Queen: uma analise lírica sobre a obra prima "Bohemian Rhapsody"
 Por Paulo Severo da Costa
Por Paulo Severo da Costa
Postado em 27 de setembro de 2016
"Freddie era uma pessoa muito complexa: apesar de irreverente e engraçado sobre a superfície, ocultou inseguranças e problemas em sua vida, sobretudo com relação a sua infância, as quais ele nunca explicou. Isso se reflete em suas letras em geral - mas acho que ele colocou um monte de si mesmo para essa música". Dito por Brian May, não há que se questionar a existência de uma teia indecifrável que constituía a mente criativa de Freddie Mercury.
 
Crescido nos ditames do Zoroastrismo (sua família cresceu em Zanzibar de onde foram forçados a sair por uma revolução governamental em 1964 se mudando para a Inglaterra), o futuro vocalista do QUEEN foi enviado aos oito anos de idade à Índia (onde permaneceria por mais nove anos) tendo, lá, seus primeiros contatos com o rock and roll e a sexualidade - duas das características mais marcantes em vida e obra.
"Ele tinha a mania de chamar aos outros de querido, o que soava um pouco afetado. Eu sabia que ele era homossexual naquele tempo. O engraçado é que ele parecia não se importar", afirma uma de suas professoras, Janet Smith, docente no Colégio St. Peter´s, onde Freddie passaria sua estada em Panchgani. Esse fator (que mais tarde revelar-se-ia como icônico em suas letras), sugere o primeiro questionamento sobre "Bohemian": seriam os versos sobre morte uma analogia a sua frustrada tentativa de uma conduta sexual dita "normal"?
 
"É uma daquelas músicas que se fantasia sobre isso. Acho que as pessoas devem apenas ouvir, pensar sobre isso, e depois tirar suas próprias conclusões."
Em 1974/75, o relacionamento com Mary Austin já encontrava-se desgastado, dada à agora irrefreável conduta bissexual de Mercury. "Para mim, está na cara que Freddie 'saiu do armário´ nessa canção. Até conversei com Roger (Taylor) sobre isso. Ele (Mercury) fuzilou e destruiu o homem que fingia ser e agora tentava conviver com o novo Freddie. Sempre que escuto a canção no rádio eu o imagino tentando se livrar de um Freddie para incorporar o outro(..) É obscuro; mas considere aquele trecho 'vejo a pequena silhueta de um homem´. De qualquer forma, ´Bohemian' é uma das melhores músicas do século XX", afirmou Tim Rice, músico e amigo de Freddie. Uma teoria aceitável mas, segundo Brian May: "Acho que nunca saberemos, e se eu soubesse, provavelmente nunca iria lhe contar".
 
Outro ponto fundamental para a compreensão da letra são as referências zoroastristas. "O fato de o nosso povo não viver na Pérsia desde o século IX, não significa que sejamos menos persas. Enquanto os parses (nota: seguidores do zoroastrismo) são descritos como ´zoroastristas indianos´, descendemos dos zoroastristas persas que fugiram para a Índia nos séculos VII e VIII devido a perseguição muçulmana"- afirmou o representante da comunidade parse londrina, em uma das biografias publicadas sobre Freddie.
Seus pais possuíam nacionalidade britânica e indiana e se declaravam seguidores da referida doutrina religiosa. A respeito da mesma, é válido ressaltar que se trata de uma religião secular e monoteísta e, segundo constam dos compêndios, influenciou várias outras culturas religiosas do mesmo modelo.
 
O zoroastrismo (cujas bases teóricas tratam do messianismo, da imortalidade, da ressurreição e do juízo final) tem como livro principal a Avesta. Porém, a partir de uma curiosidade iniciada pela leitura desses textos, Freddie passou a mergulhar em outros Livros Sagrados, especialmente o Corão: "É inegável que sua iniciação nos princípios do zoroastrismo abriu sua curiosidade para outros campos religiosos", afirma um de seus biógrafos. "Bismillah" é uma delas e significa literalmente, "Em nome de Allah" ; "Scaramouche" significa "um personagem de pretensas ações que age como um covarde prepotente"; "Belzebu" é um dos muitos nomes dados ao diabo", afirmou Ben Corrs. "Nunca me deixe ir/ Não, não, não, não, não, não, não/ O mamãe minha, mamãe minha, mamãe minha deixe-me ir/ Belzebu deixou um diabo reservado para mim" - esse emaranhado lírico soa como uma verdadeira expiação de culpa de Mercury frente à sua condição pessoal não ortodoxa perante os ditames religiosos em que foi criado. Mais uma vez, segundo as palavras da escritora Lesley-Ann Jones, Mercury teria lhe confessado que "o zoroastrismo, não aceita a homossexualidade - e ele fez esforços para esconder sua orientação sexual - possivelmente, de modo a não ofender sua família."
 
