Cazuza: Entre tapas e beijos; Quando ele saiu de casa
Por Fotoboard Tramparia
Fonte: Cazuza - Lucinha Araujo
Postado em 19 de fevereiro de 2018
A seguir, uma breve e sucinta descrição do processo de construção de uma briga.
A raiva é um sentimento irracional, provocado pela impaciência de uma pessoa, a qual contamina o indivíduo agredido, consequentemente, isso acaba gerando agressões físicas e verbais de ambas as partes, enfim, a vítima torna-se também um agressor.
Tirar proveito de livros, filmes, histórias, etc, é um grande passo para a evolução mental e espiritual.
Deixar de lado os conflitos internos e externos, é uma forma de desperto da alma.
Entenda e reflita sobre o assunto, no trecho retirado do livro CAZUZA - Só As Mães São Felizes, com Lucinha Araújo, mãe do compositor, depoimento dado à autora Regina Echeverria.
Sensível e rebelde. Carinhoso e desafiador uma personalidade sedutora e controvertida se delineou no adolescente Cazuza.
O apogeu dessa primeira fase de grandes problemas aconteceu certa noite, quando ele entrou em casa e nos comunicou que iria viajar para a Bahia. Sempre tão controlado, João perdeu as estribeiras e reagiu com fúria:
- Enquanto você viver nesta casa e com o meu dinheiro, vai ter que obedecer às regras. Não pode chegar aqui e simplesmente comunicar as coisas. Você tem que me pedir autorização.
Nem mesmo o espanto de ter provocado um ataque de nervos no pai impediu CAZUZA de responder imediatamente.
Pois eu vou pra Bahia, quer você queira ou não!
João voou para cima dele, aos tapas. CAZUZA revidou, ele tinha topete.
E eu, no meio, na mira de ambos os lados, pois eles pareciam cegos de tanta raiva. A sessão de pancadaria terminou dentro do boxe, debaixo do chuveiro comigo no meio. Apanhei dos dois.
Quando se acalmaram, CAZUZA foi para a porta de casa e já ia saindo quando João decretou:
- Se você for, não volta.
Para minha total desgraça, meu filho pronunciou então as palavras que jamais pensei em ouvir:
- Pois então, não volto!
Saiu com a roupa do corpo. Corri atrás dele com um dinheiro escondido. Sabia que ele era orgulhoso demais para voltar atrás naquele momento.
Dois dias depois, sem nenhuma notícia, entrei em pânico. Telefonei para Ricardo Quintana, seu amigo do Santo Inácio, e pedi que descobrisse o paradeiro de meu filho.
Ricardo contou que Cazuza estava vivendo na casa de um amigo em comum, um pintor que morava em Copacabana.
Uma semana depois da briga, CAZUZA telefonou e apareceu em casa para pegar roupas, mas nada do que eu lhe disse foi capaz de aplacar a revolta e modificar sua decisão.
Não adianta tentar me convencer. Eu não volto pra casa!
Com o coração partido, dei mais dinheiro a ele, antes que saísse. O impasse só se resolveria com a intervenção de nosso cunhado José Müller, já falecido, casado com Theresa, irmã de João. Padrinho de meu filho, ele o procurou para uma conversa.
Jamais soubemos como e com que argumentos José Müller convenceu CAZUZA a voltar para casa, mas o fato é que meu filho concordou e fez a vontade desse tio tão querido, uma das pessoas mais sensatas que conheci e um dos poucos que compreenderam e respeitaram a personalidade de Cazuza na família.
A música Vida Louca Vida está presente nos seguintes álbuns:
- Vida Bandida (1987) | versão original composta por LOBÃO
- O Tempo Não Pára (1988) | regravada por CAZUZA
Essa matéria faz parte da categoria Trecharias BioRockers no Portalblog Misterial.
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