Resenha - Split - D. Borgir & Old Man's Child
Por Sílvio Costa
Postado em 13 de julho de 2004
O Dimmu Borgir é hoje a principal referência quando se fala em black metal sinfônico. O Old Man´s Child pode orgulhar-se de ser uma das poucas bandas de black metal 100 % "descompromissada", mantendo-se sempre como um projeto que acabou ficando, digamos, sério demais. Em 1996, as coisas estavam começando a acontecer para o quarteto, que havia lançado pelo selo Cacophonous (responsável pelos primeiros lançamentos do Cradle of Filth) o hoje clássico Stormblast. Eles se reuniram no Stovner Rockefabrikk, o mesmo estúdio de Oslo onde eles haviam gravado seu primeiro full-leght - For All Tid - e gravaram as quatro faixas que integram este EP.

O Old Man´s Child surgiu em 1993 graças às inúmeras tentativas do guitarrista Thomas Rune Andersen (Galder) em recuperar um pouco daquela velha escola do black metal europeu, representada por bandas como Celtic Frost e Venom, principalmente. A primeira demo do grupo (que contava ainda com Jon Øyvind Andersen (Jardar), foi gravada em 1994 e serve para estabelecer a ligação do Old Man´s Child com o Dimmu Borgir. O baixista da demo foi Nagash e o baterista Tjodalv, fundador do Old Man´s Child junto com Galder e Jardar, se juntaria ao Dimmu por volta de 1994.
Essa conversa fiada introdutória serve para apresentar um trabalho que vai emocionar muito os fãs dos dois grupos. Trata-se do split-CD que traz o EP "Devil´s Path" do Dimmu Borgir e a primeira gravação do Old Man´s Child - In the Shades of Life - gravada originalmente em 1994. Esse split já é bem antigo (a primeira vez que apareceu neste formato foi em 1999, lançado pelo selo inglês Hot Records), mas só agora aparece em versão nacional pela Encore Records. Trata-se de um trabalho que mostra os caminhos trilhados por dois dos maiores nomes do black metal mundial. Antes de explodir, o Dimmu Borgir já era uma banda que se diferenciava pelo capricho nos detalhes e pela extrema competência dos seus músicos. O Old Man´s Child, por outro lado, acaba se destacando pelo material incrivelmente original e pelo grande talento de Galder como compositor e, principalmente, no comando dos microfones do conjunto.
"Devil´s Path" tem 4 faixas, sendo duas inéditas na ocasião em que foi lançado pela primeira vez. O disco abre com uma versão incrível de "Master of Disharmony". Muito diferente da versão que seria conhecida através do clássico "Enthroned Darkness Triumphant", aqui quem manda são os riffs de Erkekjetter Silenoz. Os efeitos nos vocais de Shagrath tornaram tudo muito mais sombrio, mas, é evidente, o principal problema é a qualidade da gravação, que nem chega perto dos resultados obtidos posteriormente no The Abyss, com Peter Tägtgren no comando da produção. Na seqüência, a velocíssima "Devil´s Path", apresentando um trabalho mais elaborado de teclados e uma grande letra. Só para lembrar, essas são as duas faixas são os primeiros registros oficiais da banda cantando em inglês. As outras duas faixas que integram o EP são duas versões para "Nocturnal Fear" do Celtic Frost. A principal diferença entre as duas versões é que a primeira está com a roupagem do Dimmu e a segunda é igualzinha àquela presente do EP "Emperor´s Return" dos mestres suiços do black metal, com Shagrath imitando com perfeição os vocais de Thomas Gabriel Warrior.
O Old Man´s Child vem com Galder (G/V/K, à época ainda conhecido como Grusom), Jardar (G) e, do Dimmu Borgir, o batera Tjodalv, além do baixista Tristan, que integraria o Dimmu em seguida. Apesar da violência, peso e velocidade da primeira faixa - "St. Aidens Fall" - quem comanda aqui são os teclados (também tocados por Galder) e o excelente trabalho de Tjodalv. Em seguida, uma faixa com um belo violão, acompanhado por uma base incrivelmente pesada, introduz "Seeds of the Ancient Gods", a melhor deste EP. Novamente, Tjodalv é grande destaque. A mais pesada do disco inteiro (incluindo a parte do Dimmu Borgir) é a incrível "Old Man´s Child". Essa música tem um dos riffs mais incríveis já criados em termos de black metal e uma levada de bateria simplesmente alucinante. Em alguns momentos, chega a lembrar os mestres do Immortal.
Esse lançamento serve para mostrar que o nível a que chegou o black metal europeu, sobretudo o norueguês, é fruto de muita ralação e não foi uma "explosão", mas sim um trabalho lentamente desenvolvido. Essas duas bandas, apesar de trilharem caminhos um pouco diferentes, ainda estão fortemente conectadas, não apenas pelo fato de ambas agora contarem com o grande talento de Galder, mas por estarem sempre preocupadas em oferecer trabalhos de qualidade, contrariando a idéia de que black metal tem que ser tosco para ser bom. Basta dar uma olhadinha nos últimos lançamentos das duas bandas para se confirmar que o bom black metal é feito com muito talento e cuidado. Por mais que acusem as bandas de terem "se vendido" ao mainstream, eles estão provando hoje o que já era possível de se perceber à época do lançamento deste split. Criatividade, talento e qualidade técnica são essenciais em qualquer estilo de música e o black metal não foge a essa regra.
Dimmu Borgir:
Shagrath - Voz, Guitarra, Sintetizadores
Nagash - Baixo
Erkekjetter Silenoz - Guitarra
Tjodalv - Bateria
Old Man´s Child:
Galder - Voz, Guitarra, Sintetizadores
Jardar - Guitarra
Brynjard Tristan - Baixo
Tjodalv - Bateria e vocais.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Dream Theater anuncia turnê que passará por 6 cidades no Brasil em 2026
O clássico do rock nacional cujo refrão é cantado onze vezes em quatro minutos
A banda de rock que deixava Brian May com inveja: "Ficávamos bastante irritados"
O guitarrista que Geddy Lee considera imbatível: "Houve algum som de guitarra melhor?"
O disco que Flea considera o maior de todos os tempos; "Tem tudo o que você pode querer"
Helloween fará show em São Paulo em setembro de 2026; confira valores dos ingressos
Lemmy lembra shows ruins de Jimi Hendrix; "o pior tipo de coisa que você ouviria na vida"
O "Big 4" do rock e do heavy metal em 2025, segundo a Loudwire
Dave Mustaine acha que continuará fazendo música após o fim do Megadeth
Os shows que podem transformar 2026 em um dos maiores anos da história do rock no Brasil
O álbum que define o heavy metal, segundo Andreas Kisser
A música que Lars Ulrich disse ter "o riff mais clássico de todos os tempos"
O baterista que parecia inatingível para Neil Peart; "muito além do meu alcance"
Baterista quebra silêncio e explica o que houve com Ready To Be Hated, de Luis Mariutti
Como foi lidar com viúvas de Ritchie Blackmore no Deep Purple, segundo Steve Morse
A canção do Jethro Tull que influenciou um dos maiores hits da história do Rock
O refrão do rock nacional com cinco palavras composto no metrô e inspirado em The Who


A música infernal do Twisted Sister que foi regravada pelo Dimmu Borgir
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Pink Floyd: The Wall, análise e curiosidades sobre o filme



