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Dorsal Atlântica: Minha Geração, um resumo da história da banda

Por Ricardo Cunha
Fonte: Esteril Tipo
Postado em 08 de agosto de 2017

A banca carioca Dorsal Atlântica ganhou notoriedade ao dar as caras numa época em que tocar Heavy Metal era muito mais que uma demostração de rebeldia, era uma questão de coragem.

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Atendendo pelo singular nome de "Ness", em 1981, surge um esboço daquilo que hoje se pode considerar como o algo mais próximo da formação mais clássica da banda. Dirigidos pelo som dos grandes nomes (Motorhead, Black Sabbath, Kiss, etc.) tocavam covers só que, cantando em português e, claro, com adaptações para a realidade brasileira.

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Em 1983, com uma formação estabilizada, lança Ultimatum, um split-album com a também carioca Metalmorphose.  Lançado no primeiro dia do Rock In Rio I, em 85, o EP teve uma tiragem inicial de 500 cópias. Um disco nos mesmos moldes do hoje, antológico split-album Sepultura/Overdose. Na época, apenas garotos com um propósito na cabeça e alguns instrumentos nas mãos. Iniciativa esta, que confere a ambas as bandas, o título de pioneiras da cena metal nacional.

Antes do Fim, primeiro álbum completo e oficial da Dorsal Atlântica é lançado em 1986. Agora, legitimamente uma banda de Metal, a Dorsal buscava se equilibrar entre o lirismo, os cabelos cumpridos e a pegada hardcore. Mistura que hoje, como é sabido, deu certo. Inspirados nos conflitos de interesses, nas  relações de poder e nas experiências pessoais, a Dorsal se utilizou de fúria, peso e velocidade para atingir a muitos alvos. Deixando muitos feridos.

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Gravado em 87 mas lançado apenas no ano seguinte Dividir & Conquistar, aponta para uma direção mais conceitual, com músicas mais longas e mais trampadas. Todavia, ainda com todo aquele "cheiro de espírito juvenil". Agora, com uma gravadora carioca, assim como a banda, as coisas estavam mais "em casa" e, justamente por isso, com mais liberdade. Isto significou que a banda poderia experimentar mais no estúdio. Então, apesar da pouca experiência, os garotos fizeram um bom disco, com músicas para bater cabeça e para botar a cabeça pra pensar!

O lirismo, já como uma marca da Dorsal, aparece com mais força na ópera Searching For The Light, em 1990. Versando sobre as injustiças sociais no cenário nacional, a banda fala das "... conseqüências de tantos desmandos em um possível futuro dominado por bicheiros, traficantes e uma elite insensível." Um disco, até certo ponto, difícil de entender. Pelo menos para a maioria, é o que parece ter ficado claro com o tempo.

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O segundo batera, Hardcore, deixa a banda, para a entrada de Guga, que injetou ânimo no grupo.

Musical Guide From Stellium, de 1992, "foi gravado em Belo Horizonte e, pela primeira vez, a banda teve uma produção profissional." Privilegiando temas místicos, compôs um dos discos mais originais e pesados de sua carreira - sendo este, o favorito deste que vos escreve. O álbum é cheio de destaques! Aliás, difícil é apontar momentos ruins, talvez haja partes menos e mais interessantes (de um ponto de vista pessoal) com em "Prision Cell Stage" e "Thy Will Be Done", respectivamente. De um modo geral o que se houve é um metal vigoroso e bem construído. Diga-se de passagem, de uma forma inovadora!

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Em 1994, Alea Jacta Est, o terceiro álbum da trilogia do metal feito no terceiro mundo, a Dorsal se mostra uma banda vigorosa e, mais uma vez flerta com a ópera, produzindo uma história "que conta a saga de um Cristo negro e favelado nascido no Rio de Janeiro." Um disco pesado e técnico onde houve espaço até para encaixar cantos gregorianos. Um momento excelente para banda e público. Apesar de que, segundo o autor, o conceito do álbum não foi compreendido em sua extensão.

Straight, lançado em 1997, sem Cláudio Lopes, porém com Ângelo Arede no baixo, gravou seu primeiro disco fora do país. Uma possível tentativa de conquistar o mercado internacional, ou, de simplesmente romper com os esquemas do mercado fonográfico nacional. Straight - como o nome diz, é um disco direto, pesado e extremamente agressivo. A Dorsal surpreendia aos desavisados com um disco mais orientado para o hardcore "bate-cabeça". A banda seguia em frente na busca pela diferenciação do grande grupo que sempre foi o metal tupininquin.

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Um fato marcante que parece ter passado despercebido no documentário que conta a trajetória da banda, foi o lançamento de "Omnisciens, o tributo à Dorsal Atlântica", que contou com 13 nomes representativos de todas as regiões do país. Headhunter(BA), Avalon(PI), Restless(DF), Insanity(CE), Decomposed God(PE), Endoparasites(RJ), Genocídio(SP), entre outros, fizeram desta iniciativa independente, uma das homenagens mais honestas da "era dos tributos" no Brasil e no resto do mundo.

