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Hugin Munin: Viking Metal com personalidade sonora própria

Resenha - Ten Thousand Spears for Ten Thousand Gods - Hugin Munin

Por Marcos Garcia
Postado em 13 de fevereiro de 2012

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Fazer Viking Metal, seja em qual estilo de Metal que queira, é um trabalho muito difícil, pois requer intensa pesquisa do assunto, isso sem contar alguns engraçadinhos incultos que bradam de forma depreciativa ‘Vikings no Brasil?’, sem nem ao menos conhecer que os mesmos podem ter estado no Brasil muito antes dos portugueses (conforme o livro ‘Os Vikings no Brasil’, de Jacques de Mahieu), sem contar a pluriculturalidade de nosso povo, inclusive porque o povo Viking teve um alcance territorial e cultural bem mais amplo do que chega ao conhecimento da maioria de nosso povo. A cultura do Brasil deriva de vários povos, e muitos ainda não se conscientizaram disso...

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E pegando carona no assunto, enfocamos o primeiro Full Length da banda HUGIN MUNIN, de Santos, ‘Ten Thousand Spears for Ten Thousand Gods’, que acaba de sair.

A banda usa uma fórmula bem conhecida para ter resultados bem particulares: Fundindo a temática Viking com um Death Metal bem feito, e com doses generosas de uma melodia bem feita, mas sem perder a agressividade e rispidez do estilo, o quinteto consegue ter personalidade sonora própria e características, daquela que ao ouvir, dirá o nome da banda sem hesitar e errar.

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A parte visual do CD é muito bonita e bem feita, mostrando uma arte concatenada com o conteúdo musical, e a sonora, é bem feita, procurando dar ênfase à limpeza, mas sem fazer que a sonoridade da banda fique oca ou sem peso. Traduzindo, vocais alucinados, guitarras agressivas e rascantes, embora melodiosas (há momentos em que a influência de Metal Tradicional é bem evidente), baixo bem tocado e seguro, e bateria variada, mas sem perder o ritmo em momento algum. Há algumas participações, com a dos membros do grupo alemão WALWIND, bem como do GOATHERION, e de Luciana Campos (do INTRINSECUM, também de Santos), o que abrilhanta ainda mais o disco.

O CD abre com a faixa ‘Hugin Munin’ (o nome vem dos dois corvos de Odin, deus supremo na Mitologia Nórdica, e significam, respectivamente, pensamento e memória, que voam por Midgard, o Mundo dos Homens, para levar informações ao seu senhor), com belas bases e solos de guitarra e andamento firme, não muito veloz, para dar umas variadas e ganhar cadência em vários momentos, onde a competência do baixo é visível, seguida da forte ‘Warbound’, uma música que, apesar de agressiva até os dentes, tem uma beleza ímpar, graças à melodia das guitarras, e os vocais dão um autêntico show, pois são bem variados entre urros guturais e gritos rasgados. Em ‘Down to Niflheim’ (que é o ‘Mundo da Névoa’, nome do mundo das fontes gélidas e do gelo primordial, um dos nove que compõem a cosmologia Nórdica), temos uma faixa mais cadenciada (há alguns momentos mais rápidos, mas no geral, é bem mais lenta), muito bem trabalhada, com destaque absoluto para a bateria, que dá um show de variações, para depois vir ‘Hel (orchestral version)’ (Hel é a o mundo dos mortos na Cosmologia Nórdica), que serve como introdução para ‘Ten Thousand Spears for Ten Thousand Gods’, outra faixa bem ríspida com toques melodiosos, bem trampada, e na sequência, temos a lenta e azeda ‘Once in a Grave’, e que pulmões tem Surtur, pois fazer este tipo de vocal não é simples. Andamento sólido e guitarras mais secas são o que se encontra em ‘Death or Glory’, sem perder os elementos fortes de antes, sendo encontrados momentos jazzísticos no baixo e de forte sentimento na música, o mesmo valendo para ‘The Raven Clan’, apesar desta ser outra faixa mais lenta e peso-pesado, com um belíssimo solo de guitarra. ‘Swords Speak Louder Than Words’ é uma bela música, digna de menção, onde peso, agressividade e melodia se casam perfeitamente. Fechando, os mais de 20 minutos de ‘The Ring of The Nibelung’, dividida em 4 partes (‘The Rhine Gold’, The Valkyrie’, ‘Siegfried’ e ‘Twilight of the Gods’, respectivamente), uma faixa muito bem trabalhada, longe de ser enjoativa, de uma beleza ímpar, alternando momento de brutalidade, melodia, ríspidos, agressivos e outros mais melodiosos, com vocais femininos presentes. Para os que ainda não sabem, esta música remete à obra de Richard Wagner ‘Der Ring des Nibelungen’, que enfoca uma lenda nórdica, que nem é necessário comentar, mas ler, e essa parte, seu escritor aqui deixa a cargo do leitor.

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Retornando ao CD, ‘Ten Thousand Spears for Ten Thousand Gods’ entra para a lista de melhores discos do ano de cada um facilmente, e o HUGIN MUNIN é mais uma bela e grata revelação.

Tracklist:

01. Hugin Munin
02. Warbound
03. Down to Niflheim
04. Hel (orchestral version)
05. Ten Thousand Spears for Ten Thousand Gods
06. Once in a Grave
07. Death or Glory
08. The Raven Clan
09. Swords Speak Louder Than Words
10. The Ring of The Nibelung
Part I: The Rhine Gold
Part II: The Valkyrie
Part III: Siegfried
Part IV: Twilight of the Gods

Formação:

Surt – Vocais
Thorgrim – Guitarras
Hjalmar – Guitarras
Sigurd – Baixo
Modi – Bateria

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Sobre Marcos Garcia

Marcos Garcia é Mestrando em Geofísica na área de Clima Espacial, Bacharel e Licenciado em Física, professor, escritor e apreciador de todas as subdivisões de Metal, tendo sempre carinho pelas bandas mais jovens e desconhecidas do público, e acredita no Underground como forma de cultura e educação alternativas. Ainda possui seu próprio blog, o Metal Samsara, e encara a vida pela máxima de Buda "esqueça o passado, não pense no futuro, concentre-se apenas no presente".
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