Smashing Pumpkins: Celebração nostálgica da adolescência
Resenha - Smashing Pumpkins (NET Live, Brasília, 27/03/2015)
Por Maurício Gomes Angelo
Postado em 29 de março de 2015
O Smashing Pumpkins acabou em 2000. Como toda grande banda liderada por um gênio tirânico, resiste ainda hoje graças aos arroubos artísticos de Billy Corgan, vocalista, guitarrista, líder e principal compositor. Resiste porque é isso que Billy sabe fazer, afinal. Resiste porque tem uma história forte demais e porque Corgan precisa, de alguma forma, colocar toda sua angústia, seu ego e seus problemas pra fora.
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O Smashing Pumpkins persistiu como um corpo estranho aos anos 90, transformando-se (não sem um tanto de surpresa) numa das melhores e mais bem sucedidas bandas da época. Num tempo em que o metal/hard rock declinaram, que o grunge teve sua súbita explosão e decadência, que o rock alternativo permaneceu com seus holofotes comedidos, que o pop viu suas referências minguarem e o post-punk/new wave/gothic já parecia caduco demais para o mainstream, Billy Corgan, James Iha, Jimmy Chamberlain e D’arcy Wretzky conseguiram transformar a mistura de tudo isso numa máquina capaz de vender mais de 20 milhões de discos enquanto enfileiravam clássicos instantâneos na sequencia.
No tempo em que essas 4 personalidades fortes conseguiram funcionar, lidando com a pressão e o deslumbre do sucesso inesperado, funcionaram bem. Chegando naquele inevitável momento em que tudo transborda e não há mais como recuperar (e isto quase sempre acontece com este tipo de banda, em contextos semelhantes) restou apenas Billy e a megalomania. Pobre garoto rico sozinho no palco com sua guitarra e sua dor.
Assim, não é surpresa alguma que "Zeitgeist" (07), "Oceania" (12) e o recente "Monuments To An Elegy" (14), ambos já dentro do projeto "Teargarden by Kaleidyscope", sejam arremedos do que o Smashing Pumpkins já fez de melhor. Billy é o tipo de artista que, sozinho, sem gente talentosa do lado para cortar seus excessos, seus vícios e contribuir de fato para as canções, jamais alcança o seu melhor. Não é exclusividade dele, diga-se. Algo bem comum, na verdade: Roger Waters serve como a melhor referência, creio.
O próprio "Teargarden…" é o tipo de coisa que Corgan sempre gostou, algo derivado dos seus devaneios de grandeza. Não esqueça: estamos falando de um cara que, recentemente, entregou uma jam eletrônica de 8 horas – 8 horas! – baseada no clássico "Sidarta", do escritor alemão Herman Hesse. Só um exemplo das muitas maluquices típicas de Billy (aqui há um compilado para você entender do que estou falando). Mas sejamos justos: "Monuments To An Elegy" é a coisa mais sólida que ele produz desde que decidiu retomar o grupo.
Por isso, no palco, quando a banda manda "Being Beige", "Drum + Fife", "One And All" e "Monuments", funciona. Billy é rancoroso, está na fase de se irritar por saber que o público só quer ouvir as coisas antigas, que os fãs não ligam para o que ele está fazendo agora. Algo frequente no caso de bandas que tiveram seu auge há muito tempo atrás e hoje sobrevive das migalhas do passado. O que Corgan não percebeu é que não há do que se envergonhar. Pelo contrário. O ser humano adora nostalgia. Quando se trata de memória afetiva, então, temos uma combinação perfeita para uma miopia bem particular. Seja na música, seja no resto.
A trinca de abertura com "Cherub Rock", "Tonight, Tonight" e "Ava Adore" serve justamente para saciar esse desejo. Depois ele se permite fazer o que bem entende com o set-list, mesclando material novo com aquilo que todos querem ouvir: "1979″, "Disarm", "Bullet With Butterfly Wings" e o bis, tímido e acústico, apenas com a bela "Today".
Claro, a banda que o acompanha é apenas correta. O guitarrista Jeff Schroeder, o baixista Mark Stoermer (do The Killers) e Brad Wilk (Rage Against The Machine) dão pro gasto, não comprometem (muito) e não brilham. Algo deliberado de alguém que quer ter o controle das coisas sozinho e bem incomodado por não receber a atenção e o crédito que recebia antes: esta entrevista que Corgan deu pro The Guardian é absolutamente didática nisso.
Assim, esta encarnação do Smashing Pumpkins (Billy + contratados) entrega um show surpreendentemente bom, para um público aceitável no Net Live Brasília, que melhorou razoavelmente do horror que era no passado. Não deixa de ser um salão de clube adaptado, mas evoluiu. Brasília carece de lugares médios com estrutura adequada para shows.
Em suma, uma apresentação do Smashing Pumpkins em 2015 não foge do clichê de ser uma celebração nostálgica da adolescência, uma festa irregular com ótimos momentos e outros nem tanto, um acerto de contas com o que foi, o que é e o que poderá ser. São as falhas, as obsessões e perturbações de Corgan, afinal, que tornaram o Smashing Pumpkins aquilo que é. Meio único, meio decadente, como todos nós.
Set list:
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