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Música: qual o impacto da internet na qualidade?

Por Roque Zanol
Postado em 23 de dezembro de 2012

A maioria de nós não está preocupada com a crise no mercado fonográfico, mais precisamente no seguimento de mídias físicas, como o CD, apesar de quase todos já terem ciência dos problemas sofridos por essa decadente indústria. Não é necessário sequer apresentar gráficos para demonstrar o flagelo, basta lembrarmos quantos de nós ainda têm o hábito de adquirir os disquinhos e compararmos com dez ou quinze anos atrás. É certo que a pirataria já existia e nem todos compravam CDs, sempre houve outras formas de ouvir e adquirir músicas, porém existia mais uma pirataria de mídias físicas, copiar fitas cassete ou comprar CDs falsos, com gravação e encarte caseiros, o que de certa forma deveria ser uma competição mais leal com a indústria oficial, ao passo que hoje em dia, da mesma cadeira onde o leitor está lendo este texto, pode estar baixando ‘de graça’ um disco que ele nem sequer encontraria nas lojas de sua cidade.

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Suposições a parte, é de conhecimento comum que o quadro de baixas da indústria fonográfica é grave, os lucros caem constantemente, comércios de CDs e discos e selos menores fecham, mesmo as grandes gravadoras são afetadas e redes de lojas focam cada vez mais em outros seguimentos, como tecnologia ou instrumentos musicais. O que as empresas do ramo irão fazer efetivamente para resolver o problema é uma indefinição. Se por um lado controlar os downloads ilegais é quase impossível, por outro o discurso ‘é preciso se adaptar, vender shows e merchandising’ soa-me muito, e muito mesmo, otimista e infundado, será que uma banda nova, ou mesmo bandas mais antigas, mas que não fizeram muito sucesso comercial podem sobreviver assim? Imagine-se no lugar de quem vê que seu trabalho de décadas talvez não seja recompensado materialmente como deveria e é praticamente obrigado pelas circunstâncias a continuar na estrada sem parar, situação de muitos músicos.

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Mas o que me preocupa neste pequeno texto não são as finanças de músicos e empresas e sim outra coisa que não vem sendo questionada, não suficientemente pelo menos. Qual o impacto terá o novo panorama de consumo e distribuição de música na qualidade do que for produzido? Não vos apresento uma resposta, pois não tenho competência para tal, e de fato é uma questão complexa, também não esgotarei o assunto, visto sua abrangência. Apenas esboçarei algumas idéias. Muitos dizem que sem o controle incisivo das grandes companhias, os artistas teriam mais liberdade para criarem, supondo-se que consigam recursos para gravarem como independentes ou consigam fundos de lei de incentivo a cultura, essa idéia é perfeitamente lógica, sabe-se de casos em que bandas foram limitadas artisticamente por questões empresariais, como por exemplo, os geniais MUTANTES, em seu último disco da década de 70, um ao vivo, que era para ser duplo, mas foi lançado em formato simples, pois seria mais fácil vendê-lo assim, ou como JIMI HENDRIX, que teria gravado seus dois primeiros e brilhantes discos de uma forma diferente do que era sua vontade por pressão da gravadora. Para não falarmos de gigantes como QUEEN e IRON MAIDEN que passaram perrengues no início de suas carreiras e só depois de dar muita grana para seus empresários é que puderam negociar um contrato digno. Enfim conta-se de centenas de casos similares.

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Então, aparentemente um mundo sem as grandes corporações da música seria melhor, porém não é tão simples, é só verificarmos que a maioria dos grandes discos da história da música popular tem grandes gravadoras envolvidas. Certamente um disco como Sgt. Pepper’s dos BEATLES, não seria o que é, em termos de produção e influência, sem uma Parlophone/EMI e todo aparato envolvidos. O mais importante lembrar é que na época de seu lançamento Sgt. Peppers ou Darkside of the Moon do PINK FLOYD eram apostas altas, a despeito de sua qualidade, dificilmente um projeto independente poderia cobri-las. Estes trabalhos demandaram a mais avançada tecnologia disponível na época, além de centenas de horas de gravação em estúdios caros, músicos contratados de reconhecido gabarito, instrumentos exóticos, e tudo isso geraria um resultado incerto, claro, a qualidade dos álbuns, além de um forte esquema de divulgação e distribuição, foram os responsáveis por fazê-los se destacarem e venderem muito, porém nada poderia garantir o resultado. Penso que se os BEATLES garantiram milhares de discos vendidos à Parlophone com seus primeiros álbuns, bem comerciais, diga-se de passagem, eles foram recompensados depois com o investimento em um álbum ousado como Sgt. Pepper’s.

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Nesta época de ouro do rock, que compreende o final dos anos 60 e início dos 70, as bandas passaram a ter uma preocupação muito maior com a composição do que nos primórdios do rock, ás vezes chegando à obsessão (BRIAN WILSON que o diga), resultando em inúmeros clássicos de beleza impar, o que me intriga é, será que isso é possível hoje, com o panorama atual, onde já não se pode depender tanto das plataformas convencionais de produção e distribuição de músicas? Atualmente a tecnologia tornou possível fazer em casa o que antes só se fazia em estúdio, e a internet facilita uma enormidade a divulgação do trabalho de quem quiser, no entanto estes nossos tempos de urgência e incerteza parecem incompatíveis com o tempo de maturação que a arte requer.

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As grandes empresas do ramo não vão morrer, pois elas têm recursos para se adaptarem ao mercado, mas creio, e não devo estar muito equivocado, que elas ficarão cada vez mais conservadoras nos negócios, ou seja, investirão naquilo que for retorno financeiro mais certo, e aí tome celebridades POP descartáveis. Não quero dizer que não existam boas bandas por aí, algumas até sendo reconhecidas, só estou apresentando o que acredito ser uma tendência. Se por um lado a internet é democrática, pois é mais acessível do que os meios tradicionais, e oferece a possibilidade de divulgação de material livre de censura artístico-criativa por parte da indústria, por outro lado temo que ela possa se transformar em um campo de batalha por atenção, onde sem o ‘apadrinhamento’ das gravadoras tudo fique, independentemente de sua qualidade, tão visível quanto todo e o resto, e acabe na prática por ser sufocado em meio a milhares de janelas.

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