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Jimi Hendrix: a resenha contida no encarte deste álbum.

Por Brunelson T.
Postado em 22 de agosto de 2016

No ano de 2010 foi lançado um novo álbum póstumo de JIMI HENDRIX, "Valleys of Neptune", e no encarte do livrinho que acompanha este disco consta uma resenha escrita pelo produtor musical, John McDermott. Assim como o fiel engenheiro de som de Jimi, Eddie Kramer, John também participava dos processos de produção das gravações enquanto Jimi ainda era vivo.

Sem muito rodeio, a resenha por si só desmistifica a história por trás de cada música presente aqui neste álbum (e sim, algumas são inéditas canções e versões), além de fazer cair por terra alguns álbuns póstumos "não oficiais" que foram lançados somente com o intuito de faturar um valor em cima - com produções precárias, gravações toscas e até complementos musicais de canções inacabadas feitas por músicos que Jimi nunca havia tocado junto, muito menos em tê-los conhecido...

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Então, segue a resenha traduzida na íntegra logo abaixo:

"Eu tinha planos que eram inacreditáveis, mas em seguida, querendo ser um guitarrista, as coisas pareciam inacreditáveis de uma só vez". Jimi Hendrix

O álbum póstumo de JIMI HENDRIX, "Valleys of Neptune" (2010), ilustra a extraordinária evolução criativa de Jimi durante o ano de 1969 (que foi o ano mais tumultuado da sua vida e da sua célebre carreira). Este disco - que nos apresenta 12 músicas e versões nunca antes lançadas - inclui também as últimas gravações originais de estúdio feitas por JIMI HENDRIX, mostrando como a banda se esforçou para criar uma sequência digna para o seu 3º álbum de estúdio, "Electric Ladyland" (1968), bem como os primeiros esforços de Jimi em traçar um novo rumo para a sua banda com o seu baterista membro original, Mitch Mitchell, e com o seu novo baixista, Billy Cox.

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11 das 12 músicas deste álbum foram gravadas em meio ao arrebol do disco "Electric Ladyland" - o alastrado álbum duplo no estilo best-seller cujas extensas sessões de gravação (foram documentadas 1.968 mil tomadas) fez com que um dos seus empresários/produtor, Chas Chandler, abandonasse este projeto e irremediavelmente alterasse a relação entre Jimi e o seu baixista membro original da banda, Noel Redding. Destemido, Jimi pressionou para frente à gravação deste álbum, seguro no seu duplo papel como artista e agora, produtor. O álbum "Electric Ladyland" mesmo assim foi um sucesso comercial e de crítica validando como sempre a visão criativa de Jimi. "Cada nota tocada naquele disco significa alguma coisa", ressaltou Jimi em uma entrevista realizada logo após o seu lançamento.

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Em Janeiro/1969, a turnê europeia que estava promovendo o seu 3º álbum expôs ainda mais a desarmonia crescente que estava sendo criada dentro da banda - especialmente entre Jimi e Noel Redding - cuja relação havia se deteriorada ainda mais nos meses seguintes. Jimi retornou a Londres em Fevereiro/1969 e as sessões com a sua banda foram agendadas no Olympic Studio - uma instalação independente onde Jimi havia gravado a maior parte dos seus 03 anteriores álbuns de estúdio.

"Valleys of Neptune" inclui 03 músicas da banda que foram gravadas em 16 de Fevereiro/1969 no Olympic Studio. São elas: "Lover Man", "Sunshine of Your Love" e "Crying Blue Rain". Nesta noite, Jimi convidou o percussionista Rocki Dzidzornu (talvez, melhor conhecido pelas suas contribuições para a canção do ROLLING STONES, "Sympathy for The Devil") para também participar na temperamental música "Crying Blue Rain".

