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Rammstein: sem grandes novidades mas ainda com lenha pra queimar

Resenha - Untitled - Rammstein

Por Ramon Cardinali de Fernandes
Postado em 27 de maio de 2019

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Rammstein - o "disco sem nome": sem grandes novidades mas ainda com lenha (ou fósforo) pra queimar.

Não sei se também é o seu caso, mas nos últimos dez anos muita coisa mudou na minha vida, incluindo aí parte significativa de minhas preferências musicais. Hoje não escuto com a mesma regularidade as bandas ou os estilos musicais que, em 2009, predominavam na minha vida. Rammstein era justamente uma das bandas que eu mais escutava até meados de 2009. Mas, para o bem ou para o mal, a banda perdeu espaço entre minhas preferências musicais de uns anos pra cá— ainda que seu valor afetivo tenha permanecido.

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Inegavelmente, Rammstein é uma das bandas mais importantes da minha vida. Não por acaso participei de um cover de Rammstein por sete anos aqui em Belo Horizonte/MG (de 2004 à 2011). Também não por acaso, foi justamente num show do Rammstein, em São Paulo (2010), que quebrei um pé pela primeira e única vez — isso ilustra o quanto a banda marcou, inclusive fisicamente, a minha existência. Mas não me alongarei sobre minha relação afetiva com Rammstein ou sobre mudanças em minhas preferências musicais. Essa breve contextualização apenas tem importância porque ela indica o viés que condiciona minhas reações ao novo disco do Rammstein: o chamado "disco sem nome" (ou "Rammstein").

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Alguns consideram que o disco se chama "Rammstein"... Vai saber!
Quando a banda anunciou o lançamento desse novo disco para este ano (2019) pensei que, assim como aconteceu comigo, talvez as preferências e os rumos criativos da banda pudessem ter sido alterados desde o lançamento de seu disco "Liebe ist für alle da", em 2009. Afinal de contas, uma década é bastante tempo! Assim, logo após o anúncio oficial, meus questionamentos imediatos foram os seguintes: será que um novo lançamento do Rammstein ainda será capaz de me afetar? Será que a banda vai oferecer algo repleto de novidades? Ou será mais do mesmo? Apesar do tempo e das mudanças pessoais, é certo que o simples anúncio de um novo disco aguçou minha curiosidade. Um bom sinal!

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Confesso que quando vi o videoclipe do primeiro single, "Deutschland", não fiquei muito impressionado. Quer dizer, visual e conceitualmente o videoclipe é espetacular! Sem dúvidas. Mas a música — que é o que interessa no fim das contas — não me empolgou tanto. É uma boa canção, com uma ótima letra (e nesse departamento Till Lindemann nunca decepciona). Há também um riff marcante de guitarra, cujas notas são constantemente replicadas pelo sintetizador utilizado por Flake. A questão é que a música provoca a sensação de que algo épico está por vir, mas frustra quando não entrega isso.

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Algumas semanas depois veio o segundo single: "Radio". Mais um videoclipe com visual e conceito impecáveis! Dessa vez, por razões que a própria razão desconhece, fui com "a cara" da música logo numa primeira ouvida. Talvez porque de imediato senti que "Radio" poderia, com pouquíssimas alterações, estar presente no álbum "Sehnsucht" (1997) — um dos meus favoritos da banda. A melodia cantada por Till no refrão e o riff de guitarra são extremamente pegajosos, desses que, após duas ou três ouvidas, não saem mais da cabeça (riff que, aliás, lembra bastante o riff de "Violent Pornography", do SYSTEM OF A DOWN). Foi com a divulgação de "Radio" que fiquei mais otimista com o novo disco. Não havia nada exatamente inovador ali, mas "Radio" foi capaz de me divertir como as antigas músicas da banda!

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E é exatamente este meu ponto sobre o "disco sem nome" (2019). Tendo escutado ao disco por inteiro algumas vezes, meu veredito geral sobre ele se assemelha ao meu veredito específico à música "Radio": no geral, o "disco sem nome" expressa um somatório de todos elementos que aprendi a amar em Rammstein ao longo do tempo. Mesmo após uma década, a banda ainda parece ter lenha (ou fósforo) pra queimar. Vejamos o restante das músicas individualmente para dar mais substância a esse veredito.

Os singles "Deutschland" e "Radio" são a primeira e a segunda música do disco, respectivamente. A primeira música inédita após os singles é "Zeig Dich". E que excelente canção! Temos bons riffs de guitarra, um refrão empolgante (que lembra o refrão de "Zwitter", do álbum "Mutter") e até mesmo um espaço reservado para o baixo de Oliver brilhar — algo raro na discografia do Rammstein. Os corais, executados pela State Academic Choir, da Bielorrússia (!), adicionam um tom dramático e épico.

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"Sex" e "Ausländer" são as duas músicas que menos menos me agradaram no disco. Ainda assim, essas canções têm seus méritos. "Sex" tem uma levada meio "Personal Jesus" (DEPECHE MODE), meio "Psycho" (MUSE) e, pra fazer uma referência ao próprio universo Rammstein, meio "Haifisch" (a linha de bateria, por exemplo, é exatamente a mesma). Uma sonoridade um tanto quanto saturada, pro meu gosto. Mas nos 50 segundos finais da música, surge um excelente riff, uma mudança na bateria e um super solo de sintetizador, cortesia de Flake, dá as caras. Queria muito que esse momento final fosse um pouco mais longo ou tivesse sido melhor aproveitado ao longo da composição… Já "Ausländer" carrega o mérito de ser uma das poucas reais novidades no disco. Trata-se do Rammstein explorando uma vertente mais, digamos, "party music" — inédita na discografia da banda até aqui (na hora lembrei da música "Kleinstadt Boy", da banda OOMPH!). Novamente temos um refrão bastante pegajoso em meio a uma composição que consegue ser apenas regular. Mas o melhor do disco está reservado para sua segunda metade. Sigamos!

