Resenha - Rocks - Aerosmith
Por Vinícius Almeida Gomes
Postado em 29 de janeiro de 2002
Um belo dia, estava eu me deliciando ao som de "Machine Head", clássico absoluto do Deep Purple, e viajando pelo delicioso mundo do rock'n'roll atráves da leitura da Discografia Básica aqui mesmo no Whiplash, quando me dei conta de que algo faltava ali: onde estavam os discos daquela banda... aquela que um dia ousou "imitar" os Rolling Stones (que maldade! só porque o andrógino vocalista tinha a boca daquele tamanho?), mas que logo no início da sua carreira mostrou que tinha personalidade própria, e que vinha ao mundo para escrever seu nome na parede do rock?
Quando me dei conta disso, corri para minha caixa postal para escrever uma máteria, descompromissada, para a redação! E a minha surpresa foi a resposta "... embora bem escrita, sua matéria está muito curta para publicarmos no Whiplash..." Sim! Eu tinha a chance de deixar meu nome lá, e o melhor, de levar o ROCKS a outras pessoas, para que elas possam ter o mesmo prazer que eu tive, quando ouvi ROCKS pela primeira vez ... uau!
Então caros amigos, aqui estou eu, para introduzir o Aerosmith e sua obra mais fantástica na "Discografia Básica" do Whiplash.
Porém eu não tinha muitas histórias pra contar... minha relação de amor com o disco, etc e tal... como me senti quando o ouvi pela primeira vez em 1976... Não, nada disso. O pirralho ainda nem pensara em nascer em 1976. A primeira vez que botei o vinil (cd) na agulha (no laser), foi em 1999, e,
minha nossa, quase cai da cadeira quando os primeiros acordes de "Back in the Saddle" entraram cabeça adentro!
Depois de 6 anos de estrada e 3 discos lançados, o Aerosmith estava no ápice musical de sua carreira. Quando o disco ROCKS foi lançado, foi recebido com atenção pela crítica americana, afinal o disco anterior, TOYS IN THE ATTIC (1975) já havia feito um estardalhaço no país com petardos como "Sweet Emotion" e "Walk this Way" (um dos riffs de guitarra mais marcantes da história). E logo todos perceberam que ROCKS era a pérola definitiva da banda. O disco era sólido, marcante e pesado.
Logo no início, Joe Perry faz a guitarra cavalgar no melhor estilo velho-oeste em "Back in the Saddle", a marcação pesada da bateria de Joey Kramer permite que Brad Whitford e Tom Hamilton mantenham um ritmo forte para que Perry e seus riffs mantenham você preso num pesadelo de cowboy, onde somos acordados sob a voz de Steven Tyler que berra maravilhosamente em seu final.
Saindo do clima "Texas", a seguir um outro clássico ... quando a introdução nos ameaça aquela balada, de repente ouve-se como um trovão o baixo de Tom Hamilton, numa deliciosa batida funkeada. Sim, eis que surge "Last Child" a maravilhosa canção que faz com que suas pernas saiam dançando
sem lhe dar satisfações. Quem brilha aqui é Brad Whitford.
Agora é vez do corpo todo se mexer... a heavy-punk "Rats in the Cellar", a terceira faixa do disco, entra na sua mente sem pedir licença. A sirene policial que se ouve no início poderia facilmente ser trocada pela de uma ambulância, dada a
insanidade da música. "Rats in the Cellar" é uma canção suja e veloz que retrata os tempos de pobreza em NYC (qualquer semelhança de "You're Crazy" do Guns'n'Roses com essa música não é mera coincidencia, Slash declarou "Rocks" um dos discos que mudou sua vida).
Após esse tapa no ouvido, o que se ouve é "Combination", que pode lhe trazer uma vaga lembrança dos Rolling Stones, escrita por Joe Perry, esse música é mais 'alternativa' do disco e fecha o lado A com suas guitarras flamejantes, uma música onde você fecha os olhos e viaja... morria aqui o lado A da bolacha.
"Sick as a Dog" é a música mais experimental do disco, onde os integrantes chegam a trocar de intrumentos. Joe Perry toca baixo, Tom Hamilton assume a guitarra base e Brad Whitford detona na solo. No final (depois daquela paradinha no dedilhado), Steven Tyler assume o baixo e Joe Perry retoma seu lugar pra um final com 3 guitarras... êxtase! Tornou-se um clássico underground da banda.
Falando em clássico ... quem não naum conhece certamente irá levar um susto quando ouvir "Nobody's Fault". Depois de uma
introdução misteriosa e quase insonora, ouve-se uma paulada ! É aí que o inferno começa, essa é uma das músicas mais pesadas da banda. Uma paulada que fala sobre um sentimento de culpa, Joe Perry esbanja vigor e harmoniosidade enquanto Brad Whithford dá tanto peso como se o culpado por algo fosse ele e Joey Kramer espanca todos os pratos da bateria. Mais um vez
o vocal maravilhoso de Steven Tyler deixa o carimbo do Aerosmith.
A sétima faixa é "Get the Lead out". Uma batida mista de swing e peso hard-rock, onde Tom Hamilton dá mais uma mostra do peso de seu contra-baixo.
No lado B a hora de dançar é quando começa "Lick and Promise". Oh Deus! Seu rádio vai sair pulando, sua cabeça vai fazer movimentos involuntários para cima e para baixo, sua mãe vai lhe perguntar "Que artista é esse?" ... sim essa é "Lick and Promise", um boogie-hard rock que arrepia, uma música que parece ter sido crida a bordo de uma montanho russa. Energia pura, mr.Tyler!
Quando os ouvidos já ameaçam sangrar, e você quer repetir tudo, mas sabe que não irá lhe fazer bem, surge o remédio: uma balada! Claro, uma balada! "Home Tonight" é uma rock-ballad das boas, faz o papel que "You See me Crying" fez no disco anterior. Porém, mais direta, é também onde Joe Perry mais uma vez se deleita preenchendo o vazio do seu coração
com riffs harmoniosos...
Infelizmente o disco acaba!
Isso é ROCKS, o disco definitivo do Aerosmith. Onde ele entra, pode ter certeza que não sai. Definitivamente em qualquer lista de Hard/Heavy que se preze. Fico imaginando Steven Tyler e Joe Perry completamente afundados nas
drogas e compondo seu melhor álbum. Coisas da vida... foi nesse época que eles ganharam o apelido de Toxic Twins.
Bons tempos aqueles ...
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