Resenha: Pantera e Judas Priest fazem espetáculo avassalador em São Paulo
Resenha - Judas Priest e Pantera (Vibra, São Paulo, 15/12/2022)
Por Renato Alves
Postado em 17 de dezembro de 2022
Fotos: Fernando Yokota
Olá amigos, aqui é o Renato Alves do METAL STATION. Nesta quinta-feira dia 15/12, duas das atrações mais aguardadas do Knotfest, que acontece dia 18, tocaram no Vibra São Paulo, local que eu acho que vou continuar chamando pra sempre de Credicard Hall.
É como quando aquele mercado do seu bairro que muda de nome e o antigo está tão entranhado na sua cabeça que você não se acostuma com o novo nome.
Mas voltando ao assunto, o Pantera e o Judas Priest tocaram no evento em São Paulo. E não, não voltamos aos anos 90.
O Pantera tá aí, e por mais que você queira resistir, tá lá o nome enorme pra todo mundo ver, na bandeirona em frente ao palco, no material de divulgação, a logo no fundo do palco, as músicas clássicas que nos fizeram agitar nos áureos tempos da banda e logicamente, no contrato também.
Enfim, chame como quiser, essa discussão vai longe e não chega a lugar nenhum.
Infelizmente o baixista Rex Brown se afastou temporariamente da turnê alegando ter contraído Covid-19 e não participa dos shows do Brasil. Ele voltou para os Estados Unidos após seu último show até então, que havia sido no dia 09, na Colômbia.
Ele está sendo substituído por Derek Engemann, competente baixista do Cattle Decapitation, e também toca com Phil Anselmo em outras bandas e projetos.
Um episódio inesperado, mas que não diminuiu o brilho da apresentação, e o que eu vi foram milhares de pessoas curtindo um show impecável naquilo que se propõe que é trazer de volta tantas músicas legais ao vivo, pra divertir e resgatar um pouco a nostalgia.
Sabe por que esse Pantera 22/23 é legal e tem tudo pra ser sucesso por onde passar?
Porque os dois membros originais (Phil Anselmo e Rex Brown) não estão acompanhados de dois "Zé Manés". Simples assim.
Nós já conhecemos muito bem Zakk Wylde e Charlie Benante de outros carnavais, pra saber da qualidade e competência deles e também saber que ambos não entrariam em uma canoa furada. Nós também sabemos e fica explicito o carinho que ambos tem pelos saudosos irmãos Abbott, Vinnie Paul e Dimebag Darrel e o legado que deixaram na música.
Zakk Wylde foi sem dúvida o músico que teria maior atenção dos fãs. O que será que esse cara vai fazer com as músicas do Pantera?
Ele não decepcionou.
Mas em uma coisa concordo com meu amigo Rodrigo Flausino, guitarrista da RF Force. Ele apontou ainda no início do show -"falta guitarra", falando logicamente do volume em relação aos outros instrumentos. Problema que a meu ver foi mais evidente nas três primeiras músicas e foi solucionado no decorrer do show.
Agora o momento tenso. Comentar sobre o vocalista Phil Anselmo.
É notório que seu passado de atitudes estupidamente idiotas o tornaram uma figura controversa, pra dizer o mínimo e não usar outros adjetivos de baixo calão. Atitudes, aliás, que discordo completamente pra deixar bem claro.
Sobre sua performance no show, eu achei excelente. Impressionante como sua voz ainda está preservada levando-se em consideração sua forma de cantar. Pode ter sido o 'fator pandemia', que obrigou os vocalistas a dar uma pausa nos shows e regenerar suas vozes, se é que isso é possivel. Chamem um otorrinolaringologista.
O set List foi um desfile de porradas. E uma coisa que me chamou muita atenção nos dois shows da noite foi a produção de palco e visual.
Cenários e iluminação foram um espetáculo à parte. E sim, eu presto atenção nessas coisas e estava bonito demais.
