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Knotfest - segundo dia teve Bad Omens como destaque e melhora da estrutura

Resenha - Knotfest (Allianz Parque, São Paulo, 20/10/2024)

Por Diego Camara
Postado em 23 de outubro de 2024

Felizmente, o segundo dia do festival conseguiu melhorar bastante a estrutura deficitária que ocorreu no sábado. Com bem menos chuva, o público também conseguiu curtir muito mais os espetáculos que ocorreram. No geral, porém, o domingo pareceu bem mais vazio do que o sábado, e muitos dos problemas existentes na primeira data permaneceram vivos para aterrorizar os fãs do Slipknot. Confira abaixo os principais detalhes do show, desta vez sem fotos já que a equipe internacional fez o favor de não nos credenciar – como diversos outros veículos de comunicação.

O puxadinho

A qualidade dos shows no puxadinho melhorou bastante no segundo dia. No geral, houve bem menos erros e falhas e uma qualidade de som bastante superior ao primeiro dia. De qualquer forma o som do palco acabou sofrendo em termos de volume mais uma vez, e as pessoas distantes não conseguiam ouvir tão bem as apresentações do palco improvisado.

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Desta vez, o palco recebeu uma apresentação internacional. O SEVEN HOURS AFTER VIOLET, banda do baixista Shado, do System of a Down, ocupou o palco para trazer um pouco deste novo projeto musical. A qualidade do som, no geral, foi mediana, mas a banda não parece ter muito a oferecer além do próprio saudosismo do integrante principal: não há nada que seja de grande destaque no artista, e ele não pareceu encantar grande parte do público. O melhor momento do show foi a subida no palco do baterista John Dolmayan e a música "Prison Song", em um cover que faz a gente entender o motivo de Serj Tankian ser insubstituível.

O EGO KILL TALENT ocupou o palco secundário com uma apresentação bastante sólida, que fez lembrar o show que também fizeram no mesmo estádio para abrir o show do Evacescence no ano passado. A banda é puxada pelos vocais firmes e potentes de hard rock da vocalista Emmily Barreto, que mais uma vez cantou muito e foi o coração da apresentação da banda. O som do palco, no geral, não foi ruim, mas poderia ser bem melhor se houvesse uma boa equalização entre os instrumentos.
A banda que fechou os shows no palco pobre foi o Black Pantera, artista nacional que não precisa de apresentações. É um artista pronto, completo e com um thrash metal potente que se encaixa em qualquer show onde música boa esteja sendo tocada. A apresentação deles – impressionante! – teve luz, e não foi prejudicada pelo palco. É um artista magnífico, que se propõe a tocar metal sem perder sua essência e, especialmente, em ser um farol para as minorias. O público curtiu demais a apresentação, com direito a roda só de mulheres em "Sem anistia".

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BABYMETAL

Quem olha para este line-up, confuso, pode achar estranha a salada de sons que foi a apresentação de domingo. Tantas bandas diferentes acabou, inclusive, por assustar muito o público no segundo dia, tanto que o anel superior do estádio foi esgotado e todo o público transferido para as cadeiras inferiores. O Babymetal subiu ao palco às 16h para um show impressionante, dinâmico e cheio de vontade.

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O som é cheio de distorção e muito forte nas guitarras e bateria – a banda de apoio, quando é convocada ao espetáculo – é realmente impressionante. O show é cheio de playbacks e repetições, e as batidas de eletrônica transformam a música em um estilo realmente pegajoso. Uma grande parte do público ficou encantada e cantou demais junto com a banda em músicas como "PA PA YA!!" e "BxMxC".

O Babymetal pode, mesmo, não ser o estilo de muita gente. Não é fácil gostar de uma artista tão excêntrico. Mas ninguém pode dizer que o trabalho produzido pelos japoneses é ruim: muito pelo contrário, atinge os fãs em cheio nessa fusão da cultura oriental com o heavy metal. A música "Gimme Chocolate!!" é provavelmente um dos sons mais pegajosos que você ouvirá na sua vida e ela vai ficar grudada por meses na sua mente. Uma apresentação realmente muito boa, apesar do som no geral estar um pouco baixo.

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TILL LINDEMANN

Quem acusa o Babymetal de ter um som artificial ficaria, porém, impressionado em como o vocalista do Rammstein toca um enlatado pobre que não atinge seus objetivos. O playback corre solto com uma banda que mais finge tocar do que realmente produz música. Tudo o que é do Rammstein está ali, inclusive: as letras provocativas, o som firme com uso extremo de elementos eletrônicos, uma bateria pesadíssima. Mas não é o Rammstein, não chega nem sequer perto, uma cópia pobre que só empolga realmente os fãs da banda que estão vendo o que dá pra ver, já que a banda não está tocando e ainda ficará algum tempo sem tocar.

E pra piorar, a própria escolha do artista parece um erro: uma banda que usa tantos elementos eróticos no seu visual, tocando em um festival onde crianças de 5 anos podem entrar no local? Situação complicada, e foi tanto que basicamente as imagens do telão da banda foram censuradas – ao invés de aparecerem as imagens de acompanhamento do show, a palavra "Censored" piscou incessantemente por pouco mais de uma hora enquanto a banda esteve no palco.

