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Resenha - Slaughter Prophecy - Sacred Steel

Por Leandro Testa
Postado em 10 de janeiro de 2003

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Das cinzas da banda progressiva Variety of Arts, surgiu em 1994 o Tragedy Divine, que, com contrato assinado com a T&T/Noise Records, lançou um único álbum, apresentando um som um pouco menos complicado, ou seja, mais direto que da primeira investida. Não obstante, o vocalista Gerrit P.Mutz e o guitarrista Jörg M.Knittel ainda não contentes com a aproximação ‘heavy’ que esta lhes forneceu, logo resolveram voltar à estaca zero, formando o Sacred Steel, algo que de imediato a gravadora não aprovou, dando-lhes liberdade para serem os pioneiros germânicos no fechamento dum acordo de três lançamentos com a Metal Blade, já que, para a felicidade dos músicos, o representante da unidade européia desta assistiu à apresentação primogênita da nova formação. A proposta então voltada ao Speed/Tradicional gerou no mesmo ano, 1997, a obra inaugural Reborn in Steel, com todos os clichês do True Metal, não deixando os ouvintes esquecerem um minuto sequer de quem são os "verdadeiros" ‘metalheads’ e de que esse mundo é feito de "aço, ferro, ou seja, metal". A sonoridade relativamente simplória aliada a uma produção nos moldes oitentistas resultou num material tosco para a época, porém simpático, indicado tão somente aos saudosistas. Um ano depois esse fator veio a ser um pouco mais bem cuidado em Wargods of Metal (que lhes rendeu uma indicação ao Grammy), com o produtor ora almejado, cuja especialidade foi de infelizmente manter o clima de nostalgia. Fora isso, evidenciou-se uma estagnação musical, ou melhor, um retrocesso qualitativo nas canções, agravado pelos atributos daquele que detém o microfone, uma espécie de Geoff Tate (Queensryche) parcialmente fanhoso e afetado, com um jeitão Schwarzenegger de se expressar e uns cacoetes a lá Kai Hansen (ex-Helloween) em início de carreira, ao desferir seus gritinhos empolgados (o sujeito canta tão bem quanto posa para as fotos).

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O terceiro esforço, intitulado Bloodlust (disponível em versão nacional pelo selo Rock Brigade/Laser Company), trouxe uma cara mais atual, e consigo uma injeção de peso, que somente fez jus à década de 90 em pleno exercício 2000, sobrepondo-se de todas as maneiras aos empecilhos supracitados, tornando o contexto geral bem mais interessante. Desta forma, a trajetória destes alemães pode se dividir em duas partes iguais, pois os dois ‘plays’ iniciais em muito se assemelham, e Slaughter Prophecy remete diretamente ao seu antecessor, cuja agressividade crescia e veio aqui se solidificar, perpetrando assim o melhor de seus trabalhos, não só em termos de arranjo, timbragem, ‘backing vocals’, como pela bela capa sombria e o ‘picture-disc’ perfeito, mas também pelo fato da voz do dito-cujo manter o bom encaixe à pancadaria aqui presente. Logo após a introdução cinematográfica "The Immortal Curse", tal detalhe se evidencia na faixa-título, na qual ele abusa da versatilidade adquirida, passando do estilão gutural ao corriqueiro, apenas deslizando quando inventa de encarnar o King Diamond (grande influência) emitindo aqueles falsetes insuportáveis. Tamanha variedade não é de se estranhar, pois além de todos os integrantes serem fãs declarados de diversas categorias metálicas, e os dois citados no início desta resenha fazerem parte de um grupo de Doom, o guitarrista Oliver Großhans incrementou o conjunto de Death Metal de Jörg, My Darkest Hate, que conta ainda com o baterista do Primal Fear, Klaus Sperling, e dois álbuns já registrados, tornando sem efeito quaisquer explicações adicionais.

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Portanto, enquanto as coisas se mantêm frescas, tudo caminha conforme o esperado, mas se ela pende para as bases convencionais de antigamente, aí a coisa complica um pouco, como em "Pagan Heart", que não chega a empolgar, até mesmo por ser a mais curta de todas e conter os revezes supracitados de Gerrit. Ademais, saraivadas de riffs thrash, um atrás do outro, permeiam temas que alternam entre a visão anti-religiosa do próprio (compositor exclusivo das letras, muito "imaginativas", por sinal) e seu "manual de boas maneiras e costumes para o ‘headbanger’", ou seja, como se portar, levantar a bandeira metálica, etc... (ouça a cadenciada "Raise the Metal Fist" para visualizar o capítulo 5), sem obviamente descambar para os movimentos direcionais das magníficas bandas de pagode/axé, com os típicos ‘pra frente, pra trás, agora dá uma abaixadinha..., maínha!’.
O épico de nove minutos "Invocation of the Nameless Ones" encerra o CD que marca a estréia com a Massacre Records, e assim lapida a identidade do Sacred Steel, pondo-se mais uma vez em ascensão, da qual espero que escancarem de vez em termos de brutalidade no petardo Iron Blessings, sucessor deste que já se encontra em processo de composição.

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Duração – 45:53 (11 faixas)

Site oficial: www.sacredsteel.de

OBS: O formato nacional, bem como em vinil e `digipack` trazem a ‘bonus-track’ "Crush the Holy, Save the Damned" repetitiva, porém de graça, então todos ficamos felizes.

Material cedido por:
Hellion Records – www.hellionrecords.com
Rua 24 de Maio, 62 – Lojas 280 / 282 / 308 – Centro
São Paulo – SP – Brasil
CEP: 01041-900
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