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A sexta música, "Puppe", nasce como um novo clássico do Rammstein. Com certeza ela renderá alguma performance especial nos shows daqui em diante! O modo como a composição consegue construir tensão, somado à interpretação insana de Till nos vocais, coloca "Puppe" no meu rol de músicas favoritas da banda. O eu lírico parece ser uma garotinha que passa o dia num quarto apenas com a companhia de uma boneca ("puppe", em alemão) enquanto sua irmã se prostitui no quarto ao lado. Mas num dado momento, algo acontece com a irmã (!) e a boneca se revela como metáfora… O estilo interpretativo de Till no refrão é algo inédito na discografia da banda, constituindo outro raro elemento de novidade do disco. Ao contrário de "Deutschland", "Puppe" lhe promete algo logo no início e faz uma entrega primorosa!

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Em seguida temos "Was Ich Liebe", que talvez seja a música menos marcante da segunda metade do disco. O clima melancólico e arrastado da música me remete às músicas bônus lançadas na época do "Liebe ist für alle da" (vejam "Halt" ou "Donaukinder", por exemplo). Ainda assim, o refrão tem o seu charme. Essa, aliás, é uma tônica do disco: todas as músicas têm um refrão forte — uma arte que Rammstein domina com maestria.

Em "Diamant", Rammstein explora seu lado acústico, sem perder a sonoridade sombria mais característica da banda. Músicas parecidas na discografia da banda são "Ein Lied" e "Roter Sand". Mas sinto que, em comparação a estas duas músicas, Rammstein acertou melhor a mão na abordagem "balada acústica" com "Diamant". A música funciona como um descanso no meio do disco e tem duração ideal para isso (cerca de dois minutos e meio). O dedilhado acústico é complementado por uma guitarra distorcida ao fundo, que adiciona um ponto extra de tensão e, ao fazer isso, auxilia na sinergia entre música e letra — que, aliás, é muito menos "bonitinha" do que pode parecer numa primeira leitura…

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A música seguinte é "Weit Weg". Outra excelente canção, dessa vez impulsionada principalmente pelos timbres e pela melodia entoada pelo sintetizador de Flake. Que timbre lindo! Ao meu ver, a ambientação construída por Flake e os vocais de Till são os destaques absolutos de todo disco. "Weit Weg" é só mais uma evidência disso.

"Tattoo" acaba sendo uma viagem ainda maior no tempo. Com ela, Rammstein volta as suas raízes de "Herzeleid" (1995) e "Sehnsucht" (1997). O riff de guitarra e a bateria remetem de imediato a músicas como "Weisses Fleisch" ou "Buck Dich". Confesso que estava com saudades do Rammstein fazendo um pouco do metal industrial raiz — ainda que com um refrão consideravelmente mais "feliz" que as antigas músicas mencionadas. Um genuíno "throwback"!

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O melhor de tudo, na minha opinião, ficou para o final: "Hallomann". Disparada a melhor do disco! O riff de guitarra/baixo é simples mas extremamente poderoso. A música tem uma similaridade com "Puppe": também constrói um clima obscuro, de tensão absoluta em seu início, e explode perto do fim com um curto solo de guitarra e um solo arrepiante de sintetizador, carregado de dissonância. Esse momento dos dois solos são, pra mim, o ponto alto de todo o disco. Simplesmente arrepiante (literalmente)! A ambientação geral da música me lembrou muito uma de minhas músicas favoritas do Rammstein: "Alter Mann". "Hallomann" é outro ponto alto na discografia da banda.

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Enfim! Retomemos os questionamentos que me fiz quando o Rammstein anunciou seu novo disco. Primeiro: o novo disco foi capaz de me afetar? A resposta é sim! Mesmo depois de anos e de tantas mudanças em minhas preferênciasm musicais, as músicas me divertiram, me deixaram tenso, assustado ("Puppe") e até arrepiado ("Hallomann"). Tenho escutado ao disco com regularidade há uma semana. E isso é ótimo!

Houve muitas novidades no disco? Poucas. Talvez a interpretação vocal de Till em "Puppe", a estética da música "Ausländer"… E só. O resto é uma espécie de recombinação dos vários elementos que compõem a clássica sonoridade Rammstein. É um disco conservador. E nesse sentido, acho pouco provável que ele traga novos fãs à banda. Perceba que ao longo dos meus comentários me remeti constantemente a canções antigas do Rammstein: o objetivo foi justamente ilustrar esse senso de familiaridade que perpassa todo disco. Mas isso não é algo necessariamente ruim. É apenas um sinal que, mesmo após tantos anos, a "fórmula Rammstein" ainda vai muito bem, obrigado!

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Tracklist:
1. Deutschland
2. Radio
3. Zeig dich
4. Ausländer
5. Sex
6. Puppe
7. Was ich liebe
8. Diamant
9. Weit weg
10. Tattoo
11. Hallomann

Músicas de destaque: "Puppe" e "Hallomann"

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