Panzer: Resenha faixa a faixa do álbum Resistance
Resenha - Resistance - Panzer
Por Carol Maiden
Postado em 07 de novembro de 2016
Nota: 10
Uma carreira de 25 anos, álbuns lançados, shows, reconhecimento fora do país, troca da formação da banda, pausa, retorno, uma nova visão, um novo lançamento... Até aqui descrevemos o que é a estrada de uma banda de sucesso, certo? Mas essa é a história de uma banda que representa o que é o Thrash Metal brasileiro. Especificamente falando, de um álbum que representa oque essa banda é. Estamos falando da banda PANZER. Mas não, não vamos contar a história deles nem falar sobre a discografia, etc. O foco do momento é o novo álbum.
Resistance é o título. E totalmente apropriado, pois em uma extensa carreira, a raíz, a essência e a paixão pela música ainda resistem, intactas. A arte da capa foi criada pelo baterista, Edson Graseffi, trabalho bem direto , sem muitas firulas, oque deixa claro que o foco aqui é fazer música boa, sem frescurinha. Já começamos bem então, pois esperamos de uma banda desse nível, nada menos do que música de qualidade. O álbum foi produzido pelo guitarrista André Pars (que também gravou as linhas do baixo nesse trabalho) e Henrique Baboom, pelo selo Shinigami Records. São 12 faixas no total, então vamos ao que interessa: falar sobre elas!
Começamos com "96", abrindo esse álbum de maneira suave. Sim, nada de paulada à primeira ouvida! Curtinha, dedilhado relaxante, uma pequena preparação mental, digamos. E digo preparação no sentido de "segura que o tapa na orelha vai ser grande". "The Price" já chega dando as boas vindas ao vocalista Sérgio Ogres, esse é o primeiro trabalho dele com a banda, e diga-se de passagem, belo trabalho! Vocal firme e direto. Uma pegada um tanto Hardcore no início, solo de guitarra excelente. E para finalizar , de volta à suavidade da faixa anterior. Seguimos com "Impunity" , sem dúvida a música que vai marcar o nome do Resistance na sua memória na hora. Uma pegada que lembra ligeiramente uma fusão de SABBATH e PANTERA, vocal forte, riffs pesados, pratos e pedal na batera muito bem acentuados. Não tem como ouvir uma vez só essa música, não tem como não memorizar o refrão e repetir ao longo do dia. Queria abraçar a banda agora e agradecer por isso, claro que opinião é algo bem pessoal, mas na minha, pqp!!! Essa entra na veia mesmo, escutem e sintam. "No Fear", dura, pesada, levadas "old scholl" de bateria, vocal rasgado. Assim, curta e grossa. "To Scream in Vain" na parte vocal no início, me lembrou vagamente a música Twilight Zone do IRON MAIDEN ( cantada um pouco mais lentamente e bem mais pesada) mas a impressão para por aí, porque essa é paulada. Até esse ponto do álbum, o vocal tem sido absolutamente surpreendente, não destoa das raízes do Panzer, a fúria está presente sempre, porém, traz uma mistura de timbres, uma versatilidade que há muito tempo não vejo.
"Alone" começa lentamente, de uma forma cadenciada, meio "sofredora" seguida de um vocal mais clean, um solo melódico, e um retorno à forma inicial, porém uma finalização mais acelerada e direta. "Attitude" uma pitada Hard Rock, MOTORHEAD sendo citado como a "energia" dos caras na letra, bateria daquele jeitão demolidor, muito bem acompanhada das linhas firmes do baixo e uma guitarra precisa. Não é muito extensa porém, mantém o peso que se espera da banda. "Do It!"a letra realmente passa uma mensagem. Isso é um ponto positivo, embora todas as músicas tenham na letra algo a ser dito, essa você entende de cara, sente a idéia por trás da letra, mesmo não sendo em português. Então como diz a letra "abra sua mente e siga em frente". A próxima, "The Old And The Drugs For Soul" vem com uma pegada menos acelerada inicialmente, riff direto e simples, uma breve mudança no tempo trazendo aquela "explosão" e remetendo ao thrash cru dos anos 80, pedal da batera bem evidenciado em alguns momentos.
"The Resistance" a faixa-título sempre é a que carrega mais responsabilidade em qualquer trabalho. E nesse caso, a composição faz juz 100%. Velocidade, fúria e a habilidade dos músicos são os pontos principais. BLACK SABBATH presente novamente mas agora na letra, embora alguns momentos de faixas anteriores tenham clara influência deles na "cozinha". No geral essa é uma música que mostra oque é o PANZER, realmente um "tanque de guerra", resistindo a qualquer desafio, passando por cima de tudo com as raízes fincadas no melhor do Thrash Metal e doses muito bem aplicadas de Stoner Rock.
Mas nem só de pancada vivem os Thrashers. Os brutos tambem amam e compõem uma belíssima porém curta baladinha. " You May Not Have Tomorrow" tem um vocal comovente, timbre de guitarra limpo e suave, sem bateria dessa vez. Uma grata surpresa pois mostra o nível dos músicos, diversificando . Última faixa, "Actitud". Sim, você já leu esse nome ali em cima. Mas essa faixa é em espanhol! Uma homenagem da banda aos fãs da Argentina, por onde fizeram shows em 2014. Embora seja a mesma melodia, a sensação é de que o vocal descarregou mais raiva nessa versão e a parte final da música na versão anterior (onde a guitarra estaria um pouco mais acentuada) deu lugar a uma pegada a la Iommi e Bill Ward, e é isso que nós queremos, sentir o sangue no olho e a fúria na garganta. Fechou muito bem o álbum.
Um trabalho totalmente novo e ao mesmo tempo, fiel às origens. O vocalista trouxe uma nova roupagem com sua habilidade absurda, o baterista continua moendo a batera com maestria e precisão, guitarra e baixo perfeitamente executados em cada faixa, sem exagero mas sem faltar nada. Letras diretas. Não há comentários negativos para esse trabalho. Os demais álbuns também tem seus méritos, mas não é justo comparar, porque a meta de um novo álbum é sempre superar as expectativas. E não resta dúvidas. O PANZER representa o Thrash Metal brasileiro. Agora chega de papinho e vá já escutar essa obra de arte.
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