Guns N' Roses no Rock In Rio: é melhor valorizar os que ainda estão de pé
Resenha - Guns N' Roses (Rock In Rio, 08/09/2022)
Por Rudson Xaulin
Postado em 09 de setembro de 2022
E os veteranos e já velhinhos, tiozões do GUNS N’ ROSES fecharam a noite do dia 08 de setembro do ROCK IN RIO 2022. Lá estavam eles, praticamente, apenas quatro minutos "atrasados", o que já marca como uma noite pra lá de diferente, vindo de GNR. O gigantesco, e muito bonito, Palco Mundo do Rock In Rio, mostrou no telão efeitos em vídeo, basicamente, do robô de APPETITE FOR DESTRUCTION, fugindo do monstro da capa "censurada". Logo, a banda vem à tona, com IT’S SO EASY, onde DUFF, se sobressai e aparece ganhando o público para si. Logo depois, lá vem AXL, aquela voz grave, a cara da música e os gritos, também estão lá. Na sequência no set, seguindo quase que um protocolo, MR. BROWNSTONE, dando mais espaço a FERRER, o tal baterista que você tanto reclama, mas que está na banda mais anos do que você já reclamou. E não adianta você espernear, AXL o ama e é leal a quem ficou do seu lado, como ficou, sendo assim, esquece os outros bateras, simples assim.
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O som estava bem coeso, mesmo com os "roquistas de plantão" sempre reclamando, mas a banda ia subindo de nível, música após música, e como reza a lenda, com tantos shows no Brasil, Porto Alegre, deve receber "o melhor do melhor da banda" nessa passagem por nossas terras abarrotadas por grandes canções contemporâneas, em seus carros rebaixados e seus cabelos platinados, então, é melhor valorizar os que ainda estão de pé. Fazer o que, mas, que saudade de quando o "rádio só tocava porcaria", ali pelo início dos anos 2000, hoje em dia... Seguindo o set list, foi a vez de CHINESE DEMOCRACY, ainda soa estranho ver, não ouvir, ela com DUFF e SLASH, mas você torcendo o nariz ou não, é uma boa música (como tantas outras, daquele "tal álbum", que sim, volte lá, ele é um bom disco).
Falando nele, SLASH, é um show à parte, quase que como um cômico herói de HQ, que tem nele, um próprio personagem de si, e ele sabe disso, e lhe dá isso, pois ao colocar os olhos nele, todos seus adereços, trejeitos, feeling, estão sempre lá. E mesmo o "homem que nunca envelhece", está velhinho, nitidamente um senhorzinho, que arrebenta em cima do palco e entre as cordas, como o bom lendário cartoludo que é, ponto. E de sua ex-banda, o VELVELT REVOLVER, veio SLITHER, ótima música, mas que ainda soa melhor com sua ex-banda. É até estranho ver e ouvir AXL nesses versos, apenas imaginamos se ela tivesse saído em estúdio como GNR, como soaria? E se FALL TO PIECES fosse do GNR? (eu sei, quase foi, antigona e blá blá blá, mas que tudo do VR arremete ao "e se, o ruivo estivesse naquele estúdio?", cravo, que FALL TO PIECES estaria no mesmo hall das baladas do GNR, com toda certeza...
Seguindo o show, lá veio ela, a que deveria ter aberto o show, ainda mais lá em Manaus, óbvio, e assim, tivemos WELCOME TO THE JUNGLE, com AXL nitidamente se esforçando muito, dando o melhor que pode, nem vou entrar nesse quesito de idade e voz, ter ele ainda no palco, rodando o mundo, ainda sendo ele, vale. E friso de novo: Aproveite! Esses medalhões estão a sumir, logo é OZZY que nos deixará, e tudo o que estamos fazendo é bater em senhores mais velhos que nossos pais, com a energia de um vulcão, e tu aí, que mal consegue subir umas escadas ou cortar a grama do pátio. Quer mesmo criticar senhores de idade, em sua fúria colegial atrás de um teclado? Cara, você já está até calvo, "calma aí, tu também já é tio". Os últimos grandes, que como tudo na vida, partirão e não há nada vindo deste porte no lugar. Eu sei, você vai dizer que existem sim bandas, vai escrever as mesmas besteiras, citar as mesmas bandas, mas, tais bandas, não estarão enchendo estádios daqui vinte ou trinta anos, acorde. E a culpa, é tua! Não existe nada tão desunido quanto o meio do rock n’ roll como um todo, mas falamos disso em outro texto, quem sabe...
E o bom e velho AXL, como eu disse, estava lá, um drive aqui, um agudo lá, mesmo se contendo, porque é claro que ele pode fazer, mas hoje, isso o prejudica muito, então, ele dosa muito, mas ao derrubar uma grade que deixava o palco "nanico", e sei lá porque diabos, logo sendo GNR, AXL sempre, sempre, vai ir de canto a canto, vai correr, e era o que ele queria, chutou a grade e a empurrou, quase caiu, ainda bem que não caiu... Falou muito com sua equipe, alguém ouviu muita cosia, derrubou a cerca, foi conferir do outro lado e foi mais perto do público em todos os cantos do palco. Depois foi a vez BETTER aparecer, pena que MADAGASCAR não apareceu, mas BETTER é outra boa música do tal álbum que você, mala, tanto fala mal. Você e aqueles "críticos especialistas", sim, o que chama todo fã de imbecil, idiota e retardado, mas o mesmo é rodeado de discos e CDs... Vai entender!? DOUBLE TALKIN’ JIVE veio a galope, como sempre deveria vir, faltou uns agudos? Sim! Faltou uns alcances? Sim! Mas o cara tem sessenta anos. E tu aí, que mal aguenta oito minutinhos com a cremosa, e quer pagar de revolts e trevoso? Sério? Seguimos então com LIVE AND LET DIE, que sempre soa melhor ao vivo! E talvez para a surpresa de alguns ESTRANGED, aquela música "grandona", que está no coração de todo grande fã da banda, uma obra linda, que sempre embalada os chorões ao vivo. Lindo momento, com o telão ajudando muito!
