Fabio Lione's Dawn of Victory - uma apresentação magnífica em Porto Alegre
Resenha - Fabio Lione's Dawn of Victory e Dogma (Teatro da AMRIGS, Porto Alegre, 14/5/2025)
Por Guilherme Dias
Postado em 02 de junho de 2025
O cantor Fábio Lione desembarcou em Porto Alegre para apresentar músicas de seus tempos de Rhapsody, acompanhado por uma orquestra e um coral. O local da apresentação foi o Teatro da AMRIGS, situado na zona leste da cidade. A abertura ficou a cargo da banda Dogma.
A misteriosa Dogma iniciou sua apresentação às 19 horas. A banda surgiu para o mundo em 2022, com o lançamento de singles, e, em 2024, iniciou suas turnês por diversos países. Mantendo sua identidade em sigilo, sabe-se apenas que o quinteto feminino utiliza pseudônimos para suas integrantes: Lilith nos vocais, Lamia e Rusalka nas guitarras, Nixe no baixo e Abrahel na bateria. Vestidas como freiras sombrias e sensuais, com os rostos pintados em corpse paint, elas apresentaram canções do seu disco autointitulado "Dogma", lançado em 2023.


A primeira música do set foi "Forbidden Zone", seguida por "My First Peak" e "Made Her Mine". Após o single "Carnal Liberation", foi apresentado um cover de "Like a Prayer", de Madonna, momento em que muitos da plateia cantaram junto. Em "Pleasure From Pain", Nixe desceu do palco e tocou boa parte da canção bem próxima ao público, que estava sentado em suas cadeiras no teatro. A música mais conhecida do grupo — o primeiro single "Father I Have Sinned" e "The Dark Messiah" — encerraram a apresentação.


Com uma sonoridade melódica voltada ao hard rock e ao power metal, o grupo apresentou uma atuação extremamente teatral e performática. Sem sorrisos, apenas olhares sombrios direcionados aos espectadores, demonstrando bastante entrega e técnica de alto nível. Nessa turnê, a banda passou por diversos países na América Latina e por várias cidades do Brasil, incluindo uma participação no primeiro dia do festival Bangers Open Air.


Às 20 horas e 20 minutos, foi a vez de Fabio Lione comandar o palco com seu projeto intitulado "Dawn of Victory". Acompanhado pelos músicos Thiago Maranduba e Vitor Lopes (guitarras), Fernando Poi (baixo), Flavio Sallin (teclados) e Adaílton Domingues (bateria), o álbum "Symphony of Enchanted Lands" (do Rhapsody, lançado em 1998) foi apresentado na íntegra. Os primeiros acordes e vozes foram executados pela orquestra e coral de Eliseu Barros Art & Music, posicionados nas laterais do palco, para a introdução "Epicus Furor", que antecedeu o hino "Emerald Sword", já capaz de emocionar fãs de power metal e do clássico grupo italiano.


Fabio estava claramente contente e logo conversou com a plateia, falando em português com seu charmoso sotaque italiano: "Tudo bem? Vocês já sabem que vamos tocar o CD do "Symphony" na íntegra. Alguém aqui da frente (do palco) sabe o nome da próxima música?" Nesse momento, alguém do fundo do teatro respondeu "Wisdom of the Kings", mas Lione o interrompeu: "Eu perguntei aqui na frente, não aí atrás", provocando risadas por todo o teatro. Lione continuou: "Não fiquem tímidos", fazendo um gesto para que a plateia se levantasse das cadeiras, pois todos estavam sentados. Após a execução da canção, ele deu sinal para que o público se sentasse novamente, como um maestro.


Em "Eternal Glory", o italiano pediu a participação dos fãs no coro final e agradeceu a todos batendo palmas. "A próxima música foi inspirada em um filme do diretor italiano Dario Argento e na banda Goblin" (provavelmente se referindo a "Suspiria", de 1977, uma das obras mais conhecidas do diretor), explicou Lione, pedindo que todos se levantassem novamente para ouvir "Beyond the Gates of Infinity". Após essa faixa, ele disse: "Muito obrigado, podem sentar novamente" — e, após todos obedecerem, brincou: "Parece que sou importante aqui", arrancando risos da plateia.