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A canção "Lover Man" tinha raízes ainda mais profundas. Jimi havia modelado a sua composição tendo como base a clássica música de BB KING, "Rock Me Baby". Uma versão mais acelerada da canção "Rock Me Baby" era uma das favoritas e fazia parte do repertório na fase inicial de Jimi, mas em 1968 a música começou a evoluir para a própria versão de JIMI HENDRIX como "Lover Man" – agora, tocada de uma forma completa com novas e originais letras. Jimi tinha Mitch Mitchell - e Noel Redding ainda estava na banda -, sendo que eles adotaram um andamento mais lento nesta gravação comparada com a versão que eles tocavam no início de carreira ou em versões já gravadas. O grupo juntou-se mais uma vez com o percussionista Rocki Dzidzornu - que tocou o instrumento chamado conga nesta gravação. A banda gravou 03 sessões incompletas desta canção, o que levou ao 4º e último esforço e que rendeu a gravação máster que está caracterizada aqui neste álbum.

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Aproveitando o impulso da sua banda, Jimi havia decidido que o próximo single a ser lançado seria a música "Sunshine of Your Love" (cover da banda CREAM). Cada membro do seu grupo admirava e todos tinham amizade com os membros do CREAM, sendo que a canção "Sunshine of Your Love" era uma das músicas favoritas de todos também. Para esta gravação, o grupo utilizou um arranjo instrumental único que Jimi havia inventado para as suas performances ao vivo. Sua inicial tentativa de grava-la quase se desfez rapidamente, mas uma 2ª inspirada tentativa garantiu a sua versão máster.

Na noite seguinte, Jimi mudou de marcha completamente e dirigiu a sua banda através de uma sessão exclusiva no mesmo Olympic Studio. O grupo foi programado para executar o 1º de 02 concertos na famosa casa de shows da cidade de Londres, Royal Albert Hall, em 18 de Fevereiro/1969 (que seria no dia seguinte). Este show era para ser filmado para um proposto filme teatral. Em preparação, Jimi liderou a sua banda através de novas gravações de algumas músicas já conhecidas para as quais ele havia feito novos e elaborados arranjos, a fim de leva-las a um estágio, agora, de "recém-estendidas". 06 músicas foram tocadas e gravadas nesse estúdio de forma ao vivo, sem nenhuma gravação adicional ou inclusão de overdubs. 02 dessas gravações, que foram as músicas "Spanish Castle Magic" e "Hear My Train a Comin'", haviam sido lançadas pela 1ª vez como parte do box set "Jimi Hendrix Experience" em 2000. Uma sessão enérgica da música "Fire" e um remake soberbo para a canção "Red House", fizeram as suas estreias muito bem recebidas aqui no álbum "Valleys of Neptune" como parte desta coleção.

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Em Abril/1969, a banda se reuniu em New York antes de iniciar uma grande escala por todo o EUA - que ainda seria a etapa da turnê americana do seu 3º álbum de estúdio. Essa turnê iria começar no Estado de North Carolina em 11 de Abril/1969, enquanto que Jimi era firme em seus esforços para continuar gravando músicas em estúdios e para desenvolver os seus novos materiais. Para tentar melhorar a atmosfera criativa, as sessões foram agendadas no Olmstead Studio - uma instalação nova para a banda e localizado no topo de um edifício no centro de Manhattan. Apesar do seu novo ambiente, os velhos problemas entre Jimi e do seu baixista, Noel Redding, imediatamente subiram à superfície.

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Para Jimi, estúdios de gravação haviam assumido o papel principal para o seu desenvolvimento em um novo material. Dentro deste ambiente criativo (escondido bem longe das exigências aparentemente incessantes para que ele fizesse mais aparições públicas), Jimi também iria refinar os seus padrões férteis de ritmo em algumas de suas canções já conhecidas. Ele não tinha mais tempo/oportunidade para se sentar de frente com o seu antigo empresário/produtor, Chas Chandler, da mesma forma que eles compartilhavam quando Jimi ainda morava no seu apartamento em Londres - uma vez que eles trabalhavam juntos em novas músicas antes das sessões de gravação em estúdios, ou até mesmo no início de sua carreira, antes ainda de Chad ter apresentado Jimi para Mitch Mitchell e Noel Redding. Esta mudança fundamental na estratégia de trabalhar em novos materiais em estúdios confundiu a cabeça de Noel. O baixista não compartilhava da mesma filosofia de Jimi reclamando muito sobre as excessivas e demoradas sessões de gravação que eram tomadas. Além disso, ainda era de conhecimento privado que, se Noel não produzisse as partes de baixo desejadas por Jimi, o guitarrista iria simplesmente substituí-lo.

