Jonathan Davis: uma sonoridade que se distancia do Korn tradicional
Resenha - Black Labyrinth - Jonathan Davis
Por Marcio Machado
Postado em 25 de maio de 2018
Nota: 7
Depois do último lançamento do Korn, "Serenity of Suffering", de 2016 e um dos melhores álbuns daquele ano, um turnê mundial de divulgação contando com shows no Brasil, o vocalista Jonathan Davis deu uma pequena pausa nos trabalhos com a banda para lançar seu primeiro trabalho solo, o disco "Black Labyrinth". JD em entrevista disse que o álbum vinha sendo trabalhado há mais de dez anos, desde a época em que também havia excursionado com shows solos e acústicos.
Todas as características vistas na banda principal de Jonathan estão aqui, a tristeza, depressão, solidão e angústia aparecem aqui, mas em uma sonoridade que se distancia do Korn mais tradicional, porém, óbvio que há ligação devido a forte identidade vocal.
"Undearnith My Skin" começa o disco com uma pegada mais "animada", uma faixa simples, com um bom refrão e mostra que o disco não soará com uma simples sobra do Korn e prova o porque de se fazer um álbum solo.
"Final Days" começa com violinos e percussões, algo que lembra um tema indiano, tem um clima bastante carregado e com forte presença do vocalista de Jonathan. Esta faixa é uma das que circulavam há um tempo pelo YouTube como trabalho perdido do vocalista, por esse fator acaba perdendo a surpresa da mesma, mas ainda assim, bastante marcante.
Lembrando o trabalho feito na sua banda principal, "Everyone" é a faixa mais pesada do álbum e segunda a ganhar um vídeo clipe. A faixa trata sobre alguém perdido que procura a igreja em desespero mas não se adequa ali. Não é uma simples cópia do Korn, tem sua identidade e uma das melhores do disco.
"Happiness" é das que voltam a ter uma clima mais pra cima e uma passagem bastante pesada e rápida no meio, onde Davis usa seus guturais pela única vez no disco todo. O fim da faixa vai fazer os fãs se lembrarem de "Everything Falls Apart" do Korn.
"Your God" volta ao tema religioso, com questionamentos sobre Deus. Uma faixa muito boa de se ouvir, bastante marcante e tem um ótimo refrão que gruda bem fácil. Destaque para evolução da voz de Jonathan que soa como um dos melhores vocalistas atuais, sem perder sua identidade, pois aqui sua voz "chorosa" da as caras em uma passagem e vemos como ele pode alternar de forma natural seu timbre.
Em seguida encontramos outra forte candidata à melhor faixa. "Walk On By" é dinâmica, tem um belo trabalho de bateria, uma levada gostosa e um refrão bastante forte, com bastante presença vocal e uma passagem
desconcertada bem à moda Jonathan Davis.
"The Secret" traz um clima gótico, denso e pesado, cheia de sintetizadores e outro ótimo refrão onde agressividade e calmaria se misturam na voz. Faixa que se ouve mais de uma vez com facilidade.
"Basic Needs" começa novamente em clima gótico para dar espaço a característica voz de Jonathan que canta em uma longa melancolia reforçando a atmosfera pesada, explodindo em um refrão que você irá cantar várias vezes no dia e uma ótima passagem instrumental cheia de feeling e groove. Mais uma entre as melhores. Uma versão demo da canção já circulava há anos por aí causando mais curiosidade sobre e o resultado final não decepcionou.
"Medicate" em seu início nos lembra algo feito pelo Nine Inch Nails, grande influência de Jonathan em sua carreira. Como o nome já sugere, a letra trata sobre o longo período que o vocalista sofreu sob efeitos de remédios fortes para seus problemas. Faixa meio morna, apesar de ainda boa.
Com batidas eletrônicas e um Jonathan sereno, "Please Tell Me" surge mais como um interlúdio no meio do disco. Seu final explode em uma levada industrial que casa perfeitamente com o vocal remetendo à várias bandas, e Jonathan implorando que "por favor, me digam que porra está acontecendo?".
De novo com ares industriais, "What You Believe" traz um clima dançante até, com guitarras pesadas e várias batidas de timbres diferentes em sua duração. Mais uma vez Jonathan questiona os credos das pessoas sobre entendimento da religião. Muito boa.
"Gender" parece um delírio musical na verdade que não se acha hora nenhuma, passa por vários ritmos e acaba não indo à lugar algum. Faixa mais fraca e sem graça do álbum todo.
Fechando o disco, "What It Is", primeiro single lançado do trabalho, que também conta com um ótimo vídeo, traz uma faixa pesada, lenta e carregada de angústias e melancólia, arranjada por uma bateria forte e até violões embalando-a. Tem refrão bastante forte e é um encerramento bastante marcante para os ouvintes, já se tornando uma das composições favoritas na carreira do cantor.
"Black Labyrinth" é um bom começo para a carreira solo de Jonathan, um trabalho paralelo que o reafirma como um dos vocalistas dessa geração, com uma identidade forte e própria. Aqueles que não são familiarizados com seu universo podem não se interessar muito, mas se despido de preconceitos, temos um belo trabalho musical aqui, um bom trabalho pessoal de um músico com o público.
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