1998, Alexandre Farias assume o baixo e a banda inicia os trabalhos de gravação de uma demo para o sucessor de Straight. No mesmo ano a banda foi convocada para integrar o cast do Monsters Of Rock. Na ocasião, tocaria com as lendas do metal Mundial Slayer e Megadeth. Ainda como resultado dos anos de trabalho, o trio gravou em Fortaleza o seu primeiro "ao vivo".

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No primeiro mês do último ano do século a biografia da banda, o livro Guerrilha, é lançado. Na sequência, o disco Terrorism Alive é lançado pela gravadora Varda Records, fundada pelo próprio Carlos Lopes num claro rompimento com os esquemas dos selos das gravadoras.

Um disco "ao vivo" deve ser uma comemoração pelo trabalho feito. Uma festa pelos anos de trabalho criacional lapidados pelas belezas e asperezas da estrada. Terrorism Alive satisfaz a esses requisitos. Um disco que conseguiu captar a banda em sua essência, sem aparato técnico mas com muita emoção. Estive lá e pude presenciar um sujeito tomar de forma truculenta o microfone das mãos de Carlos Lopes para cantar, creio que, "Princesa do Prazer" - não incluída no disco. A despeito da falta de modos do "moço" em questão, é de fatos como esse que se constrói a carreira de uma banda underground. Sem romantismos nem overdubs, mas com profissionalismo, - coisa que a banda tem! [...] Detalhe: o encarte do CD contém o depoimento muito legal de um fã, que conta sua saga para ver a Dorsal naquele insólito 18/09/98.

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Em 2001,  após 20 anos de carreira e, para a tristeza de muitos, a banda encerra suas atividades. O principais motivos apontados foram o desgaste "natural" do relacionamento entre os integrantes e a forma como a mídia e as gravadoras agiam em relação à cena e às bandas, entre outras.

Em 2012, doze anos "depois do fim", e, após uma bem sucedida campanha de financiamento coletivo a banda retorna com o disco 2012. A virada do século provocou um reboliço nas artes e, relativamente à música, gerou novas modalidades de som e de mercado.  O que exigia uma resposta legítima do meio artístico. Então, ao que parece, o mais sensato para a Dorsal, foi evocar o espectro dos primeiros dias, nos quais a banda compunha em função da língua materna. Dessa forma, tal como a fenix, a banda ressurge das cinzas com um disco pesado, cru e cantado em português, que talvez simbolize tanto uma declaração de independência quanto um apelo para a "releitura" da mensagem que a banda sempre esteve preocupada em transmitir.

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Com fôlego renovado, a Dorsal se joga em mais uma empreitada. Com composições mais intricadas e com olhar ainda mais voltado para o Brasil, lança em 2015, o excelente Imperium. Uma abordagem de aspectos obscuros da história do país, dos quais, alguns têm desdobramentos até os dias de hoje. A banda aparece, ao mesmo tempo, mais entrosada e mais desprendida. As músicas se diluem nas influências do do punk, do thrash e do heavy metal, todavia sem se prender muito às marcas de cada gênero, o que conferiu ao som, contornos menos tradicionais. Me parece que aqui, os temas narrados/cantados se fundem à parte instrumental de uma maneira mais coesa do que em qualquer outro disco da banda. Diria mesmo que Imperium é um dos trabalhos mais despojados da Dorsal.

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Contando novamente com o engajamento dos fãs, em 2015, a banda realiza mais um projeto de crowdfunding. Desta vez, com vistas a arrecadar fundos para a confecção da história da banda contada em HQ. Mais um projeto bem sucedido!

No ano em que completou 32 anos, 2016, foi lançado o documentário Guerrilha - A trajetória da Dorsal Atlântica, um filme que documenta o retorno da formação clássica e as belezas e as dores da trajetória de uma das bandas mais emblemáticas do cenário "metal" do Brasil.

Ainda em 2016, e, assim como no começo, a banda dá as caras novamente! Um novo projeto e uma nova proposta estética e musical: a gravação de um álbum cuja ideia central é uma opera Thrash Metal que pretende ser uma releitura da história do Brasil baseada num momento marcante: a Guerra de Canudos. Para a realização deste projeto está rolando um novo crowdfunding.

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A partir do que já li, vi e ouvi sobre a Dorsal Atlântica, posso falar que a banda tem uma história marcada por lutas. E que esta história é parecida com a de muitas bandas espalhadas pelo mundo. Todavia, a história da "Dorsal" tem traços particulares que se ressignificam com o tempo. Num contexto tão amplo quanto a história recente de um país que adota como básica a premissa do "o fácil é o certo", a Dorsal ousou quebrar a lógica fazendo o certo sem, necessariamente, buscar o jeito mais fácil. Propôs lutas e lutou contra os diversos tipos de alienação e de manipulação, enfrentou esquemas, se desapontou, se absteve e provou que não há "fácil" no "certo". A Dorsal, como muitas bandas, não estourou mundialmente, nem ganhou milhões com a música. Entretanto, tornou-se protagonista de sua própria história. Uma história marcada também - e principalmente - pelo amor à música e ao metal.
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Referências:

Dorsal Atlântica official, Facebook official, Whiplash, the BNR Metal Pages, Só História, Vimeo

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