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Baroness: Discografia Comentada

Por Ricardo Seelig
Fonte: Collectors Room
Postado em 17 de fevereiro de 2016

Uma das grandes bandas surgidas no cenário metálico nos anos 2000, o Baroness produz uma música única e repleta de personalidade. Caminhando sobre a trilha do heavy metal na companhia de elementos do rock progressivo, alternativo, indie, sludge e psicodélicos, o grupo liderado pelo vocalista e guitarrista John Baizley anda a passos largos para se tornar uma das grandes referências nos próximos anos.

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Formado na cidade de Savannah, na Georgia, em 2003, o Baroness nasceu da banda punk Johnny Welfare and the Paychecks e contava em sua primeira encarnação com Baizley, Tim Loose (guitarra), Summer Welch (baixo) e Allen Blickle (bateria), line-up esse que sofreu alterações até se estabilizar por um longo período.

Porém, durante a turnê de seu terceiro disco, "Yellow & Green" (2012), o quarteto sofreu um sério acidente de ônibus no interior da Inglaterra no dia 15 de agosto de 2012. Havia dúvidas se a banda conseguiria seguir em frente devido à gravidade do ocorrido, e a resposta veio no primeiro semestre de 2013 com o anúncio de que o baixista Matt Maggioni e o baterista Allen Blickle haviam deixado o grupo devido ao acontecido. Para seus lugares a banda anunciou Nick Jost (baixo) e Sebastian Thomson (bateria).

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Além de músico, John Baizley desenvolve também um prolífico trabalho como ilustrador. Seu estilo característico, além de estampar as capas dos álbuns do Baroness, está em discos de bandas como Kvelertak, Black Tusk, Kylesa, Torche, Pig Destroyer, Skeletonwitch e Darkest Hour, e mostra que, além do talento como músico, Baizley também é um mestre nas artes.

Duas curiosidades antes de entrarmos na discografia da banda: todos os álbuns lançados pelo grupo até hoje foram batizados com títulos alusivos a cores: as primárias vermelho, azul e amarelo, e a secundária verde (no caso do duplo "Yellow & Green", além do roxo que faz alusão aos machucados sofridos pela banda no acidente sofrido pelo grupo em 2012 ("Purple", seu mais recente disco). E todos os discos foram lançados em CD e LP pela mesma gravadora, a Relapse, detentora do passe do quarteto.

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A estreia do Baroness foi lançada em 4 de setembro de 2007 e impressionou pela alta qualidade apresentada. Produzido por Phillip Cope (vocalista e guitarrista do Kylesa), "Red Album" traz onze faixas de um heavy metal que alterna momentos pesados com outros mais atmosféricos e progressivos, tudo isso embalado com doses maciças de melodia e pitadas de melancolia em arranjos muito bem construídos. Contando com John Baizley, Brian Blickle (guitarra), Summer Welch e Allen Blickle, a banda mostra-se inspirada em composições fortes e maduras onde o principal destaque são as faiscantes guitarras de Baizley e Brian, que trocam harmonias e notas com entusiasmo e criatividade. Destaque para "Rays of Pinion", "The Birthing", "Isak", "Wanderlust" e "O’Appalachia". O disco foi bem aceito pela crítica, com a Metal Hammer colocando "Red Album" como o quarto melhor álbum de 2007 em sua lista de final de ano. Ótima estreia.

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Lançado em 13 de outubro de 2009, "Blue Record" trouxe duas novidades: a troca de Brian Blickle por Peter Adams e a assinatura de John Congleton (Swans, Okkervil River, The Roots) na produção. O som está mais encorpado e pesado que na estreia, e também menos atmosférico. Há longos trechos instrumentais onde as guitarras se complementam em melodias gêmeas quase celestiais - aliás, uma das marcas registradas do Baroness. "Swollen and Halo", "Ogeechee Hymnal", "War, Wisdom and Rhyme", "The Gnashing" e a fenomenal "A Horse Called Golgotha" são destaques óbvios em um tracklist sólido como uma rocha vulcânica de milhões de anos. A aclamação da crítica foi intensa em relação a "Blue Record". O disco recebeu nota máxima da influente revista norte-americana Decibel, que o elegeu álbum do ano em 2009. A não menos importante Metal Hammer colocou Blue Record na décima posição em sua lista de final de ano, enquanto o LA Weekly cravou o trabalho na vigésima posição em sua lista com os maiores discos de metal já gravados. Comercialmente a recepção também foi ótima, e "Blue Record" alcançou a primeira posição no Heatseekers da Billboard, chart destinado a novos artistas. O álbum recebeu uma edição especial ainda em 2009, com um disco bônus trazendo a performance da banda no Roadburn Festival daquele ano. Se a estreia já havia sido ótima, "Blue Record" conseguiu ir além.

