Sisters Of Mercy
Postado em 06 de abril de 2006
Tudo começou em 1980, num apartamento em cima de uma farmácia, na cidade universitária inglesa de Leeds. Andrew Eldrith (nascido Andrew Taylor – 15.05.1959 - vocais) era um estudante de Chinês e de Ciência Política quando encontrou no colega Gary Marx (guitarra) uma grande afinidade por The Fall e Stooges. Estava formado The Sisters of Mercy, nome retirado de uma música homônima do cantor e compositor, Leonard Cohen, de quem Andrew Eldritch é fã. O baterista? Doktor Avalanche, uma bateria eletrônica que estava estocada no porão da farmácia, e que era tocada por Eldritch. Obviamente, o modelo da bateria foi se sofisticando com o tempo, mas Doktor Avalanche sempre foi creditado como o "batera oficial".
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Nesse mesmo ano, lançam o single de estréia, "The Damage Done", pelo selo Merciful Release. Ainda em 1980, recrutam Ben Gunn (guitarra) e Craig Adams (baixo), que também vivia em cima da farmácia, e trouxe a sonoridade pesada do baixo. Em 1982, lançam o EP Alice, sem sucesso. Um segundo EP, The Reptiel House, lidera a parada independente britânica em 1983. Gunn deixa a banda nesse mesmo ano, substituído por Wayne Hussey (guitarra). Lançam mais um EP, Body and Soul, antes de estrearem em LP com First And Last And Always. O disco chega ao 14º lugar na parada britânica em 1985. Disco imprescindível para a coleção dos amigos da tumba, com direito a uma música mezzo-inglesa, mezzo-germânica (com letra em alemão), Marian. Já é o som que faria a fama das Irmãs da Piedade entre os darks: baixo pronunciado, vocal à la David Bowie, aquela melancolia e deprê na medida para quem está a fim de uma fossa.
Depois da saída de Marx, nesse mesmo ano, os Sisters se separam. Wayne e Craig formam o Mission, e Eldrith, aguardando o resultado de disputa judicial sobre o nome Sisters Of Mercy, lança um disco com o Sisterhood, Gift, não alcançando sucesso comercial. Propositalmente, Eldritch chamou um vocalista com um timbre muito parecido com o seu para cantar no Sisterhood. O escolhido foi James Ray que à época cantava com o grupo James Ray And The Performance. Os discos do grupo eram lançados por ninguém menos que a Merciful Release.
Em 1987, já com direitos adquiridos sobre o nome, lança Floodland, acompanhado por Patricia Morrison no baixo. O disco alcança o nono lugar na Inglaterra, emplacando os hits "This Corrosion" e "Dominion". É um First and Last melhor acabado, com arranjos mais elaborados de teclados e guitarras, soando grandioso, mas bacana. A balada 1959 (ano de nascimento de Eldritch) foi feita por conta da sugestão de uma fã, que pedira uma música piano/voz. As músicas Colours e Torch, originalmente lançadas pelo Sisterhood, foram incorporadas à versão de CD de Floodland, com Eldritch no vocal.
Com uma nova formação - Tony James (ex-Sigue Sigue Sputinik, baixo), Tim Brucheno (ex-All About Eve, guitarra) e Andreas Bruhn (guitarra), os Sisters lançam Vision Thing (1990), 11º da parada britânica. O hit do álbum é "More". Essa formação, com três guitarras, veio se apresentar no Brasil, em 1991. O álbum não se parece muito com os dois primeiros, optando mais pela guitarra do que para o baixo e o teclado. Ficou mais acelerado e enérgico; mais heavy e menos gótico, mesmo porque, já estávamos na década de 90 e o gótico não passava de uma sombra de seu passado.
"Temple Of Love" é relançado em compacto em 1992, com a participação da cantora Ofra Haza (morta em 2000). Ainda nesse ano, sai em coletânea Some Girls Wander By Mistake. Essa coletânea compila todas as faixas dos primeiros EPs e compactos lançados pela banda antes de assinarem contrato com a WEA. Um ano depois sairia a coletânea de sucessos, Greatest Hits Vol. 1 A Slight Case Of Overbombing.
A banda tentaria uma reunião em 1998, mas não vingou. Por outro lado, Eldritch se recusou a lançar qualquer álbum enquanto sua pendência com a East West não fosse resolvida – o desentendimento de Eldritch com a gravadora foi parar na justiça, resolveu-se parcialmente em 1997, com final em 2001.
Por incrível que pareça – e para a frustração de muitos fãs brasileiros – o Sisters continua se apresentando periodicamente apenas na Europa, com a seguinte formação: Adam Pearson, Mike Varjak, e Chris Sheenan (todos na guitarra e backing). Confira o interessante site oficial do Sisters (www.thesistersofmercy.com), com uma biografia extensa e a ficha completa dos gostos e desgostos de cada integrante – em especial Eldritch.
A julgar pela sua produção pouco prolífica, o Sisters manteve-se mais ativo na lembrança de seus fãs do que na sua vida profissional de fato, assim como o Bauhaus. Graças à Internet, por sua vez, músicas novas do Sisters, lançadas durante essas turnês, permitem que os fãs retomem o contato com a nova produção da banda.
As razões para que o rock britânico dos anos 80 continue cativando tantas pessoas – inclusive uma pivetada que viveu sua adolescência nos anos 90, são uma incógnita e nem poderiam ser respondidas nessa biografia. Mesmo no Brasil, que recebeu o som dessas bandas mais como uma reverberação pálida do que ocorria lá fora (como sempre), é interessante ver como bandas que nem tiveram tanta expressão, como o Sisters Of Mercy, são adoradas até hoje. Seria uma forma de encontrar no passado aquilo que não se enxerga no futuro? Certamente, curtir o rock dos 80 não é pecado nem miopia, mas uma forma legítima de se identificar com um som que deixou herdeiros, mas que ao mesmo tempo não foi reproduzido nos anos 90.
Frases:
"Os outros integrantes do grupo tronaram-se pequenas crituras distorcidas com dentes pretos...decididos a fazer suas carreiras" (Eldritch, em 85).
"Gostaria que as pessoas prestassem um pouco de atençaõ nas minhas letras. Eu tenho algo a dizer" (Eldritch, em 90).
"Nunca fui gótico. Existem músicas do carpenters muito mais góticas do que qualquer coisa que já escrevi" (Eldritch, em 92).
Fonte:
Fichas do Rock BIZZ (novembro 1992, ano 08, nº 11, edição 88)
Site Oficial, http://www.thesistersofmercy.com
Vídeos:
The Wake – In concert at The Royal Abert Hall (86)
Sisters of Mercy (87)
Shot (88)
Indicação de sites nacionais sobre o Sisters:
The Black Horizon: http://www.theblackhorizon.hpg.ig.com.br
The Black Planet: http://www.gothic.art.br/theblackplanet
Colaborou: Cláudio Borges
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