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Depois de 04 dias difíceis, o experimento no Olmstead Studio foi abandonado e a banda mudou-se para o Record Plant Studio. Em 07 de Abril/1969, a banda se reagrupou saindo do seu marasmo criativo para realizar 03 novas gravações - que foram as músicas "Hear My Train a Comin’", "Lullaby for The Summer" e um remake da canção "Stone Free", todas também presentes aqui neste álbum.

A formação de bolhas da canção "Hear My Train a Comin'" foi uma conquista significativa, sendo uma composição original de blues equivalente à música "Red House" e sendo também uma das canções mais cativantes que Jimi criou em todo o saldo de sua carreira. As raízes desta música estão fincadas no passado da história musical americana, sendo que em 1967, Jimi já havia executado esta canção através de uma bela rendição formal - se apresentando no programa da rádio inglesa BBC. Uma versão mais célebre surgiu depois da morte de Jimi, quando as filmagens do seu improviso capturou uma performance acústica em um violão de 12 cordas, durante uma sessão de fotos em Dezembro/1967 na cidade de Londres. Esta ocasião foi memoravelmente apresentada como parte do filme/documentário oficial sobre JIMI HENDRIX, de 1973.

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Esta gravação no dia 07 de Abril/1969 também foi gravada no estúdio em forma ao vivo e foi capturada em uma única tomada. Emoldurada pela liderança evocativa devido ao trabalho da sua ardente guitarra e pelo vocal de Jimi, a produção da música "Hear My Train a Comin’", efetivamente, faz cópia fiel à versão enérgica e queimante que a sua banda apresentava nos shows.

Apesar da sua óbvia promessa, "Hear My Train a Comin '" estava entre as dezenas de gravações inéditas de estúdio no momento da sua morte naquele mês de Setembro/1970. Lamentavelmente, mais tarde no ano de 1975, essa gravação foi editada e regravada com overdubs por músicos que Jimi nunca havia conhecido e foi incluída no controverso álbum póstumo, "Midnight Lightning". Esse álbum, assim como o outro homólogo disco lançado em 1974, "Crash Landing", há muito tempo que foram excluídos do catálogo oficial de JIMI HENDRIX. A gravação original pela banda foi restaurada e faz a sua estreia inédita aqui, como parte deste álbum.

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A falta da recuperação e restauração das fitas master de Jimi tem sido uma busca constante para nós. Uma de suas descobertas mais recentes inclui esta versão de "Lullaby for The Summer". Esta promissora versão original havia sido cortada da sua fita original máster, sendo que no ano de 1974 ela havia sido compilada por um produtor musical ganancioso que montou este projeto fadado à doença, "Crash Landing". Foi só recentemente que esta gravação original havia sido encontrada em um carretel de trabalhos originais de Jimi...

Jimi havia criado a canção "Lullaby for The Summer" sob um padrão de ritmo/condução que acabaria por evoluir em outra música, "Ezy Ryder". Jimi havia trabalhado no distinto riff desta canção por mais de 02 anos, convencido das suas brilhantes perspectivas como quadro para uma nova canção. Jimi habilmente integrou o som de 02 guitarras para esta gravação, protegendo a parte "distorcida" deste som por meio de um pedal para guitarra chamado Octavia (este pedal havia sido criado por um amigo de Jimi que era também um engenheiro elétrico, Roger Mayer. Na época, ele foi criado especificamente e somente para Jimi, criando uma sonoridade e tons únicos). Jimi iria usar este pedal de distorção em numerosas gravações ao longo de sua carreira, talvez mais notavelmente conhecidas nas músicas "Purple Haze" e "Machine Gun".