Em ROCKET QUEEN, mais uma vez, AXL tenta dar o melhor que tem, o fogo ainda está lá, mas ele nitidamente pisa nos freios, vai com mais calma, usa do falsete, e cara, tudo bem. "É tão ruim, tão decadente", que a banda vai arrastando multidões pelo mundo, lotando estádios e arenas, quem sabe um dia, você seja tão decadente assim, meu amigo. Em YOU COULD BE MINE, uma das mais difíceis de se "chegar lá", onde AXL sempre fala sobre isso nas entrevistas, sobre a "altura" da música, como Zezé Di Camargo em CARA OU COROA (ok, aqui eu fui fundo...), mas tirar YOU COULD BE MINE do set seria o correto? Não, nunca, AXL pensa sobre quem está lá embaixo, que quer ouvir ela, que só foi ao show por tal música, então, ela vem como dá, aos trancos e barrancos, mas vêm. O telão, não mais mostra carros de Fórmula 1, quando ela é executada (sorry, Kimi Raikkonen), mas uma espécie de Primeval de Twisted Metal III.
DUFF brilha em ATTITUDE como nos anos 90, pena, que não vimos SO FINE, mas é o que temos. Depois, uma das "novas" faixas, ABSURD, que foi mal recebida por todo mundo, mídia e fãs, AXL até se "desculpou" sobre ela, e mesmo assim, está no set, assim como HARD SKOOL, que dá nome ao "novo" EP da banda, nome tão novo assim, mas deixamos de lado. CIVIL WAR trouxe sim mensagem sobre a guerra, a banda apoia a Ucrânia, desde o início do show, a bandeira de tal nação está lá e AXL vive atacando o Putin (nhô) e seu "governo". Nesta canção, AXL busca muito fôlego e é mais uma, que exige bastante do vocalista. Mas ao vivo, ela sempre é uma bomba, mesmo ela, falando sobre guerras. Logo depois, AXL brinca com os músicos da banda, deixando SLASH por último, para ser apresentado, como se precisasse e o "homi da cartola" faz seu solo característico e logo depois, é a vez de SWEET CHILD O’ MINE, e aqui, digo que esperava mais do público, como em tempos de outrora na mesma canção no festival. Mas o público explodiu até mais, em outras músicas. Deve ser porque nessa altura, a banda já não é a banda de SCOM, e sim, a banda de outros grandes hits, que o público espera até mais. Valeu o esforço de AXL de novo, jogando um drive aqui e ali, fez suas dancinhas, os trejeitos ao parar com o microfone, as mesmas caretas e poses de sempre. Protocolo, que vai bem, obrigado.
Em NOVEMBER RAIN, infelizmente sem nenhum efeito de apoio, como de fogos, cascata ou luzes especiais, AXL que troca bastante de figurino, senta-se lá, e nela, sim, sua voz ficou bem abaixo do que a belíssima música exige, uma pena. E sobre o cover de WICHITA LINEMAN, só digo por ver todos os vilões lá, assim, prontinhos, que ela deveria dar lugar a USED TO LOVE HER ou YOU’RE CRAZY, só acho... Mais perto do final do show, veio KNOCKIN’ ON HEAVEN’S DOOR, até gosto dela ao vivo na versão de hoje, mas Wembley, Live Era, que saudade! Depois, tivemos NIGHTRAIN, AXL, cansado, já não se mexe tanto, e a música já não parece mais casar e soar nos versos, com a imagem desses nobres senhores que escondem os cabelos brancos :) E para o tradicional bis: PATIENCE ("peixãns"), muito bonita nos violões e seguida por DON’T CRY, que um dia, podia vir na alt/lyrics para termos uma boa surpresa, quem sabe, quem sabe... E para finalizar, claro e obviamente, PARADISE CITY, que ao vivo, sempre é um destaque. AXL joga o apito, AXL joga o microfone (que logo aparecerá no ML). E assim, a banda sai de cena.
O GUNS N’ ROSES segue fazendo barulho pelo mundo, ainda tem muitos shows pela frente e nos vemos em Porto Alegre, senhores. A grande questão, não é se você vai ir no show ou não, a questão é até quando eles vão estar por aí? Tenho algumas coisas em casa autografadas por AXL, por SLASH, tenho alguns presentes da banda (valeu, RBT!), sei que meus livros chegaram nas mãos de AXL, estão na casa dele, minha mãe já falou com sua "mãe", Beta, então, pra mim, é o que vale. Apenas isso, aproveitar o que ainda temos, como temos e ir ver a banda, sempre que possível, como tantas outras, que estão no apagar das luzes. Você aceitando ou não, caminhamos para o fim dos gigantes, pois o tempo, ele nunca anda parta trás... Obrigado, GUNS N’ ROSES, por tudo, até aqui.
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