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Fora isso, o som apresentado foi razoável. Com um som baixo – que permeou boa parte do Knotfest – e em diversos momentos o som do palco que desaparecia e aparecia – faltou muito para a banda conectar com qualquer pessoa que não seja fã do vocalista. Para o meio show, houve uma dose de pancada sonora, que levantou parte do público, e algumas músicas como "Golden Shower" e "Fish On" foram destaques positivos, que fizeram o público puxar o refrão e cantar junto com o vocalista.

BAD OMENS

A surpresa totalmente grata da noite ficou por conta do Bad Omens. A banda montou uma estrutura de palco extravagante para o seu show no Knotfest, valorizando o show de luzes. Quando o show começou, tivemos uma pancada sonora de qualidade e uma banda com muita vontade na apresentação. "CONCRETE JUNGLE" contou com a força instrumental que conectou a banda com o público de primeira, além do vocal impecável que fez todos os fãs cantarem junto.

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Foto: Divulgação - Trovoa
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A performance do Bad Omens realmente roubou a cena, e não foi pouco: com um setlist recheado dos principais sucessos da banda, o Knotfest se rendeu rapidamente. "V.A.N", com participação da cantora Poppy, foi um sucesso, e o público cantou e gritou muito. Noah Sebastian é realmente uma máquina: o vocalista passa do vocal leve para os sons mais pesados e gritados em um instante, mostrando uma qualidade técnica natural que é rara hoje em dia. O público o acompanhou o show inteiro, cantando junto tanto as partes emocionantes e leves das músicas, como também as pancadas sonoras.

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Para ainda fechar o show, os caras ainda mandaram uma performance mágica semi acústica na música "Just Pretend". O público iluminou o Allianz Parque, enchendo a pista e arquibancadas com as lanternas dos celulares e uma cantoria mágica. No final, ainda tinha tempo para a última pancada sonora com "Dethroned", visceral, com forte uso dos guturais, como o heavy metal deve ser.

SLIPKNOT

A noite chegava no seu ápice para a segunda performance do Slipknot, desta vez com a promessa de um setlist especial, baseado no aniversário de 25 anos do álbum "Slipknot", o primeiro da banda. O show começou desta vez no horário, e com tudo: a mesma sequência inicial com "(sic)", "Eyeless" e "Wait and Bleed" foi sensacional: a qualidade de som altíssima e novamente um primor de apresentação. O público de primeira já abriu a roda, pulou e gritou muito pela banda, novamente exaltando o baterista brasileiro Eloy Casagrande.

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A promessa de um show sem nenhuma música posterior ao ano de 1999 foi seguida a risca, com a banda sacando "Get This" e a performance impressionante de "Eeyore", que eletrizou os fãs. Mas foi com "Me Inside" e "Liberate" que o público realmente cantou junto demais, pulou e transformou o Alianz Parque num pandemônio, onde não sobrou uma alma que não tivesse sido esmagada pela pressão do público na frente do palco.

O calor do público foi o grande destaque da performance da banda: os fãs não deixaram de levantar o show por um instante sequer. Cantando, gritando ou simplesmente batendo cabeça, os fãs alçaram o Slipknot em uma performance sensacional que trouxe o álbum título à vida. Tudo levou ao final, com um solo de bateria majestoso de Eloy fechando a música "Only One".

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"Não tenho o que dizer, não há palavras em como aprecio vocês, meu público brasileiro", disse Corey Taylor, extremamente lisonjeado pela performance extrema dos fãs, prometendo inclusive que falará, em algum momento futuro, a mesma coisa em português. "O Brasil é um presente para nós", disse ele, antes de sacar a poderosa "Spit It Out", figurinha carimbada e um dos momentos mais fortes do show – mesmo que não mais a banda peça para o público se abaixar logo antes dela ser tocada.

Do resultado do festival, apesar de todos os problemas de organização e de diversas situações estranhas, fica o destaque que realmente a música une as pessoas. É sempre mágico ver pessoas de gostos tão distintos e bandas tão diferentes unidas por um único momento, para agraciar uma banda tão histórica quanto o Slipknot. O festival deixou lembranças e ficará mais uma vez na mente de todos os fãs.

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Setlist
Intro: 742617000027
(sic)
Eyeless
Wait and Bleed
Get This
Eeyore
Intro: Tattered & Torn (Sid Wilson remix)
Me Inside
Liberate
Intro: Frail Limb Nursery
Purity
Prosthetics
No Life
Only One
Bis:
Intro: Mudslide
Spit It Out
Surfacing
Scissors

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Sobre Diego Camara

Nascido em São Paulo em 1987, Diego Camara é jornalista, radialista e blogueiro. Seu amor pelo metal e rock começou há 6 anos. Um amante da nova geração, é um grande fã de Arjen Lucassen, Andre Matos e bandas como Nightwish, Hammerfall, Sonata Arctica, Edguy e Kamelot. Também não deixa de ter amor pelos clássicos, como Helloween, Gamma Ray e Iron Maiden e do Rock de bandas como Oasis, Queen e Kings of Leon. Atualmente seus textos podem ser lidos no blog OCrepusculo.com sobre assuntos diversos, além de planos para criação de um projeto totalmente voltado aos blogs de Rock e Metal.
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