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01 semana depois, a banda voltou para o Record Plant Studio durante um curto hiato entre as datas dos shows, para que Jimi revisitasse as gravações da música "Stone Free" que o seu grupo havia feito no dia 07 de Abril/1969 - neste mesmo estúdio também. A banda concluiu com êxito a inclusão de novas camadas sonoras para a guitarra e para os vocais de Jimi, e que teve ainda a inclusão dos backing vocals de Roger Chapman (vocalista da banda FAMILY) e de Andy Fairweather (vocalista da banda AMEN CORNER) para esta gravação máster de "Stone Free".

Depois do seu trabalho em "Stone Free", Jimi gravou uma série de tomadas para a canção "Ships Passing Through The Night". Assim como havia sido com a música "Lullaby for The Summer", esta gravação original de "Ships Passing Through The Night" havia sido inexplicavelmente excluída para a elaboração daquele disco "não oficial" caça-níqueis - lançado postumamente em 1974 - sendo deixada de lado do carretel de trabalhos originais de JIMI HENDRIX até recentemente. Esquecida por mais de 04 décadas, nós recuperamos esta joia perdida e agora ela faz a sua estreia inédita no álbum "Valleys of Neptune".

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A canção "Ships Passing Through The Night" prenunciava o desenvolvimento embrionário da música "Night Bird Flying", que seria um dos exemplos mais brilhantes referente a nova direção musical que Jimi estava adotando para a sua banda. Para esta gravação, Jimi alimentou uma de suas partes primárias da guitarra através de um alto-falante da marca Leslie, que é um amplificador usado para órgãos e que criou um efeito de "roda" em cima do pano de fundo construído por Mitch Mitchell e Noel Redding.

Apesar de não ser de conhecimento das pessoas até aquele momento, esta seria a última sessão de gravação de músicas originais pela antiga banda de JIMI HENDRIX. Apesar de Noel Redding ter continuado a fazer aparições em shows como membro do grupo até o mês de Junho/1969, Jimi já havia decidido (privadamente) um novo plano em andamento para a sua banda.

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Frustrado, o guitarrista então estendeu a sua mão para Billy Cox, esperando que o seu velho companheiro compatriota do exército e remanescente integrante de bandas de apoio, pudesse ajuda-lo nesse momento difícil na sua vida e carreira.

Por incrível que pareça, Billy Cox ainda não tinha ouvido falar na fama que JIMI HENDRIX havia construído - desde que Jimi havia ido embora da cidade de Nashville (onde tocavam juntos em bandas de apoio) em direção a New York - o que já fazia 04 anos a partir deste acontecimento. Não sendo possível localizar o seu amigo diretamente, Jimi telefonou para o programa de TV da cidade de Nashville chamado Wright’s TV Shop - porque a sua sede ficava perto do antigo lugar onde Billy e Jimi costumavam tocar com a sua banda de apoio - pedindo para que o Sr. Wright tentasse encontrar Billy para que fosse o seu novo baixista.

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Na ausência de Jimi, Billy tinha sido ativo em Nashville como baixista de sessões de gravação e como integrante de bandas de apoio. Completamente inconsciente do sucesso internacional de Jimi como um artista de rock, uma velha amiga em comum convidou Billy para se encontrar com Jimi nos bastidores pós-show que Jimi havia realizado no Auditório Ellis, em Memphis, no dia 18 de Abril/1969 - sendo que Jimi havia perguntado a Billy (de forma privada ainda) se ele queria ir para New York para ajudar a desenvolver um novo material do guitarrista..., o seu velho amigo concordou.

