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Genocídio: A história disco-a-disco #2

Por Ricardo Cunha
Fonte: Esteriltipo
Postado em 03 de maio de 2019

"Tendências obscuras que pairam entre as sombras do apocalipse e o recomeço de um mundo novo"

Em 2006 a banda se ergue novamente. Com uma formação ao mesmo tempo clássica e madura, a novo grupo volta à batalha. Juntos, WPerna (baixo), Murillo (vocal), Dennis D. (Death Tribute, guitarra) e Fábio M. (ex-Mastiff, bateria) vem cheios de ideias inovadoras.

Uma nova era é inaugurada, e nela, só há espaço para aquilo que está em sintonia com a sua essência: a audácia, a vibração e a competência que os tornaram uma das maiores e mais respeitadas bandas de seu estilo no Brasil e no mundo. Para comemorar esse retorno, a banda grava o áudio e o vídeo de seu primeiro show com a nova formação, lançando o EP Hiatus (2007), um álbum virtual de quatro faixas.

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Probations Live DVD/CD (2007), o primeiro "ao vivo" mostra uma banda madura e entrosada tocando todos os seus clássicos de forma precisa e vigorosa. Probations é um registro histórico, que marca o retorno definitivo da banda aos palcos. O trabalho traz uma excelente qualidade de som, imagem, edição, etc. O material resgata o passado da banda através de cenas de shows, backstage, e de muitas fotos de toda a carreira, além do show completo no Blackmore Rock Bar, em 2006. Com dezessete sons - dentre os quais, destacam-se os covers de Black Planet (Sisters of Mercy) e Countess Bathory (Venon) e a inédita Nightmarishly - que mostram toda a energia da nova fase do grupo e mostra que esta é a melhor formação da banda.

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Em meados de 2008, a banda começa a preparar novos materiais e, para comemorar o ano de sucesso, a banda toca em São Paulo com a Divine Heresy e a Asesino.

Um novo álbum é gravado entre os meses de Abril e Dezembro de 2009. Com a produção de Marco Nunes e co-produção de Gilberto Bressan Jr. a banda atinge a um padrão musical nunca antes alcançado. O resultado é The Clan (2010), um salto no quesito originalidade que contém peças dotadas de velocidade extrema como "The Clan" e "Fire Rain", faixas com técnica refinada como "Catharsis Transatlântica" e "Metal Barrel Wasted", e canções de cunho pessoal como "Settimia" e "Worlds Asunder". Além disso, o álbum ainda traz uma versão fenomenal de "Enter The Eternal Fire", do Bathory, que sempre foi uma grande influência para a banda.

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O conceito do álbum gira em torno dos esquemas mafiosos e corruptos enraizados nas instituições políticas. No final das gravações, a banda foi convidada para ser uma das bandas de abertura da segunda vinda do Venom ao Brasil. Um marco para esses caras, que são grandes fãs da banda britânica.

In Love with Hatred (2013), ressalta as principais características da banda, o inconformismo, a dinamicidade e a vontade de inovar a cada disco. Aqui, o Death Metal praticado é forte, poderoso e técnico, com alguns resquícios de melodia herdados do Thrash Metal. Murillo procurou realizar algumas variações em seu trabalho vocal e acabou sendo o responsável por alguns dos momentos mais ríspidos do disco. No quesito inovação, a banda inseriu algumas participações orquestrais no álbum. Novamente produzido por Marco Nunes, o trabalho continua a saga do anterior, com peso, agressividade e precisão, tudo encaixado num contexto que permite ao ouvinte compreender e participar dos conceitos líricos e harmônicos. Importante ressaltar as participações especiais de Manu Joker (UGANGA) nos vocais de "I Deny", Vitor Rodrigues (ex-VoodooPriest, ex-Torture Squad), em "Unseen Death", e do Sphaera Rock Orquestra em "Birth Of Chaos" e "White Room Red". Destaque para a versão bem vinda e inesperada de " Come to the Sabbath "do Mercyful Fate.

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Under Heaven None (2017), 3 anos depois do último trabalho, o grupo retorna com um álbum encorpado e brutal que, entretanto, não traduz a tradição de inovar, da banda. Considerado, todavia, na perspectiva da brutalidade, é uma obra digna dos melhores dias da banda. Imbuído do sentimento de perpetuar o nome da banda através das várias formações pelas quais o grupo passou, WPerna e cia. realizou outro trabalho de alto nível que contou mais uma vez com grande produção e consolidou 30 anos de carreira de uma forma sólida e indelével. O disco contém traços de tudo o que assimilamos sobre música pesada ao longo dos anos. É possível identificar claramente componentes do Thrash, Death, Doom, Gotic e Black Metal contidos nas varias paisagens sonoras. Aqui, é possível notar que a evolução musical se deu pela adesão ao lado mais sujo e sombrio da música extrema. Há tendências obscuras que pairam entre as sombras do apocalipse e o recomeço de um mundo novo, - entre escombros. Não vejo razões para eleger destaques entre as músicas pelas razões obvias de que elas agem de forma distinta sobre cada pessoa. E, para mim, os critérios técnicos se comunicam de forma efetiva apenas com quem é músico ou teórico de música - o que, definitivamente não é o meu caso - portanto, vou citar apenas o cover de Black Vomit, do Sarcofágo, que endorsa firmemente o texto ora escrito.

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Desde o último lançamento, a banda se mantem ativa e em forma. Além dos giros pelo país para divulgação de Under Heaven None, participou dos tributos nacionais às bandas Black sabbath, AC/DC e Motorhead. Além de outras tantas atividades. Depois de mais de 30 anos trabalhando duro, o grupo - personificado na pessoa de WPerna - colhe os frutos dos anos de estrada. O resultado de tanto trabalho é que conseguiram colocar o nome GENOCÍDIO como determinante na história da música extrema do Brasil. Uma carreira marcada por superação e vitórias que certamente inspiram muitos artistas do underground brasileiro. O Genocídio é, sem dúvida, uma das bandas que conseguiu sintetizar a história de muitos artistas em sua própria trajetória e, por tudo o que representam, são dignos de todo o respeito.

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Sobre Ricardo Cunha

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