Já a menção a "Galileo", provavelmente seja uma referência à Galileo Galilei - segundo as fontes estudadas, uma homenagem com certa dose de humor inglês ao hoje Doutor em Astronomia, Brian May.
De qualquer modo, como já bem conceituado por Jon Bream: "Bohemian é uma ópera-rock (...) Uma obra prima de ópera falsificada, que traça uma linha de história através de diferentes movimentos, dinâmicas, estilos e texturas musicais, com arranjados magníficos que soam como um coro de cem vozes, e não como três caras amarrados juntos por oitocentos canais de gravações". Bravíssimo!
 
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps












 A canção do Genesis que a banda evitava tocar ao vivo, de acordo com Phil Collins
A canção do Genesis que a banda evitava tocar ao vivo, de acordo com Phil Collins Tecladista anuncia que o Faith No More não volta mais
Tecladista anuncia que o Faith No More não volta mais Dave Mustaine confirma que regravou "Ride the Lightning" em homenagem ao Metallica
Dave Mustaine confirma que regravou "Ride the Lightning" em homenagem ao Metallica Rick Rubin elege o maior guitarrista de todos os tempos; "ele encontrou uma nova linguagem"
Rick Rubin elege o maior guitarrista de todos os tempos; "ele encontrou uma nova linguagem" Os 50 melhores discos da história do thrash, segundo a Metal Hammer
Os 50 melhores discos da história do thrash, segundo a Metal Hammer Valores dos ingressos para último show do Megadeth no Brasil são divulgados; confira
Valores dos ingressos para último show do Megadeth no Brasil são divulgados; confira Os 16 vocalistas mais icônicos da história do rock, segundo o The Metalverse
Os 16 vocalistas mais icônicos da história do rock, segundo o The Metalverse O disco de reggae que Nando Reis tem seis exemplares; "Quase como se fossem sagrados"
O disco de reggae que Nando Reis tem seis exemplares; "Quase como se fossem sagrados" As 10 melhores músicas da fase progressiva do Genesis segundo leitores da revista Prog
As 10 melhores músicas da fase progressiva do Genesis segundo leitores da revista Prog System of a Down está no melhor momento da carreira, diz Serj Tankian
System of a Down está no melhor momento da carreira, diz Serj Tankian O primeiro álbum do Pink Floyd que David Gilmour chamou de "obra-prima"
O primeiro álbum do Pink Floyd que David Gilmour chamou de "obra-prima" Produtor brasileiro que vive nos EUA critica novo tributo a Andre Matos
Produtor brasileiro que vive nos EUA critica novo tributo a Andre Matos Como "Welcome To The Jungle", do Guns N' Roses, soaria se gravada pelo Sepultura?
Como "Welcome To The Jungle", do Guns N' Roses, soaria se gravada pelo Sepultura? O artista que Roger Waters diz ter mudado o rock, mas alguns torcem o nariz
O artista que Roger Waters diz ter mudado o rock, mas alguns torcem o nariz






 A canção do Queen que Brian May achou que era piada até ouvir "estou falando sério"
A canção do Queen que Brian May achou que era piada até ouvir "estou falando sério" O disco do Queen que Régis Tadeu considera constrangedor - mesmo tendo um hit atemporal
O disco do Queen que Régis Tadeu considera constrangedor - mesmo tendo um hit atemporal O clássico do Queen que Elton John achou título péssimo: "Vocês vão lançar isso?"
O clássico do Queen que Elton John achou título péssimo: "Vocês vão lançar isso?" A clássica canção do Queen que Elton John detestou e achou o título "absolutamente ridículo"
A clássica canção do Queen que Elton John detestou e achou o título "absolutamente ridículo" 3 bandas clássicas que felizmente mudaram de nome antes de fazer sucesso
3 bandas clássicas que felizmente mudaram de nome antes de fazer sucesso Pattie Boyd: o infernal triângulo com George Harrison e Eric Clapton
Pattie Boyd: o infernal triângulo com George Harrison e Eric Clapton Black Sabbath: os vocalistas misteriosos da banda
Black Sabbath: os vocalistas misteriosos da banda



)