Billy Cox chegou em New York no dia 21 de Abril/1969 e depois de uma curta "jam session" no Record Plant Studio, ele foi escoltado por Jimi até o bar Scene Club - que era uma casa noturna subterrânea, mais parecendo uma entrada de um porão..., mas que era um local muito apreciado por Jimi.

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Por acaso, nesta mesma noite, Jimi havia sido apresentado aos membros da banda CHERRY PEOPLE e que também estavam no Scene Club. Jimi havia convidado os seus novos amigos para que todos voltassem ao Record Plant Studio ainda naquela mesma noite, sendo que alguns integrantes do CHERRY PEOPLE fizeram participações especiais, como: Rocky Isaac (tocou bateria), Chris Grimes (manipulou o pandeiro) e Al Marks (se atribuiu das maracas). Esse conjunto totalmente improvisado gerou várias tomadas de gravação da música de Jimi, "Room Full of Mirrors", sendo que o seu progresso foi de tal maneira gratificante que Jimi os convidou novamente para uma 2ª sessão, somente 03 dias depois.

No dia 24 de Abril/1969, Jimi voltou a sua atenção para a música "Bleeding Heart". Esta canção foi originalmente escrita e gravada por um dos artistas favoritos de Jimi - o lendário guitarrista de slide, ELMORE JAMES. A banda já havia realizado uma interpretação excepcional deste clássico blues em seu arranjo original de 12 compassos, naquele 2º show realizado em Londres no Royal Albert Hall em 24 de Fevereiro/1969. No entanto, quando havia iniciado aquelas sessões do grupo no Olmstead Studio no mês de Abril/1969, Jimi já tinha começado a mexer com a estrutura desta canção alterando o seu arranjo, acomodando estadias mais longas e proporcionando um ritmo mais rápido para ela ("para dar mais emoção", disse Jimi, em uma dessas sessões que foram gravadas no estúdio).

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Para esta sessão, o grupo realizou uma série de promissoras gravações em fita, incluindo a gravação máster de "Bleeding Heart" que pode ser ouvida aqui neste álbum, com a confiança cantada por Jimi e pontuada pelo seu inspirado trabalho na guitarra. "Vamos ouvir isso!" riu Jimi, após a sessão ter sido concluída.

Ao longo do mês de Maio/1969, Jimi continuava a perseguir uma série de intrigantes alianças criativas, experimentando sonoridades diferentes com megafones, cítara elétrica, teclados e percussões adicionais. As sessões iniciais de Jimi com Billy Cox e Mitch Mitchell foram harmoniosas e produtivas, uma transformação bem-vinda a tensão que estava ao redor da banda quando eles se reuniam para trabalhar em estúdio - apreensão esta, que vinha se alastrando desde a gravação do 3º álbum de estúdio.

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Com Billy Cox no reboque, Jimi tinha a intenção de fazer outra gravação adicional para a música "Stone Free". Esta canção havia sido a 1ª música original de Jimi que ele tinha apresentado a Chas Chandler - depois que o ex-baixista da banda THE ANIMALS o havia descoberto e tinha levado ele para Londres em Setembro/1966. Aclamada agora como uma das canções de assinatura, "Stone Free" havia sido realmente tratada como uma criança órfã durante a fase inicial de sua carreira. Lançada internacionalmente em Dezembro/1966 como lado-b do 1º single - que foi a canção "Hey Joe" - "Stone Free" nunca havia sido lançada antes nos EUA, já que a gravadora Reprise Records não tinha incluído ela no 1º álbum de estúdio - lançado em Agosto/1967, o incrível e supremo, "Are You Experienced?".

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Voltando ao mês de Abril/1969, a banda original de Jimi havia criado outra versão desta música ao longo de 03 sessões no Record Plant Studio. Esta versão, postumamente lançada em 2000 no box set "Jimi Hendrix Experience", apresentou um arranjo mais sofisticado do que a gravação original realizada em Novembro/1966. A gravação máster de 1966 havia sido editada apressadamente, sob a direção do produtor Chas Chandler.

