Resenha - Supergrass - Road To Rouen
Por Samuel Witt
Postado em 30 de setembro de 2005
Há dois discos não ouvia o Supergrass. Não tive conhecimento do rumo musical que a banda tomou depois do seu maravilhoso segundo álbum "In it for the Money", e, por esse motivo, não conseguia imaginar como seria o conteúdo do seu recém lançado, e quinto álbum, "Road To Rouen". Inexplicavelmente, os dois discos anteriores a esse lançamento ("Supergrass" ou "X-Ray Album" e "Life on Others Planets", respectivamente) sequer foram lançados no Brasil.

Tendo, então, meu conhecimento supergrassiano (nossa!!!) baseado nos dois primeiros discos e em alguns singles posteriores, estava bastante excitado para voltar a ouvir um trabalho completo da banda.
Logo de inicio percebi que canções como "Alright", "Sun Hits the Sky", "Caught by the Fuzz" e "Pumping On Your Stereo" faziam parte de um passado enterrado. "Road To Rouen" é diferente. A começar pela salada de estilos: rocks progressivos com ritmos caribenhos, funks com índies, rocks crus com baladas; e também pela qualidade: mais conscientes e experimentais, as nove faixas espremem-se em apenas 35 minutos de muito virtuosismo por parte de Gaz Coombes e Cia.
Garanto que quem conhece o Supergrass nunca imaginou ver na contracapa de um de seus discos uma música chamada Tales of Endurance (Parts 4, 5 and 6). O que seria isto, rock progressivo? O Supergrass nunca tocou rock progressivo! É verdade, mas para tudo há uma primeira vez, e na abertura desse disco eles resolveram dar uma de Pink Floyd. Trompetes que lembram "Summer 68" (do cultuado "Atom Heart Mother") e riffs de guitarra que mesclam os timbres de David Gilmour às batidas de "Take Me Out" (dos seus contemporâneos do Franz Ferdinand) fazem dessa canção algo magistral.
"St. Petersburg", o primeiro single, mostra que o "Supergrass" realmente quis mudar. A música é uma balada com dedilhados bem trabalhados de violão e é cem por cento comportada em relação aos singles anteriores. O clipe desta faixa mostra a banda simplesmente... tocando. É, eles realmente mudaram...
A faixa título do álbum é um show à parte. Rápida e glamurosa, "Road to Rouen" mescla um ritmo funk à batidas disco, e mostra um Gaz Coombes muito inspirado na troca dos acordes. A caprichosa produção, que encheu a música de barulhinhos e sons esparsos, se destaca. O mesmo pode ser dito de "Sad Girl", uma canção que lembra (mas bem de longe) o Supergrass de anos atrás. As bases dessa canção alternam-se entre pianos e órgãos psicodélicos, estruturados, na medida exata, entre tons maiores e menores.
"Roxy" é mais calma e puxa algo de um ELO sem inspiração. Seus seis minutos e pouco a tornam um número muito longo e inexpressivo perante o resto. O contrário pode-se dizer de "Kick In The Teeth", um rockão sem muitas firulas, que ao final se torna quase inaudível de tão alto e insano, mas nada que não possa ser compreendido por um fã do Supergrass.
Quase dois minutos dura a faixa "Coffee In The Pot", um número instrumental que mais parece a musiquinha de abertura do desenho do Bob Esponja. HAHAHAHAHA. Mas muito interessante. Difícil é não se divertir com o "hey" da letra.
As duas últimas faixas vêm para definir a maturidade que o Supergrass adquiriu no presente. "Low C" e "Fin" mostram que boas letras misturadas à calmaria dos instrumentos podem criar bons momentos, sim. A primeira delas é acústica e lembra o vocal ecoado de John Lennon da fase Mind Games. A segunda é cheia de efeitos sonoros e barulhinhos estranhos. Perfeita para uma boa noite de sono (sem ofensas).
Agora, concluindo e respondendo as expectativas criadas no inicio do texto. Creio que esse disco do Supergrass será idolatrado pelos críticos; apreciado pelos fãs. Eles gostarão, óbvio, mas acho que, mesmo com toda a qualidade e competência presentes em "Road To Rouen", dificilmente o colocarão num degrau acima de "In It For The Money" e de "I Should Coco". Eu não colocaria.
Samuel Witt
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