Resenha - Dark Days - Coal Chamber
Por Alexandre Avelar
Postado em 13 de julho de 2003
É claro que não se pode negar que, em se tratando do chamado new metal, o que mais desperta a ira dos headbangers mais radicais é ver o termo "metal" relacionado a bandas que mal podem ser chamadas de "rock", tais como Korn e Limp Bizkit, com suas músicas recheadas de barulhinhos eletrônicos, batidas hip hop, guitarristas que se limitam a brincar com afinações graves da guitarra (por serem incapazes de criar bons riffs e harmonias), letras revoltadinhas para impressionar "rebeldes sem causa", fora o visual moderninho e esportivo feito sob encomenda para ilustrar as telas da MTV.
E o que o Coal Chamber tem a ver com tudo isso? Ora, trata-se de uma banda que, havendo estreado em CD no ano de 1997, em plena efervecência do new metal, e, valendo-se de um visual extravagante, inspirado nos filmes do diretor Tim Burton (confira "Beetlejuice-Os Fantasmas se Divertem", e "Edward Mãos de Tesoura"), soube aproveitar o momento e "entrar na onda", a exemplo do que o Twisted Sister fez no início dos anos 80, quando a "moda do momento" era o hard farofa de bandas como Motley Crue e Ratt.
O problema disso tudo é que, se por um lado o Coal Chamber pôde mostrar aos fãs de Korn e companhia que sua música era muito mais pesada, com seus riffs diretos e vocais guturais, por outro lado ficou "marcada" pelos que querem distância de tudo o que venha a surgir dentro da nova onda do metal norte-americano.
A verdade é que o próprio Coal Chamber andou colaborando para a fama de "new metal" que acabou adquirindo. Depois de um CD de estréia homônimo matador, que ficou conhecido por sua faixa de abertura - "Loco" - a banda resolveu fazer um disco mais acessível - "Chamber Music" - recheado de teclados, vocais e passagens depressivas, e até cover de uma música de Peter Gabriel ("Shock The Monkey", que contou com a participação de Ozzy Osbourne).
Apesar de toda polêmica, "Chamber Music" acabou demonstrando que o Coal Chamber podia ampliar seus horizontes musicais, sendo um disco bem mais trabalhado e variado que seu antecessor, mas que requeria seguidas audições para que se superasse a estranheza inicial.
Depois disso, uma série de crises internas e externas, brigas entre integrantes, uma turnê turbulenta ao lado do Machine Head (talvez a melhor referência para o som do Coal Chamber), idas e vindas da baixista Rayna Foss, e muita expectativa em torno do próximo CD: será que a banda, depois do flerte estabelecido em "Chamber Music", cairia de vez no fosso do new metal?
A resposta foi dada em "Dark Days": um disco muito mais pesado e direto que seu antecessor, e ao mesmo tempo muito mais musicalmente maduro que tudo o que a banda já produziu até então.
O CD começa com a empolgante "Fiend", uma faixa no estilo Rob Zombie, com bateria "bate-estaca" (não confundir com rock industrial: o Coal Chamber, felizmente, é uma banda baixo-guitarra-vocal-bateria), refrão bem marcante (como convém a uma faixa de abertura) e os ótimos vocais urrados de Dez Fafara, fã confesso de Phil Anselmo e Max Cavalera.
Em "Glow", embora o andamento seja mais cadenciado, temos novamente um refrão ultra-grudento, e ótimas linhas de contrabaixo a cargo da demissionária Rayna Foss, que deixou a banda para se dedicar à vida familiar.
"Watershed" acelera o disco novamente, e é mais uma faixa com baixo bem marcado e refrão grudento.
Os ritmos quebrados e os flertes com o new metal começam a dar as caras em "Something Told Me", mas felizmente a guitarra Meegs está bem pesada, e a bateria de Mike Cox demonstra bastante vigor. Outra coisa que sempre salva as músicas do Coal Chamber de qualquer mal-entendido são os vocais ultra-agressivos de Dez Fafara. Nem precisa dizer que o refrão desta música, a exemplo das anteriores, é bem marcante.
A faixa-título, "Dark Days", embora bastante cadenciada, é talvez a mais pesada, com os vocais de Dez mais urrados do que nunca. O trecho em que a expressão "dark days" é repetida seguidas vezes poderia estar no novo disco do Metallica, "St.Anger". Rayna Foss novamente dá um show com seu baixo nesta música - ela vai deixar saudades.
Em "Alienate Me" novamente surgem flertes com o new metal, sendo uma faixa bem fraca, que poderia ter ficado de fora.
"One Step" começa com um andamento meio chato, que chega a lembrar Slipknot, mas é salva pelo ótimo refrão, e pela guitarra vigorosa de Meegs.
Rayna Foss volta a ser o destaque em "Friend?", apesar do vocal "rapeado" que quase estraga um ótimo riff.
"Rowboat" é uma música de duas faces: um andamento arrastado e angustiado que contrasta com o refrão urrado, acompanhado de baixo, guitarra e bateria alucinados. O saldo final acaba sendo positivo, embora a música como um tenha um "quê" de Marilyn Manson.
Mais batidas quebradas voltam a aparecer em "Drove", outra que tem um ótimo refrão, onde Dez alterna vocais urrados a outros bem limpos e melódicos. A cozinha também faz bonito nesta música, mostrando como a banda evoluiu desde seu primeiro disco.
"Empty Jar" é daquelas que começam suaves, mas já indicando que vão "explodir" a qualquer instante, o que realmente acaba ocorrendo. Ótima guitarra de Meegs, no melhor estilo Robb Flynn (Machine Head), que parece ser uma grande inspiração para o guitarrista do Coal Chamber.
O CD termina com outra faixa típica do Coal Chamber, "Beckoned", que encerra o disco mantendo o pique das anteriores.
Vale ressaltar também que, ao contrário de seu antecessor, "Dark Days" é daqueles discos capazes de conquistar o ouvinte já na primeira audição, já que todas as faixas são curtas e diretas, embora mais elaboradas do que as apresentadas no CD de estréia da banda.
O Coal Chamber, neste momento, já contando com a substituta de Rayna, a baixista Nadja (muito bonita por sinal, resta saber se é tão competente quanto Rayna), irá lançar ainda este ano uma coletânea de faixas raras, demos e re-mixes, denominada "Giving The Devil His Due", e enquanto isso membros da banda darão seguimento a seus projetos paralelos: o guitarrista Meegs com sua banda Piñata, e o vocalista Dez com seu projeto thrash metal Devil Driver (ex-Death Ride), que, segundo o próprio, tem influências que vão do Metallica dos anos 80 ao Testament do disco "The Gathering".
E ainda tem gente que diz que esses caras são new metal.
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