Lana Del Rey: A artista indie que mergulhou no rock em 2º álbum
Resenha - Ultraviolence - Lana Del Rey
Por Edgar Oliveira
Postado em 17 de outubro de 2015
Nota: 9
Revisitando o acervo de resenhas do Whiplash.net, procurei o nome de Lana del Rey entre as críticas de álbuns e não achei. E isso me espantou, visto que o Ultraviolence, álbum posterior ao Born to Die que apresentou a cantora ao mundo, é definitivamente um álbum de rock e de muita qualidade. Com o Ultraviolence, Lana del Rey abandona o pop melódico e trip-hop do primeiro álbum, e nos presenteia um álbum recheado de linhas de bateria, solos de guitarra e vocais afinados.
Referenciando a obra "Laranja Mecânica" em seu título, o álbum é muito sombrio. Produzido por Dan Auerbach, vocalista da banda ‘The Black Keys’, a produção do disco é até simples em sua instrumentação, permitindo-se alguns exageros somente nos vocais da cantora. Utilizando-se de overdub, técnica de sobreposição de vocais, o resultado é uma atmosfera etérea e profunda que preenche deliciosamente os ouvidos. Os vocais já doces da artista, soam muito angelicais, em contradição com o tom pesado das composições.
O álbum é muito coeso e coerente. Todas as faixas são bem construídas em cima do contexto principal do disco (amor brutal), sem soarem repetitivas, e sem perderem a individualidade de suas composições.
Prometido como sombrio e brutal, ‘Ultraviolence’ cumpre o seu papel, e oferece ainda mais: é um registro de altíssima qualidade para deixar os fãs mais do que satisfeitos e encantados, e o queixo no chão de quem um dia subestimou o talento da artista.
Os destaques são Cruel World, que é introduzida por uma guitarra e é, até o momento, a mais longa da carreira da artista, beirando os sete minutos de duração, o que é de certa forma algo incomum na música pop. Em sequência, a faixa título do álbum, e segundo single, é apresentada. A brutalidade do amor é o tema principal do álbum, e é em ‘Ultraviolence’ que a cantora concretiza isso, resumindo a sensação bruta de amar em algo "Ultraviolento".
Shades Of Cool, que é a minha preferida do álbum, com uma letra densa e um solo de guitarra arrebatador.
West Coast que é uma obra prima. Os sintetizadores, bateria, guitarra; tudo é devidamente bem arranjado nessa música, que começa rápida e no refrão quebra para um ritmo lento que faz o ouvinte literalmente viajar.
E Old Money, uma belíssima balada muito bem interpretada pela Lana Del Rey.
Em suma, Ultraviolence é o álbum mais maduro da artista, e uma surpresa diante de tantos cds pré fabricados da industria atual. É o álbum mais autêntico da Del Rey, e merecia uma resenha aqui no Whiplash.net, pois ele sim cabe como um álbum rock. Se aqui no site existem tantas resenhas de projetos paralelos de artistas rock que enveredam para a música clássica, por que não ter uma resenha de uma artista que é, essencialmente pop, mas que fez um álbum de rock?
Por isso tudo, Ultraviolence de longe não chegou perto das vendas do Born to Die, até porque ele está longe de ser um álbum comercial, porém apresentou uma faceta da Del Rey que poucos conheciam. O álbum posterior ao Ultraviolence, o recente Honeymoon, larga de vez o indie rock e prioriza as batidas pop's do primeiro álbum, mas também não deixa de ser um álbum de excelente qualidade musical. Mostrando que com experimentalismos, Lana del Rey é, sem dúvidas, uma das artistas que mais ascendeu na sua carreira. Se você nunca conferiu esse álbum por puro preconceito com a artista, largue de preconceito, e escute, pode ser que você se surpreenda!
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