sua zona de conforto, muito provavelmente "Gold & Grey" não será para os seus ouvidos.

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Agora, se você sempre curtiu o temperamento aventuresco da banda, "Gold & Grey" é um passo lógico nessa história. Como já dito, o Baroness está cada vez mais distante do metal e caminha sem cerimônias por estilos variados, incluindo na receita inclusive uma aproximação com o cenário do rock alternativo. Isso tudo faz de "Gold & Grey" um disco ainda mais desafiador do que o ponto de interrogação tradicional encontrado nos álbuns da banda.

Concluindo, a minha opinião a respeito de "Gold & Grey" é que trata-se de uma obra pretensiosa como sempre, mas que não alcança o resultado dos dois discos anteriores. Não há neste novo trabalho canções cativantes como "Take My Bones Away", "March to the Sea" e "Eula", responsáveis por colocar "Yellow & Green" acima das nuvens, e nem jornadas melódicas como "Chlorine & Wine", "Shock Me" e "Morningstar", do fortíssimo "Purple". A produção é um problema crucial em "Gold & Grey" e, infelizmente, puxa o disco para baixo, prejudicando um álbum que possui inegáveis qualidades mas que foram soterradas, em grande parte, pela sonoridade crua que ele apresenta.

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Mesmo com tudo isso, o Baroness ainda vale um tempo no seu dia. Pare, respire fundo e ouça "Gold & Grey" sem pressa. Afinal, atrás desse denso muro construído de maneira equivocada pela banda, existe um belo jardim esperando por você.

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Sobre Ricardo Seelig

Ricardo Seelig é editor da Collectors Room e colabora com o Whiplash.Net desde 2004.
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