Saxon: uma ousada e arriscada reviravolta na carreira
Resenha - Inner Sanctum - Saxon
Por Rodrigo Werneck
Postado em 08 de maio de 2008
Nota: 8
O lançamento no Brasil foi realizado pela Hellion Records, e de forma muito caprichada, incluindo tanto o disco original completo (inclusive a versão de "If I Was You" do single), quanto um DVD extra de bônus.
A formação atual consiste em Peter "Biff" Byford (vocais), os guitarristas Paul Quinn e Doug Scarratt, o baixista Nibbs Carter e o baterista Nigel Glockler (responsável também pelos teclados esparsos). Byford e Quinn são membros originais da banda, e há (para os que não sabem) uma segunda banda em atividade carregando a bandeira do Saxon: o Oliver/Dawson Saxon, que inclui os membros originais Graham Oliver (guitarra) e Steve "Ponce" Dawson (baixo).
A formação capitaneada por Byford tem se mantido na ativa ao longo dos anos, apesar de nuca mais ter conseguido o sucesso do início dos anos 80, quando eram a segunda banda mais popular do movimento NWOBHM, logo após o Iron Maiden. Para tentar reaver tais níveis de sucesso, uma completa reformulação de estilo musical foi concebida para a banda na última década.
Um fã das antigas desavisado, que tenha perdido contato com seus ídolos já há um bom tempo, ao colocar "The Inner Sanctum" para tocar logo de cara notará que algo mudou. O bumbo duplo e o trabalho pesadíssimo das guitarras alteraram o estilo do grupo substancialmente, cujo único forte ponto de contato com o passado é a voz característica e carismática de Biff Byford. Uma atitude ousada, pois muitos fãs antigos devem ter torcido seus narizes, enquanto que novos vão sendo angariados. Mesmo com todos os grandes riscos nessa troca de público, este trabalho em especial vem sendo altamente elogiado por críticos e apreciadores do grupo, que aclamaram tal reviravolta em sua carreira.
Logo de cara, a banda ataca com três petardos de fazer inveja a muito guri. "State of Grace", "Need for Speed" e "Let Me Feel Your Power" são quase power metal. "Red Star Falling" puxa as rédeas, uma faixa "slow tempo" porém mantendo o clima sóbrio e sombrio. Bons solos de guitarra de Quinn e Scarratt se revezam, no clímax. Com seus mais de 6 minutos de duração, um dos destaques do CD. Já "I’ve Got To Rock" lembra muito o AC/DC dos anos 80, com um peso adicional, é claro.
"If I Was You" é o primeiro "hit single" do CD, mas não se engane. Apesar do refrão contagiante, trata-se de uma faixa bastante pesada, com um ótimo trabalho de Glockler nos dois bumbos. O baterista merece por sinal um capítulo à parte. Não é à toa que a banda sempre o priorizou, em suas idas e vindas em virtude dos mais variados problemas. Ele faz diferença e não dá mostras de cansaço, apesar de não ser mais um garotão. Outra música com bom refrão vem a seguir, "Going Nowhere Fast", mais na linha do que o grupo fazia nos anos 80.
Já "Ashes To Ashes" se parece em algumas partes tremendamente com "A Touch of Evil", do disco "Painkiller", do Judas Priest. Difícil de se imaginar que não tenha havido plágio, pelo menos inconsciente. "Empire Rising" é apenas uma introdução de 40 segundos para o capítulo final da saga, "Atilla the Hun", e seus 8 minutos repletos de vários solos e momentos de andamentos diferentes. Fechando, a versão single de "If I Was You".
A produção de Charles Bauerfeind é competente, embora a massa sonora resultante, intensa e pesada, descaracterize um pouco o estilo tradicional do Saxon. Não há baladas; quando a banda pisa no freio é apenas para reduzir a velocidade, e não tirar peso.
O DVD extra inclui 40 minutos de música ao vivo e entrevistas com os membros da banda e o manager Thomas Jensen (que é um dos organizadores do Wacken Open Air festival). O enfoque é dado sobre a turnê "A Night Out With The Boys", na qual a banda tocou apenas material antigo, sem estar promovendo álbum novo algum. Fica bastante claro que todos se divertiram bastante, tanto em tocar mais músicas antigas do que estão acostumados em shows mais recentes, quanto pela ausência de pressão em se estar promovendo um disco novo. O único ponto negativo do DVD é não conter a opção de legendas em português, o que restringe seu aproveitamento por aqueles que não entendem bem inglês (a única alternativa de legenda é em alemão, por ser um lançamento da gravadora SPV).
O encarte é generoso, e possui 20 páginas recheadas de fotos, ilustrações, créditos e letras das músicas. Pelo menos na minha cópia, porém, houve um defeito de impressão nas páginas centrais (10 e 11), e o que há impressas são letras de um disco de artista nacional não identificado(!). Certamente uma falha da Sonopress (e não da Hellion), responsável pela impressão do CD, que deve ter feito uma confusão com os fotolitos na hora de enviar à gráfica. Como o que devia estar incluído nas páginas centrais era uma foto ou gravura, não se perdeu muita coisa, e todas as letras e informações importantes estão presentes no encarte.
Tracklist:
CD
1. State of Grace
2. Need for Speed
3. Let Me Feel Your Power
4. Red Star Falling
5. I’ve Got to Rock (To Stay Alive)
6. If I Was You" (Album Version)
7. Going Nowhere Fast
8. Ashes to Ashes
9. Empire Rising
10. Atilla the Hun
11. If I Was You (Single Version)
DVD - A Night Out With the Boys
1. To Hell and Back Again
2. A Night Out With the Boys – The Idea
3. A Night Out With the Boys – Not Really
4. See the Light Shining
5. A Night Out With the Boys – Now It Started
6. Redline
7. Suzie Hold On
8. Stand Up and Be Counted
9. Frozen Rainbow
10. Never Surrender
Site: www.saxon747.com
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