Resenha - Gutter Ballet - Savatage
Por David Soares da Costa Oliveira
Postado em 04 de setembro de 2003
Nota: 9
Gutter Ballet é o disco com o qual o Savatage ingressou na década de noventa. O disco que mudou, musicalmente, os rumos da banda para sempre. Os álbuns anteriores como "Hall of the Mountain King" e "Power of the Night" por exemplo, mostram uma banda muito mais voltada para um estilo que alguns anos depois, adotado por muitas bandas, foi chamado de Power Metal. E "Gutter..." é diferente, Os irmãos Oliva e o produtor Paul O’Neill direcionaram a banda para um estilo mais Rock Ópera, por assim dizer, estilo esse mais sedimentado no disco seguinte "Streets – A Rock Opera", mas essa já é uma outra estória que eu contarei em outra oportunidade. Enfim, "Gutter Ballet" se consagrou no mundo do metal como um dos grandes discos do início da nova década, a partir daí a imprensa passou a ver a banda nova iorquina com mais seriedade. Mas vamos às faixas:
OF RAGE AND WAR – a faixa de abertura, bela linha de baixo executada pelo sempre eficiente Jonny Lee Middleton, seguido do ótimo Steve Wacholz na bateria, Criss e Jon entram juntos dando as cartaz de mais um petardo do Savatage, é uma música que tem uma letra bastante atual e séria, vale a pena conferir.
GUTTER BALLET – a faixa-título, o timbre de Criss Oliva é sempre inconfundível, seus solos e arranjos sempre inovadores, ou seja, um excelente guitarrista, isso ninguém pode negar. A voz de Jon se encontra perfeita neste disco e essa música pode provar.
TEMPTATION REVELATION – uma bélíssima faixa instrumental onde Jon mostra sua intimidade com o piano melhor do que nunca, uma verdadeira ópera rock, com corais muito bem trabalhados, órgãos e sintetizadores muito bem arranjados se confundindo com a inconfundível guitarra "rasgada" de Criss Oliva. Essa faixa é monumental!
WHEN THE CROWDS ARE GONE – nesse momento do disco a banda revela mais uma faceta, a capacidade de compor baladas maravilhosas, característica essa mais explorada nos álbuns seguintes. Essa música é simplesmente maravilhosa, um grande clássico da banda, começa com apenas Jon cantando de forma bem suave com seu piano ao fundo até o momento onde o resto da banda entra, todos juntos, encorpando e dando uma roupagem cheia de feeling e extremo bom gosto à canção nunca esquecendo do heavy metal. Criss se mostra extremamente inspirado em seus solos aqui, creio eu que neste disco essa faixa retrata o seu ponto alto.
SILK AND STEEL – também instrumental, serve para quebrar um pouco o clima de ópera do disco, mostrando Criss Oliva acompanhado do xará Criss Caffery, que nessa época já integrava a banda, mas infelizmente no disco todo foi limitado a só fazer as bases para Oliva dar seu costumeiro show particular. Aqui a faixa é acústica e os dois, apesar da limitação de Caffery dão um show mostrando como seu toca um violão de verdade.
SHE’S IN LOVE – apesar do nome essa é o grande petardo do álbum no que diz respeito à banda. Essa faixa nos remete ao seu estilo de álbuns atrás, o estilo que consagrou o Savatage no seu início. Música rápida com harmônicos muito bem colocados, cozinha de primeira e o vocal rasgado e agressivo de Jon Oliva, ou seja, power metal de primeiríssima linha.
HOUNDS – essa música mostra como aliar peso, agressividade, virtuosismo e bom gosto, simplesmente excelente. Jon se destaca por demais nessa faixa ao meu ver.
THE UNHOLY – o Savatage sempre abordou todos os tipos de assuntos em suas letras, em "Unholy" a banda volta a abordar um tema que explorou muito no início de carreira, o ocultismo. Guitarras pesadas, baixo pulsante e bateria muito forte, fazem dessa música talvez a mais heavy metal do disco.
MENTALLY YOURS – essa faixa mantém o grande nível do álbum até então se aproximando muito de "Unholy", grande faixa!
SUMMER’S RAIN – mais uma grande balada, com uma roupagem digamos mais rádio. Mesmo assim é linda, segue uma linha de arranjo totalmente diferente de "When the Crowds are Gone", por isso não tem como compará-las são músicas de e para momentos distintos.
THORAZINE SHUFFLE – esse é o mau momento do disco, infelizmente é verdade. Depois de compor 10 músicas fabulosas acho que faltou inspiração para os irmãos Oliva e seu produtor Paul O’Neill, essa faixa não empolga de jeito nenhum, andamento arrastado onde parece que deu branco em todo mundo! Vocal sem emoção, o que de forma alguma caracteriza Jon Oliva.
O que de repente pode salvar alguma coisa aí é o trabalho de guitarra de Criss em uma ou duas passagens da música.
Na verdade as baixas em "Gutter Ballet" são três: a limitação imposta à Criss Caffery que é um excelente guitarrista e compositor e que poderia ter adicionado muito ao disco; "Thorazine Shuffle" e a versão acústica de "All that I Bleed", música do álbum "Edge of Thorns" que foi incluída no relançamento de "Gutter...", Jon mostra que os estilos dele e de seu sucessor Zak Estevens são completamente diferentes, cada um na sua praia. Mesmo assim "Gutter Ballet", na minha opinião, e estou aqui para isso, marcou época e mostrou para muitos aí fora como se fazer um disco aliando heavy metal a alguns elementos de ópera. Vida longa ao Savatage!
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