Negura Bunget: Para quem gosta de black metal atmosférico
Resenha - OM - Negura Bunget
Por Janderson Dias, Fonte: hoochiekoo.blogspot
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Negură Bunget: uma névoa negra vindo das profundidades de uma floresta escura e densa.
Foi o que respondeu Negru, baterista e membro fundador da Negura Bunget, quando perguntando sobre a etimologia do nome da banda. "Uma névoa negra vindo das profundidades de uma floresta escura e densa", de fato, não haveria nome mais adequado para descrever o som presente em "OM", quarto álbum de estúdio dos romenos.
Sempre achei o black metal um estilo musical um tanto ridículo (sem ofensas aos black metal heads), a filosofia deturpada e o apelo visual mal produzido das bandas norueguesas do início dos anos 90 ainda gera risos quando me deparo com algum videoclipe no youtube.
Foi então que eu ouvi o Filosofem, álbum do Burzum de 1996. Ali estava algo único, a distorção diluída das guitarras em meio a cordas sintetizadas criavam uma atmosfera densa e ao mesmo tempo etérea, foi quando eu descobri que o black metal pode ser algo muito interessante quando prioriza o lado atmosférico.
E se você se impressionou com o Filosofem tanto quanto eu, certamente irá se impressionar ainda mais com "OM". Ao contrário da grande maioria das bandas de black metal, o Negura Bunget possui uma musicalidade impecável, a maneira como as composições se organizam em camadas sonoras que geram peso e melodia, tudo ao mesmo tempo, torna a audição uma confusão prazerosa. É possível notar isso já na segunda música, depois da introdução atmosférica em meio a urros viscerais,"Tesarul de Lumini" mostra uma guitarra base com timbre caustico característico do estilo, ponteado pelos riffs melódicos da segunda guitarra que inicia em meio a uma bateria pulsante e rápida e se encerra sobre o sintetizador ascendente em notas cada vez mais altas e prolongadas.
"Primul Om" é praticamente uma oração, a voz termina de recitar a letra e da espaço a um coral de "Oms" em clima de música "dark ambient". A riqueza de detalhes sonoros impressiona e causa total imersão na obra, aconselho ouvir com fones de ouvido e com os olhos fechados.
"Cunoaşterea tăcută" continua o disco com uma porradaria drone que toma ares progressivos na metade do caminho. "Hupogrammos Disciple's" tira o gutural de cena e acompanha o riff de guitarra com um canto quase gregoriano. O disco segue com "Inarborat", por um momento achei que havia um saxofone solando notas graves, mas aparentemente se trata de uma corneta típica da Romenia, o que junto a percussão tribal dá ares folk para a música.
"Dedesuptul" trás um daqueles momentos em que a saturação é tamanha que fica praticamente impossível saber quantas guitarras foram gravadas na versão de estúdio dá música, mas a composição não se deixa levar pela mesmice habitual do black metal e logo toma rumos com ritmos mais cadenciado.
Novamente uma percussão tribal, dessa vez acompanhada por uma cama de cordas em notas agudas e outra em pulsantes notas graves, não há vocal dessa vez.
"De piatră" segue em um estilo mais tradicional, lembrando até um pouco o Darkthrone no início, mas logo se desprende e encontra ritmos diferentes. A próxima música, "Cel din urmă vis", segue uma linha mais sinfônica, em alguns momentos lembrando um pouco o "Dimmu Borgir", em outros o "Dead Can Dance".
"Hora soarelui" anda pelos caminhos obscuros do folk metal com solos de flauta misturados a um coro de vozes masculinas. Al doilea om fecha o disco em meios a "Ohms" e tambores.
Para quem gosta de black metal atmosférico, ou simplesmente de uma musicalidade mais densa, "OM" é uma pérola do estilo e definitivamente merece ser ouvido.