Sisters Of Mercy
Tudo começou em 1980, num apartamento em cima de uma farmácia, na cidade universitária inglesa de Leeds. Andrew Eldrith (nascido Andrew Taylor – 15.05.1959 - vocais) era um estudante de Chinês e de Ciência Política quando encontrou no colega Gary Marx (guitarra) uma grande afinidade por The Fall e Stooges. Estava formado The Sisters of Mercy, nome retirado de uma música homônima do cantor e compositor, Leonard Cohen, de quem Andrew Eldritch é fã. O baterista? Doktor Avalanche, uma bateria eletrônica que estava estocada no porão da farmácia, e que era tocada por Eldritch. Obviamente, o modelo da bateria foi se sofisticando com o tempo, mas Doktor Avalanche sempre foi creditado como o "batera oficial".
Nesse mesmo ano, lançam o single de estréia, "The Damage Done", pelo selo Merciful Release. Ainda em 1980, recrutam Ben Gunn (guitarra) e Craig Adams (baixo), que também vivia em cima da farmácia, e trouxe a sonoridade pesada do baixo. Em 1982, lançam o EP Alice, sem sucesso. Um segundo EP, The Reptiel House, lidera a parada independente britânica em 1983. Gunn deixa a banda nesse mesmo ano, substituído por Wayne Hussey (guitarra). Lançam mais um EP, Body and Soul, antes de estrearem em LP com First And Last And Always. O disco chega ao 14º lugar na parada britânica em 1985. Disco imprescindível para a coleção dos amigos da tumba, com direito a uma música mezzo-inglesa, mezzo-germânica (com letra em alemão), Marian. Já é o som que faria a fama das Irmãs da Piedade entre os darks: baixo pronunciado, vocal à la David Bowie, aquela melancolia e deprê na medida para quem está a fim de uma fossa.
Depois da saída de Marx, nesse mesmo ano, os Sisters se separam. Wayne e Craig formam o Mission, e Eldrith, aguardando o resultado de disputa judicial sobre o nome Sisters Of Mercy, lança um disco com o Sisterhood, Gift, não alcançando sucesso comercial. Propositalmente, Eldritch chamou um vocalista com um timbre muito parecido com o seu para cantar no Sisterhood. O escolhido foi James Ray que à época cantava com o grupo James Ray And The Performance. Os discos do grupo eram lançados por ninguém menos que a Merciful Release.
Em 1987, já com direitos adquiridos sobre o nome, lança Floodland, acompanhado por Patricia Morrison no baixo. O disco alcança o nono lugar na Inglaterra, emplacando os hits "This Corrosion" e "Dominion". É um First and Last melhor acabado, com arranjos mais elaborados de teclados e guitarras, soando grandioso, mas bacana. A balada 1959 (ano de nascimento de Eldritch) foi feita por conta da sugestão de uma fã, que pedira uma música piano/voz. As músicas Colours e Torch, originalmente lançadas pelo Sisterhood, foram incorporadas à versão de CD de Floodland, com Eldritch no vocal.
Com uma nova formação - Tony James (ex-Sigue Sigue Sputinik, baixo), Tim Brucheno (ex-All About Eve, guitarra) e Andreas Bruhn (guitarra), os Sisters lançam Vision Thing (1990), 11º da parada britânica. O hit do álbum é "More". Essa formação, com três guitarras, veio se apresentar no Brasil, em 1991. O álbum não se parece muito com os dois primeiros, optando mais pela guitarra do que para o baixo e o teclado. Ficou mais acelerado e enérgico; mais heavy e menos gótico, mesmo porque, já estávamos na década de 90 e o gótico não passava de uma sombra de seu passado.
"Temple Of Love" é relançado em compacto em 1992, com a participação da cantora Ofra Haza (morta em 2000). Ainda nesse ano, sai em coletânea Some Girls Wander By Mistake. Essa coletânea compila todas as faixas dos primeiros EPs e compactos lançados pela banda antes de assinarem contrato com a WEA. Um ano depois sairia a coletânea de sucessos, Greatest Hits Vol. 1 A Slight Case Of Overbombing.
A banda tentaria uma reunião em 1998, mas não vingou. Por outro lado, Eldritch se recusou a lançar qualquer álbum enquanto sua pendência com a East West não fosse resolvida – o desentendimento de Eldritch com a gravadora foi parar na justiça, resolveu-se parcialmente em 1997, com final em 2001.
Por incrível que pareça – e para a frustração de muitos fãs brasileiros – o Sisters continua se apresentando periodicamente apenas na Europa, com a seguinte formação: Adam Pearson, Mike Varjak, e Chris Sheenan (todos na guitarra e backing). Confira o interessante site oficial do Sisters (www.thesistersofmercy.com), com uma biografia extensa e a ficha completa dos gostos e desgostos de cada integrante – em especial Eldritch.
A julgar pela sua produção pouco prolífica, o Sisters manteve-se mais ativo na lembrança de seus fãs do que na sua vida profissional de fato, assim como o Bauhaus. Graças à Internet, por sua vez, músicas novas do Sisters, lançadas durante essas turnês, permitem que os fãs retomem o contato com a nova produção da banda.
As razões para que o rock britânico dos anos 80 continue cativando tantas pessoas – inclusive uma pivetada que viveu sua adolescência nos anos 90, são uma incógnita e nem poderiam ser respondidas nessa biografia. Mesmo no Brasil, que recebeu o som dessas bandas mais como uma reverberação pálida do que ocorria lá fora (como sempre), é interessante ver como bandas que nem tiveram tanta expressão, como o Sisters Of Mercy, são adoradas até hoje. Seria uma forma de encontrar no passado aquilo que não se enxerga no futuro? Certamente, curtir o rock dos 80 não é pecado nem miopia, mas uma forma legítima de se identificar com um som que deixou herdeiros, mas que ao mesmo tempo não foi reproduzido nos anos 90.
Frases:
"Os outros integrantes do grupo tronaram-se pequenas crituras distorcidas com dentes pretos...decididos a fazer suas carreiras" (Eldritch, em 85).
"Gostaria que as pessoas prestassem um pouco de atençaõ nas minhas letras. Eu tenho algo a dizer" (Eldritch, em 90).
"Nunca fui gótico. Existem músicas do carpenters muito mais góticas do que qualquer coisa que já escrevi" (Eldritch, em 92).
Fonte:
Fichas do Rock BIZZ (novembro 1992, ano 08, nº 11, edição 88)
Site Oficial, http://www.thesistersofmercy.com
Vídeos:
The Wake – In concert at The Royal Abert Hall (86)
Sisters of Mercy (87)
Shot (88)
Indicação de sites nacionais sobre o Sisters:
The Black Horizon: http://www.theblackhorizon.hpg.ig.com.br
The Black Planet: http://www.gothic.art.br/theblackplanet
Colaborou: Cláudio Borges