Camel: Um disco simplesmente sensacional
Resenha - Mirage - Camel
Por Tiago Meneses
Postado em 23 de janeiro de 2016
CAMEL é uma daquelas bandas de discografia com poucas falhas, tendo em álbuns como o "Mirage", uma demonstração máxima de talento de todos os seus integrantes. Aqui, com sua formação clássica, podemos notar o grupo em seu apogeu criativo. A capa do álbum também causa um certo impacto por conta de levar o mesmo desenho trazido pelos maços de cigarros homônimos ao disco. Isso se deve a um acordo comercial entre a banda e a marca e que inclusive gerou polêmica na época, obviamente por conta de ser visto como uma apologia ao fumo. Mas que não deu em nada e "Mirage" seguiu com uma capa única.
O álbum começa com, "Freefall". Possui uma veia psicodélica (principalmente por conta da influência de PETER BARDENS, autor da canção, no estilo). Dentro do que se encontra no álbum como um todo, é uma faixa que está abaixo da média, mesmo assim tem um bom trabalho principalmente de guitarra e órgão.
"Supertwister" é toda instrumental e a menor faixa do álbum, mas de extrema beleza, além de uma demonstração de Latimer que havia faltado no primeiro disco do grupo, ou seja, o do seu talento que vai alem da guitarra, mostrando-se um exímio tocador de flauta. Uma típica canção da escola CAMEL de rock progressivo, relaxante, serena e extremamente bem cadenciada.
"Nimrodel / The Procession / The White Rider" sem sombra de dúvidas é um dos pontos altos do álbum. Uma faixa baseada na obra "O Senhor dos Anéis". A primeira coisa que ouvimos é LATIMER brincando com sua guitarra e o som profundo de coro, depois uma leva dançante de flauta aliado a uma marcha militar cadenciada por tambores. Tem uma melodia vocal bastante bela, o que não é muito comum em se tratando de Camel, já que suas melodias vocais normalmente não são a parte mais emocionante sobre a sua música. Algo a se destacar também é que por volta dos seus 4:10 possui um dos solos de teclados que apesar de simples, considero com mais feeling de toda a história do rock progressivo, simplesmente arrasador. Uma canção que varia entre momentos mais agressivos e suaves, mas sem se perder em momento algum.
"Earthrise" é mais uma faixa instrumental. Uma música simplesmente extraordinária. Extremamente empolgante, todos os instrumentos são tocados de maneira enérgica. Mas pra sair da mesmice dos elogios principais (LATIMER e BARDENS), aqui eu vou ressaltar a cozinha feita pelo baixo de DOUG FERGUSON e a bateria de ANDY WARD. Maravilhosa.
Fechar um álbum com chave de ouro. Está aí uma expressão vista poucas vezes sendo levada tão a sério como o CAMEL fez através da faixa, "Lady Fantasy". Inicia de maneira explosiva, com alguns teclados e acordes de guitarra de fundo. Após isso a maré baixa e ela fica mais tranquila, sendo liderada pela guitarra de LATIMER e o teclado de BARDENS ao fundo. Os vocais são tranquilos e a cada quase toda frase é feita uma "brincadeira" na guitarra ou no teclado, mais ou menos como os bluesmen costumam fazer. Falando em solos, possui um exímio de LATIMER no seu meio. FERGUSON também merece ser mencionado aqui pelo destaque colocado em seu baixo em determinadas partes, assim como a bateria de WARD. Como não tem como deixar de mencionar, o final da música é o momento apoteótico. Uma melodia suave, slide guitar, marcação de pratos e baixo e uma cadencia simples do teclado. LATIMER então volta com o vocal e a instrumentação vai ganhando força até todos entrarem juntos de maneira avassaladora. Com destaque mais uma vez a PETER BARDENS e seu solo de teclado que firma o porquê de ser considerado um dos mais influentes tecladistas da história rock progressivo.
Apesar de outros álbuns da banda também merecerem muitos elogios, vejo em "Mirage" o que de melhor foi feito pelo CAMEL. Um disco simplesmente sensacional e que merece ser ouvido por qualquer pessoa não apenas que gosta de prog rock, mas que simplesmente goste de um bom rock 70’s. Infelizmente embora a banda ainda esteja em atividades, ver essa formação é impossível pelo fato do genial PETER BARDENS ter falecido em Janeiro de 2002. Mas a obra é atemporal e está aí pra quem quiser desfrutar.
Músicos:
Andrew Latimer - vocal, guitarra e flauta
Peter Bardens - teclado
Doug Ferguson - baixo, backing vocal
Andy Ward - bateria
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