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O terceiro registro do Baroness é um álbum duplo e foi lançado em 17 de julho de 2012. O mais completo trabalho da banda, "Yellow & Green" é, fácil, um dos melhores discos de heavy metal gravados nos últimos dez ou vinte anos. Desenvolvendo ainda mais a sua sonoridade particular, a banda deu ao mundo 18 músicas que trazem um metal adornado por características stoner, prog e alternativas. Instrumentalmente brilhante e com um trabalho exemplar de composição, "Yellow & Green" explora as diferentes facetas que formam a personalidade do Baroness, indo de faixas pesadas e agressivas como "Take My Bones Away", passando por maravilhas progressivas como "Eula" e experimentações criativas como "Cocainium". Com a melodia marcando forte presença por todo o álbum, encontramos destaque em outras faixas como "March to the Sea", "Little Things", "Foolsong", "Collapse", "Back Where I Belong" e nas etéreas "Twinkler" e "Stretchmaker", esta última instrumental. "Yellow & Green" é um disco mais introspectivo que os dois primeiros, cuja audição possui o cada vez mais raro poder de transportar o ouvinte para outro lugar. Muito disso se dá através da estrutura das canções, a grande maioria com arranjos que vão se desenvolvendo em crescendos até chegarem aos seus clímax sonoros. Produzido novamente por John Congleton, o álbum foi gravado pelo trio John Baizley (que também assumiu o baixo), Peter Adams e Allen Blickle. A crítica recebeu o disco de braços abertos, com o trabalho recebendo uma nota 9 na Spin e no PopMatters e marcando presença em diversas listas de melhores do ano de 2012 - na da Metal Hammer, alcançou a 14ª posição. "Yellow & Green" é uma obra-prima, um disco incrível e que segue soando excelente a cada nova audição.

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O Baroness quase acabou em 2012. Durante a turnê de "Yellow & Green", o quarteto liderado pelo vocalista e guitarrista John Baizley sofreu um acidente de ônibus quase fatal no interior da Inglaterra, que colocou a carreira da banda em xeque e resultou na saída de dois integrantes. Três anos depois, "Purple" surge como um atestado de força, um documento de renascimento. Mais enxuto, mais conciso e mais pesado que "Yellow & Green", o disco mostra o Baroness reafirmando suas qualidades - como as melodias que parecem criadas por um artesão e a onipresente capacidade de emocionar a cada canção - enquanto resgate elementos que foram deixados um pouco de lado em "Yellow & Green", como os sempre criativos riffs. "Purple" é um álbum emocionante, tanto no sentido de comprovar a capacidade do Baroness em sobreviver a tudo que passou, quanto pela força, criatividade e feeling de suas faixas. Um disco formidável, mais uma vez!

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Além dos três discos de estúdio, o Baroness lançou quatro EPs: "First" (2004), "Second" (2005), "A Grey Sigh in a Flower Husk" (2007, split com o Unpersons) e o ao vivo "Live at Maida Vale" (2013). Os dois primeiros foram unidos em um só disco na reedição disponibilizada em 2008 e apropriadamente intitulada "First & Second" (2008). A discografia completa da banda tem ainda os singles "A Horse Called Golgotha" (2010) e "Take My Bones Away" (2012).

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Sobre Ricardo Seelig

Ricardo Seelig é editor da Collectors Room e colabora com o Whiplash.Net desde 2004.
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