Resenha - Beast of Bourbon - Tankard
Por Clóvis Eduardo
Postado em 01 de junho de 2005
Nota: 9
Está aí uma das bandas, que mesmo não tão valorizadas no cenário mundial, devem receber grandes aplausos. Na década de oitenta, enquanto o Sepultura já fazia belos discos, o Kreator lançava clássicos atrás de clássicos e tantas outras bandas nasciam e morriam devido a febre do thrash metal, o Tankard esboçava os primeiros passos desde 1982. Maturidade alcançada com verdadeiras relíquias como "Chemical Invasion" de 1987 e "Zombie Attack", de 1988. Alguns até reclamam que a boa fase dos germânicos (sem dúvida, um dos melhores nascedouros de bandas realmente de peso) tenha se esvaído. Muitas das críticas foram um pouco agressivas para os lançamentos da década de 90. Particularmente, "Two Faced" (1994) e "Disco Destroyer" (1998) são abaixo da média produzida, mas enfim é só pegar o "Beast Of Bourbon" que se torna difícil compará-lo a outra coisa enquanto se bate cabeça.
A banda começou com uma formação altamente voltada para o álcool e a música. Dela hoje só resta o vocalista Andreas "Gerre" Geremia, com um vozeirão bastante rasgado e nervoso e o baixista Frank Thorwarth, sujeito atuante e com cara de bêbado (os outros não? Olhe bem o encarte). Gosta-se de frisar que a cerveja é parceira dos alemães sempre que possível. E ainda bem que é, já que para compor riffs poderosos, solos magníficos e refrões matadores, que bebam mesmo, sempre e muito.
Na bateria fica o veloz Olaf Zissel e comandando todas as guitarras fica o já experiente Andy Gutjahr. É difícil esquecer da dupla que iniciou o trabalho no Tankard, os doidos Axel Katzmann e Andy Bulgaropulos. Mas como quem vive de passado é museu e sebo, temos de dar valor a Gutjahr, ainda mais por assumir um posto unitário e tão marcante neste cd.
E as músicas? Bem, elas "falam e soam" por si só. É uma pancada atrás da outra, como bons exemplos de "Under Friendly Fire", "Dead Men Drinking" e a emotiva finalização de "We´re Coming Back". É nesta canção que nasce novamente aquele espírito oitentista divertido e entoante. O riff e o acompanhamento desta música é simplesmente emocionante. Paga uma cerveja quem disser que não.
Se for para morrer, que seja com uma cerveja na mão, e de preferência ouvindo Tankard. "Die With a Beer in Your Hand", uma das canções mais legais, com um refrão pegajoso e difícil de se esquecer, mesmo estando bêbado. "Gerre" tem o apoio nos backing vocals de Chris Luft, Alex Wenzel, Harald Maul e do próprio baixista Frank Thorwarth. São nestes detalhes do refrão que chama mais a atenção ao trabalho do Tankard. Dá até para esquecer que eles fizeram um disco alucinante chamado "Kings of Beer" (2000).
Ficam felizes aqueles que podem viver em tempos mais modernos, em que os estúdios de gravação estão mais sofisticados e o espírito de boas composições permanece entre os integrantes da banda. São raras as vezes que se vêm pessoas desfilando camisetas ou comentando sobre o bom trabalho que estes alemães tem feito para a perpetuação do thrash mundial. Para o pessoal que não conhece, não há alternativa em escapar. Ouvir e gostar é apenas o começo.
Conseguindo sair dos engraçados e chamativos desenhos de capas dos anos oitenta, encontramos Sebastian Krüger, desenhista deste cd. A besta se esgoela (com um barril no pescoço) e o pequeno personagem dá o show com um copo e um cigarro na mão. Assim é o Tankard, sempre com hábito de bêbado e ar de tranqüilidade, mesmo que a besta, ou no caso, as músicas, sejam as mais agressivas possíveis. É para ouvir no bar mesmo.
(Encore Records)
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