As finanças de Chas eram tão precárias na fase inicial da banda, que ele foi obrigado a vender as suas próprias guitarras e baixos para financiar a carreira de Jimi. Como resultado, Jimi tinha sentido que muitas das suas primeiras gravações haviam sido realizadas "apressadamente" e não estavam plenamente realizadas. Por volta de 1969, Jimi havia restabelecido a canção "Stone Free" para o repertório dos shows, habilmente expandindo a sua disposição em abranger a habilidade da improvisação – e que foi de tirar o fôlego!

Apesar da evidente e considerável promessa para esta nova versão de "Stone Free", Jimi ainda não estava satisfeito com o resultado final. Foi aí que, juntamente com Billy Cox e Mitch Mitchell, Jimi havia elegido novamente esta canção para obter uma abordagem diferente para ela. No dia 17 de Maio/1969, depois de voltar de um show realizado no Civic Center, em Baltimore, Jimi agendou uma sessão logo na manhã seguinte no Record Plant Studio. Os esforços iniciais da banda soaram mais como um ensaio, com Jimi guiando Billy Cox por toda parte. Uma vez que o guitarrista tinha estabelecido à ranhura desejada, ele retirou-se da sala de estúdio e foi para a sala de controle, onde ele e o seu fiel engenheiro de som, Eddie Kramer, ofereciam frequentes instruções a Billy Cox e Mitch Mitchell através dos microfones de áudio. Billy e Mitch gravaram um número de tentativas consideráveis, antes de Jimi reconhecer que o exercício deles estava por completo.

Então, o trio focou em garantir uma linha nova de som, despojada e básica para "Stone Free". Jimi era exuberante e o seu ritmo fluido de tocar guitarra espelhou por todo o destaque nesta canção. Ele também teve o cuidado de criar o distinto e prolongado final da música, especificamente orientando Billy Cox e Mitch Mitchell através da sua visão criativa e musical. Estas novas "peças" foram sobrepostas à guitarra de Jimi, ao seu vocal e bem como aos backing vocals - todos daquela gravação máster realizada em 14 de Abril/1969. Esta mescla também faz o seu lançamento inédito aqui neste álbum.

A música que leva o mesmo nome do disco, "Valleys of Neptune", começou a tomar forma durante aquelas sessões em Fevereiro/1969, no Olympic Studio. Jimi já havia gravado demonstrações individuais separadas desta música no piano e na guitarra, e ele estava ansioso para desenvolver esta excepcional canção em seu pleno potencial.

Jimi continuou a refinar esta música durante todo o verão. Em Setembro/1969, sessões nos estúdios Hit Factory e no Record Plant começaram a desenvolver um processo mais sério sobre esta canção, mas nenhuma dessas tentativas haviam confirmado a visão musical que Jimi enxergava para ela. Mais tarde, naquele mesmo mês, uma sessão com apenas Mitch Mitchell e o percussionista Juma Sultan (o mesmo que se apresentou com Jimi no Woodstock Festival), produziram a versão mais promissora da música "Valleys of Neptune" até a data presente! Um rascunho desta gravação com demonstração prolongada já havia sido incluída em outro projeto "não oficial" de Jimi - o disco póstumo de vida curta lançado em 1990, "Lifelines".

O trabalho sobre a canção "Valleys of Neptune" recomeçou em 15 de Maio/1970, em uma sessão espirituosa no Record Plant Studio. Era evidente que o desenvolvimento final desta música havia acontecido entre o ínterim entre estas 02 gravações, com Jimi, Mitch e Billy assumindo o comando dos arranjos desde o início até o seu final - quando ela era "treinada" nos shows. Tome 05 tomadas desta sessão no Record Plant Studio, combinado com a percussão de Juma Sultan e com o vocal de Jimi daquela gravação realizada em Setembro/1969... O resultado deste trabalho também foi incluído aqui neste álbum.

