Iron Maiden com Paul Di'Anno - O Nascimento de uma lenda
Por Isaias Freire
Postado em 03 de novembro de 2024
Os dois primeiros álbuns do Iron Maiden – "Iron Maiden" (1980) e "Killers" (1981) – marcaram o início de uma jornada que levaria a banda a se tornar um dos maiores nomes do heavy metal mundial. Esses discos não apenas ajudaram a estabelecer o Maiden como um dos pioneiros da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), mas também destacaram a presença visceral e crua de Paul Di’Anno nos vocais. O estilo de Di’Anno era um reflexo da atitude punk da época, trazendo uma agressividade diferente daquela que seria explorada posteriormente com Bruce Dickinson.
Embora a carreira de Di’Anno com a banda tenha sido curta, seu impacto foi duradouro, especialmente para os fãs que apreciam o som mais cru e direto do Iron Maiden em seus primórdios.
O autointitulado álbum de estreia da banda é um clássico instantâneo do heavy metal. Lançado em 1980, "Iron Maiden" apresenta uma banda jovem e faminta por reconhecimento. O álbum é uma combinação de energia bruta, instrumentação afiada e atitude punk, algo raro para uma banda que acabaria se tornando sinônimo de melodias complexas e épicos progressivos nos anos seguintes.
Desde a faixa de abertura, "Prowler", fica claro que o Iron Maiden veio para ficar. As guitarras gêmeas de Dave Murray e Dennis Stratton (este último substituído posteriormente por Adrian Smith) são afiadas como navalhas, enquanto o baixo pulsante de Steve Harris, já o principal compositor, molda o som e a estrutura das músicas. Paul Di’Anno, por sua vez, entrega performances cruas e intensas, repletas de atitude.
Faixas como "Running Free" e "Sanctuary" reforçam a conexão do Iron Maiden com o punk, com uma simplicidade nas letras e refrões que são hinos de rebeldia. No entanto, o álbum também possui nuances do que a banda se tornaria mais tarde, especialmente nas faixas mais elaboradas como "Phantom of the Opera", que apresenta estruturas complexas e mudanças de tempo que indicam o futuro mais progressivo do Maiden.
A balada instrumental "Transylvania" é outro destaque que mostra o virtuosismo da banda, mas sem perder a agressividade que define este primeiro trabalho. O álbum fecha com a poderosa "Iron Maiden", que mais tarde se tornaria uma constante nos shows ao vivo da banda, servindo quase como um grito de guerra para a multidão.
O segundo álbum da banda, "Killers", lançado em 1981, é uma continuação natural do que foi apresentado no álbum de estreia, mas desta vez com uma produção mais polida e faixas mais bem estruturadas. Com Martin Birch, renomado produtor do rock e do metal, assumindo as rédeas, o Iron Maiden conseguiu capturar sua ferocidade ao vivo em um estúdio, ao mesmo tempo em que refinava seu som.
Desde a faixa de abertura, "The Ides of March", um instrumental poderoso, fica claro que a banda está mais confiante e madura. "Killers" traz um conjunto de canções que são mais densas e coesas, com maior ênfase na técnica e na construção de atmosferas. "Wrathchild" é um exemplo perfeito disso, uma faixa icônica que continua sendo uma favorita dos fãs. O baixo de Steve Harris é onipresente, conduzindo a música com sua marca registrada de linhas intrincadas e melódicas.
Paul Di’Anno continua a brilhar como vocalista, entregando performances ferozes em músicas como "Murders in the Rue Morgue" e "Killers", faixas que exemplificam a agressividade do álbum. Sua voz ainda carrega aquele espírito punk e desafiador, mas com mais controle e refinamento em comparação ao álbum de estreia. As letras, muitas vezes lidando com temas sombrios e violentos, complementam o clima pesado e perigoso do álbum.
O álbum também mostra o Iron Maiden expandindo seu som em faixas como "Prodigal Son", uma peça mais lenta e atmosférica que traz um lado mais melódico da banda. No entanto, mesmo com essa maior variedade musical, "Killers" ainda mantém a intensidade que definiu o Maiden desde o início. O álbum termina com a épica "Drifter", uma faixa animada que se tornou outra constante nos shows da banda.
Embora a mudança de guitarristas – com Adrian Smith substituindo Dennis Stratton – tenha trazido uma dinâmica diferente, ela serviu apenas para solidificar o som da banda. Adrian Smith se tornaria uma parte fundamental da formação clássica do Iron Maiden nos anos seguintes, contribuindo não apenas com suas habilidades de guitarra, mas também com composições.
Infelizmente, "Killers" também marcou o fim da curta, mas memorável, era de Paul Di’Anno no Iron Maiden. Problemas com drogas e comportamento errático levaram à sua demissão em 1981. Embora Di’Anno tenha sido um dos principais fatores para a energia inicial da banda, o Maiden precisava de um frontman que pudesse acompanhar sua ambição crescente, e foi aí que Bruce Dickinson entrou na história, levando o Iron Maiden a um novo patamar de sucesso mundial.
No entanto, os discos com Paul Di’Anno deixaram uma marca indelével na carreira da banda. Eles capturam um Maiden mais visceral, quase "selvagem", antes de abraçar as composições mais épicas e complexas que viriam depois. Di’Anno trouxe uma autenticidade e agressividade que refletiam perfeitamente a cena de heavy metal do Reino Unido no início dos anos 80, e sua contribuição para o som inicial da banda não pode ser subestimada.
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