Mystical Vision: Thrash Metal que não se apega a nenhum padrão
Resenha - Alchemy of Chaos - Mystical Vision
Por Leonardo M. Brauna
Postado em 27 de novembro de 2013
Se eu tivesse que fazer uma relação de melhores lançamentos de 2013, certamente este debut do MYSTICAL VISION estaria entre os cinco melhores. Não se engane com o termo ‘debut’, esses amazonenses já somam 26 anos de estrada, talvez esse seja um dos motivos para um trabalho tão perfeito. ‘Alchemy of Chaos’ é um álbum de thrash metal que não se apega a nenhum padrão – nele você escuta do ‘speed’ ao ‘groove’, do mais pesado ao mais industrial sem perder a energia.
O CD abre com os riffs dilacerantes da faixa título. A velocidade é uma constante e na maior parte do álbum é ela quem dita às regras. MARCELO SANCHES, vocalista/baixista da banda desde 1987 permeia o seu ódio nas citações que, por todo o álbum, fala de dor, violência, guerras e falta de esperança.
O seguimento se dá também com a mesma intensidade em ‘Pain Machine’. Porém esta já apresenta algo mais que a velocidade dos riffs, os momentos cadenciados. EDUARDO ‘DUDU’ FIUZA (bateria, backing vocal) transforma a fúria em técnica deixando o ouvinte à vontade para bater cabeça. Versatilidade sem perder o rumo é o que tem de sobra na "bolacha".
‘Tank Attack’ é a sessão bélica do álbum, a introdução que sugere um campo de batalha em conflito faz sala para riffs cortantes. A letra de MARCELO inspirada na temática ‘war metal’ dá mais sentido à música repleta de peso e violência. Essa canção foi parar na coletânea do selo ‘Green Hell Metal ’ que, brevemente, será resenhada também nesse espaço.
Peso nas bases e muito ‘groove’ se destacam em ‘The Great Chamber’. É uma música de ritmo puxado no início, mas a pegada torna-se mais forte em seguida. Riff simples, porém a sua execução se move para uma atmosfera hora selvagem, hora tranquila. Ponto para a dupla SILAS PIMENTA (outro fundador) e CARLOS MOTA que consegue extrair um belo som sem quebrar a cabeça com complexidades.
A pancadaria volta com tudo em ‘Hellvelation’. Thrash metal com muito gás prestes a gerar uma combustão. A execução deixa o caminho livre para os ótimos solos que escolhem bem a hora das entradas. A atenção é despertada também por passagens mais guturais dando uma idéia de dueto. Uma das mais empolgantes.
Outra que investe mais no peso e partes cadenciadas é ‘Necromante’. Suas linhas com passagens industriais deixam o baixo com mais evidência e, assim, notamos um grande trabalho de parceria entre DUDU e MARCELO. Músicas como essa que atenta para uma qualidade diferenciada, torna a riqueza do álbum um "prato perfeito" para quem procura por diversidade.
A pegada muda de forma com ‘Last Breath’ onde traz bases que levam a grande empolgação. A técnica que envolve essa música é de fechar o tempo, fazendo desta outro momento destacável do disco. A experiência de seus membros acrescenta ao álbum algo que vai além das raízes ‘old school’, pois em muito se vê originalidade.
‘Bonebreaker’ entra com um riff que levanta expectativa. Após alguns momentos se alguém espera por velocidade, a expectativa se cumprirá. O quarteto presenteia na oitava faixa, uma execução típica para abrir ‘moshes’ – e se nos shows você, assim como eu, não se arrisca em ‘pit circles’ é bom se manter afastado nessa hora.
Não sou um grande apreciador de instrumentais, mas isso é por um lado restritamente pessoal, porém em se tratando de precisão técnica nascida de um trabalho competente, vejo em ‘Hammerhead’ um ápice da criação – assim defino com minhas palavras essa música que contém riffs rasteiros e sonoridade perfeita. Talvez não fosse mesmo necessária uma linha vocal pra ela.
‘Sadistic’ é uma faixa que além da característica pulsante, volta a destacar o baixo. A energia que rege o som abre espaço para um solo de guitarra caótico, mas bem encaixado. Mas ainda falando de quatro cordas, a entrada de baixo em ‘Morbid Tales’ supera a excelência da banda.
O "rangido motor" de MYSTICAL VISION já conseguiu ótimas notas de outros críticos e se continuar a fazer trabalhos come este, vai durar por mais algumas décadas. Além do selo ‘Green Hell Metal’ (fundado neste ano) que apostou na banda, está envolvido na distribuição a agência ‘Underground Brasil Distro’ que vem sempre valorizando o underground. Não perca tempo e confira este grande nome de 2013.
Formação:
MARCELO SANCHES: Baixo/Vocal;
SILAS PIMENTA: Guitarra;
CARLOS MOTA: Guitarra;
EDUARDO ‘DUDU’ FIUZA: Bateria/Backing Vocal.
Faixas:
01 – Alchemy of Chaos;
02 – Pain Machine;
03 – Tank Attack;
04 – The Great Chamber;
05 – Hellvelation;
06 – Necromant;
07 – Last Breath;
08 – Bonebreaker;
09 – Hammerhead (instrumental);
10 – Sadistic;
11 – Morbid Tales.
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