Em Junho/1970 e ainda sobre a música "Valleys of Neptune", Jimi continuou explorando novos caminhos para o seu desenvolvimento no recém-inaugurado estúdio (de sua própria propriedade) chamado Electric Lady Studio, New York - mas uma gravação máster final não foi alcançada antes da sua prematura morte, que viria acontecer apenas 03 meses depois.

A canção "Mr. Bad Luck" é a mais antiga destas 12 gravações do álbum "Valleys of Neptune" anteriormente nunca lançadas. Ela foi uma das poucas composições originais que Jimi apresentava em suas performances nas pequenas casas noturnas em Greenwich Village, bairro de New York, quando ainda era um guitarrista pouco conhecido - liderando a sua banda chamada JIMMY JAMES & THE BLUE FLAMES em 1966.

Somente 01 ano mais tarde, em 05 de Maio/1967, que Jimi resolveu trazer a luz do dia esta música. A gravação máster foi feita durante as sessões de gravação para o que se tornaria o 2º álbum de estúdio de JIMI HENDRIX, "Axis: Bold as Love". Quando os trabalhos recomeçaram em Outubro/1967 para a finalização deste álbum, Jimi não havia retornado para esta música e, portanto, esta gravação havia sido deixada de lado. Agora, ela também faz a sua estreia inédita aqui no disco "Valleys of Neptune".

Em Outubro/1968, Jimi reviveu a canção "Mr. Bad Luck" nomeando-a agora como "Look Over Yonder". Uma inteiramente nova versão foi gravada no TTG Studio em 22 de Outubro/1968, Hollywood. Esse esforço resultou no lançamento - pela 1ª vez desta música - no filme caseiro de "alta velocidade" chamado "Rainbow Bridge", de 1971 (que consta com a participação alucinada de Jimi, assim como a apresentação editada de um show ao ar livre), e mais recentemente, esta mesma canção foi lançada também no álbum póstumo, "South Saturn Delta".

Assim como havia acontecido com a música "Valleys of Neptune", uma versão alternativa de "Mr. Bad Luck" já havia sido apresentada como parte de um programa de rádio e que mais tarde havia sido compilada para aquele falso álbum póstumo, "Lifelines", lançado em 1990... Eu já falei que esse disco foi retirado do mercado em 1992 e nunca mais foi relançado?

Sob a direção inicial do produtor Chas Chandler, para Mitch Mitchell e Noel Redding foi dada a oportunidade de atualizar as suas partes originais de bateria e baixo para a gravação máster de "Mr. Bad Luck" - que também está caracterizada aqui no álbum "Valleys of Neptune", em uma sessão no mês de Junho/1987 no Air Studio, Londres. Chas também deu a Mitch e a Noel, a oportunidade de adicionar e substituir as suas partes originais de bateria e baixo para as músicas "Crying Blue Rain" e "Lover Man".

É notável considerar que JIMI HENDRIX autorizou somente o lançamento de 04 álbuns (que seriam os seus 03 discos de estúdio, mais o seu 4º álbum de "estúdio" ao vivo, "Band of Gypsys") e um punhado de singles durante a sua vida. De onde, então, toda essa música vem? Elas foram desenhadas a partir da paixão de Jimi em criar e explorar novos caminhos musicais, sendo que nós somos afortunados porque ele preservou grande parte da sua obra para a posteridade. O seu amor por gravar canções aleatórias em estúdios criou uma profunda reserva de registros musicais, além de vários shows que promovem a apreciação e a compreensão do seu grande legado e que continua a inspirar pessoas em todo o mundo.

por: John McDermott

Track-list:

1- Stone Free
2- Valleys of Neptune
3- Bleeding Heart
4- Hear My Train a Comin’
5- Mr. Bad Luck
6- Sunshine of Your Love
7- Lover Man
8- Ships Passing Through The Night
9- Fire
10- Red House
11- Lullaby for The Summer
12- Crying Blue Rain

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