Destaque para as homenagens aos já citados irmãos Abbott.
Homenagem em vídeo, no patch do colete do Zakk Wylde e também nas peles dos bumbos da bateria.
Um show digno, divertido, uma porrada atrás da outra em um set list seguro que deve ter agradado a maioria.
O set do Pantera foi o seguinte:
A New Level
Mouth for War
Strength Beyond Strength
Becoming
I’m Broken
5 Minutes Alone
This Love
Yesterday Don’t Mean Shit
Fucking Hostile
Cemetery Gates em playback com vídeo em tributo a Dimebag e Vinnie
Planet Caravan (cover do Black Sabbath)
Walk
Domination / Hollow
Cowboys From Hell
Após o atropelamento do Pantera eu falei com meu amigo Otávio Juliano da Kiss FM.
- É sério que ainda tem o Judas Priest?
Amigos e amigas. O Judão é outro patamar.
Eu já havia visto os caras em outras oportunidades. E em 2015 no Monsters of Rock foi a última vez.
Mas naquele dia o festival me cansou tanto que eu resolvi ficar mais longe do palco, guardando um pouco do que restava de energia pra conseguir ver o KISS no encerramento da noite e sair com um pouco de dignidade do Anhembi.
Resumindo. Não foi uma "assistida de respeito".
Me arrependi, e por anos esperei essa oportunidade de vê-los novamente e dessa vez conscientemente assistir com gosto o espetáculo.
Foi um deleite.
O que falar da perfeição com que a banda toca todos os clássicos do set, uma após outra, sem enrolação, só Heavy Metal em seu estado puro.
Aviso a quem ainda não percebeu, essa é uma resenha totalmente passional.
Ian Hill, Scott Travis, Ritchie Falkuner e Andy Sneap são excepcionais, mas "o cara" que mais brilhou nessa noite toda foi o "METAL GOD", Rob Halford, que aos 71 anos cantou absurdamente. Eu saí do recinto pensando: "não é possível isso".
A sequência mais impressionante, o ápice do Sr. Halford na apresentação, foi quase no fim do show, nas duas músicas antes do bis, simplesmente Screaming for Vengeance e Painkiller. Você conhece e sabe do que eu tô falando.
Assim como o show do Pantera, o visual do Judas foi um primor. E a banda tem um baita carisma, o que torna a experiência muito mais legal.
Algumas falhas no microfone durante o show, coisa pouca, não comprometeram a apresentação.
Muito feliz em ter visto ao vivo músicas que gosto tanto, como Riding On The Wind, Jawbreaker, Between The Hammer And The Anvil, Screaming For Vengeance e uma das minhas preferidas do Heavy Metal, Devil’s Child.
O tempo vai passando e a cada vez fica mais a certeza que se você curte e tem condições de pagar o preço, que infelizmente nem sempre é acessível a todos, e pode ir ao show dessas lendas quando elas passam pelo Brasil, não pode perder!
Um exemplo: A turnê do Judas Priest comemora os 50 anos da banda, e mesmo com todo esse vigor apresentado, não podemos prever até quando essa e outras bandas formadas por sessentões e setentões continuarão a fazer turnês extensas ao redor do mundo.
[an error occurred while processing this directive]Por enquanto ainda temos oportunidades como essa.
Espero que ainda tenhamos muitas mais, e que você que está lendo este texto também tenha momentos mágicos como os que eu tive nesta quinta-feira de dezembro de 2022.
O ótimo set list do Judas Priest neste show foi o seguinte:
The Hellion
Electric Eye
Riding on the Wind
You’ve Got Another Thing Comin’
Jawbreaker
Firepower
Devil’s Child
Turbo Lover
Steeler
Between the Hammer and the Anvil
Metal Gods
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)
Screaming for Vengeance
Painkiller
Hell Bent for Leather
Breaking the Law
Living After Midnight
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