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Resenha - MTV 2002 Ao Vivo - RPM

Por Rafael Carnovale
Postado em 17 de maio de 2002

Nota: 6 starstarstarstarstarstar

O ano era 1985. O cd era Rádio Pirata ao vivo. Começava o frenesi, a loucura. Fãs berravam por todo lado e lotavam os shows. Uma adoração que chegou a ser exageradamente comparada aos Beatles. Isso para uma banda que só tinha um disco lançado e um ao vivo recente. Quem tem mais de vinte e cinco anos se lembra dessa época. Em 1989 a banda se separa, após o fracasso de mídia do segundo álbum de estúdio, "Quatro Coiotes", um fracasso razoável: 250 mil cópias. Bom, para quem tinha vendido 2,5 milhões do disco ao vivo, 250 mil era fichinha. Cada um foi para seu canto. O RPM virou apenas uma memória no rock brasileiro.

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O ano agora é 2002 e a banda resolve retomar suas atividades. Cada um tinha seguido seu caminho: o baixista/vocal Paulo Ricardo estava investindo numa carreira pop, enquanto o tecladista Luis Schiavon (de longe o destaque da banda) investia em trilhas sonoras. O batera Paulo PA Pagni andou com uma banda de heavy metal e o guitarra Fernando Deluqui esteve nos Engenheiros do Hawaii. A banda se reúne e resolve o óbvio: gravar um disco ao vivo pela MTV, com direito a especial e DVD, a ser lançado em Junho. Um caminho fácil? Sim. Os velhos hits com certeza chamariam mais a atenção do que um CD fresquinho de músicas novas. Embora eles tenham antes soltado a música "Vida Real", tema do Reality Show Big Brother, um bom exemplo de pop rock.

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Re-apresentação feita, vamos ao cd: são dezoito faixas, dezessete ao vivo e uma bônus de estúdio. A banda se mostra intacta em seu entrosamento, com a mesma pegada de vários anos atrás, resultado de vários ensaios. Falar que hits como "Revoluções por Minuto", "Alvorada Voraz", "London London", "A Cruz e A Espada", "Carbono 14", "Rádio Pirata" e "Olhar 43" não mexem com a galera é mentira. Claro que mexem. Afinal, foram as melhores coisas que o RPM produziu. Um rock calcado no pop, com um teclado bem evidente (reforçado por orquestra em algumas faixas como "Revoluções por Minuto" e "Alvorada Voraz") e uma guitarra e baixo bem discretos, mas bem colocados. À exceção de Schiavon, não podemos dizer que há algum virtuose na banda, mas todos cumprem seu papel com maestria. Paulo Ricardo mexeu no visual para parecer mais rockeiro, mas sabe usar seu vocal limitado com habilidade, sem soar chato. É sua maior qualidade, além de saber mexer com a platéia, como fazia em 1984 e 1985.

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A banda acertou em cheio ao fazer uma versão de "Exagerado" (Cazuza) com Roberto Frejat, numa pegada mais blues, dando um bom resultado para um hit óbvio. As demais faixas também não comprometem, mas não mexem com a platéia da mesma maneira que os super hits citados. A música "Vida Real", o primeiro sopro do RPM em 2002, também faz bonito, dando sinal que a banda pode ainda produzir material bem interessante. A faixa bônus de estúdio, "Onde Está o Meu Amor", é uma balada razoável, daquelas para embalar namoros, mas lembra muito a carreira solo de Paulo Ricardo.

O show é correto e os músicos mostram que ainda têm muita lenha para queimar. Porém, é fácil demais lançar um cd ao vivo e depois sair em turnê pelo Brasil. Resta ver como se sairão quando gravarem algo realmente inédito. Mas vale a pena, afinal, é nostálgico e muito legal relembrar o rock anos 80, seja de qual forma for.

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Sobre Rafael Carnovale

Nascido em 1974, atualmente funcionário público do estado do Rio de Janeiro, fã de punk rock, heavy metal, hard-core e da boa música. Curte tantas bandas e estilos que ainda não consegue fazer um TOP10 que dure mais de 10 minutos. Na Whiplash desde 2001, segue escrevendo alguns desatinos que alguns lêem, outros não... mas fazer o que?
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