Para "Wings of Destiny", o cantor pediu que todos cantassem com ele pelo menos o refrão, e foi atendido com sucesso. O coral acendeu as lanternas de celulares, um gesto que foi repetido pela plateia, enchendo o teatro de luzes. "Agora o CD começa a ter músicas mais longas, complexas e variáveis", disse Lione, referindo-se à parte final do álbum, iniciada por "The Dark Tower of Abyss", que contou com um solo de keytar realizado por Flavio Sallin.


Ao anunciar "Riding the Winds of Eternity", Lione fez uma homenagem ao ator e músico Christopher Lee, que deixou um legado grandioso no cinema e teve sua primeira participação no Rhapsody como narrador no disco "Symphony of Enchanted Lands II – The Dark Secret". "Muito obrigado, Porto Alegre! Acho que o álbum acabou ou está faltando alguma faixa? Está faltando a faixa-título, que dura apenas 14 minutos. Vamos cantar juntos?" comentou o cantor sobre o encerramento do disco.


Ao encerrar a primeira parte do show, Lione permaneceu bastante comunicativo: "A maioria de vocês são metaleiros, mas podem cantar uma música pop para mim?" Sem esperar resposta, ele mesmo cantou um trecho de "Feel", de Robbie Williams, fazendo um dueto improvisado com a plateia. Em seguida, enalteceu os presentes: "Ontem fizemos um show muito bom, mas aqui em Porto Alegre é sempre incrível." Depois, anunciou: "Vamos para a próxima, do disco ‘Power of the Dragonflame’", e foram apresentadas as faixas de introdução "In Tenebris" e "Knightrider of Doom".


Lione também anunciou "Land of Immortals" (do álbum "Legendary Tales" de 1997), que foi a primeira música que gravou com o Rhapsody. Ele contou sobre a dificuldade de sair da Itália para gravar em um estúdio na Alemanha naquela época. Um dos grandes momentos da apresentação foi a execução de "The Wizard’s Last Rhymes", composição de Luca Turilli, cujo refrão é baseado na "Sinfonia do Novo Mundo" de Antonín Dvořák. O destaque total ficou para a orquestra, muito elogiada por Lione, que pediu palmas de todos. "Eu não falei para baterem palmas para a banda? Pois todos tocaram bem até agora. A próxima música é rápida, tem 214 BPM. Depois dela, posso elogiar a banda ou não", brincou Lione mais uma vez. Após apresentarem a veloz e técnica "Rain of a Thousand Flames", ele comentou: "Agora sim posso dizer que vocês são demais! Até então, estávamos tocando músicas de power metal entre 160 BPM e 190 BPM, mas 214 BPM é demais. Vocês estão de parabéns!" E rasgou elogios aos músicos que o acompanhavam.


"Agora eu preciso de vocês: a primeira música do Rhapsody em italiano, do disco ‘Power of the Dragonflame’.", disse Lione, que seguiu: "Se eu aprendi um pouco de português, vocês conseguem me acompanhar em ‘Lamento Eroico’?" Nesse momento, comentou sobre a dificuldade de entender o próprio idioma na Itália, já que cada região possui um dialeto diferente — incluindo locais que ele já visitou e onde não entendia nenhuma palavra das outras pessoas. Lione anunciou a música seguinte como sendo a última, mas acrescentou que, se todos cantassem com o coração, eles tocariam mais algumas. Em seguida, apresentou "Holy Thunderforce", que afirmou ser sua segunda música favorita do Rhapsody. Em um momento inusitado, Lione chamou um casal que estava na primeira fila — Fabiano e Juliana — e pediu que eles anunciassem "We Are the Champions", do Queen, após um beijo.

O final foi brilhante com a clássica "Dawn of Victory", quando toda a plateia ficou de pé e cantou alto. Foi uma apresentação magnífica, marcada por muita técnica e pelo repertório vocal de Fabio Lione, sua presença de palco e a precisão de todos os músicos, além de um trabalho de orquestração impecável. Lione foi extremamente carismático, contou diversas histórias de sua carreira, cantou no meio da plateia e anunciou que voltará em julho com o Angra, antes do hiato da banda.








Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps